capítulo 6 // Eu não mordo

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No dia seguinte, você estava em frente ao portão da casa de Sunghoon, observando as gotas de chuva fina que ainda caíam esporadicamente do céu nublado. O ar estava fresco, com aquele cheiro característico de terra molhada, e você puxou a jaqueta mais para cima, tentando afastar o frio que ainda persistia. Seus pensamentos estavam dispersos, em parte pelo desconforto da situação, mas também pelo que Soojin havia revelado no grupo na noite anterior.

Você tocou a campainha, sentindo uma leve ansiedade tomar conta de você. O portão rangeu ao ser aberto, e sua respiração quase parou quando viu Sunghoon do outro lado, sem camisa. O cabelo bagunçado indicava que ele provavelmente acabara de sair do banho, e gotas de água ainda escorriam por sua pele pálida e pelos músculos bem definidos de seu peito. Seus olhos estavam fixos em você, mas ele não disse uma única palavra. Apenas se virou, deixando o portão aberto para que você entrasse.

Você engoliu em seco, tentando ignorar o calor repentino que subiu ao seu rosto. Entrando atrás dele, sentiu o ar frio da manhã contrastar com a tensão que pairava entre vocês. Sunghoon caminhou à sua frente, os ombros largos e as costas fortes visíveis enquanto ele seguia em direção à casa. Tudo parecia incrivelmente silencioso, como se o ambiente ao redor estivesse refletindo o clima estranho entre vocês dois.

Ao entrar na casa, Sunghoon finalmente parou. O silêncio continuava, pesado, como se cada palavra não dita estivesse preenchendo o espaço entre vocês.

Sunghoon permaneceu parado perto do sofá, ainda sem vestir a camisa que segurava casualmente em uma das mãos. O desconforto começou a se instalar em você à medida que o silêncio persistia, e a visão dele sem camisa fazia seu coração bater um pouco mais rápido do que você gostaria de admitir.

Tentando afastar a sensação incômoda, você finalmente falou, tentando soar firme:

- Pode colocar a camisa?

Ele olhou para você com um leve levantar de sobrancelha, uma expressão de desdém se formando em seus lábios.

- É a minha casa, tenho o direito de ficar sem - respondeu, a voz fria.

Você bufou, cruzando os braços e tentando manter a calma, mas o desconforto só aumentava.

- Tão mal educado. É só colocar a camisa, não sou obrigada a ficar te vendo assim.

O canto da boca de Sunghoon se curvou em um sorriso desafiador enquanto ele estava jogado no sofá, com as pernas abertas e as mãos atrás da cabeça, os olhos fixos nos seus.

- Se quer que eu me vista, venha colocar em mim.

O desafio nas palavras dele foi como um choque elétrico. A tensão entre vocês, que já estava densa, se intensificou ainda mais. Você se recusou a demonstrar qualquer fraqueza, estava começando a ficar com raiva de novo. Sunghoon ficou parado, esperando para ver qual seria sua reação, como se estivesse testando seus limites. Então o que sua mãe falou vem na sua mente.

Por um momento, você ficou sem palavras, a ousadia dele era surpreendente, até para alguém como Sunghoon. Ele estava claramente tentando provocar uma resposta, talvez esperando que você recuasse, mas algo dentro de você se recusou a ceder.

- Não vou te dar esse gostinho - você respondeu, tentando manter a voz firme, mas não conseguiu evitar que um leve tremor denunciasse o quanto estava nervosa.

Ele deu de ombros, ainda com o mesmo sorriso no rosto, mas não fez nenhum movimento para vestir a camisa. Com um suspiro frustrado, você desviou o olhar, tentando se concentrar no trabalho, mas a presença dele, estava te irritando, era quase impossível de ignorar.

Vocês se trataram de forma seca, como se ambos estivessem cientes de que qualquer tentativa de diálogo poderia desencadear outra onda de tensão ou discussão. Ele se sentou em um sofá mais perto da mesa, os braços cruzados, enquanto você permanecia em pé, incerta sobre como proceder.

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