Capítulo 6

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— Você está simplesmente esplêndida! — Clara disse animada ao me ver com suas roupas.

Encarei meu reflexo no espelho, a saia de couro juntamente com o pedaço de roupa cobrindo somente meus seio caíram perfeitamente em meu corpo.
Abri um sorriso animada ao ver como as peças da garota ficaram tão boas em mim, já faz um tempo que não me sinto tão confiante assim.
Voltei a minha atenção para o meu look, a saia de couro encaixou perfeitamente com as botas cano longo que Clara me emprestou, a bota termina um pouco acima do meu joelho e a pequena blusinha que cobre os meus seios também é preta, o que destacou a maquiagem em meu rosto.
Meus olhos estão com um delineado perfeitamente assimétrico de tom azul, minha boca está rosada no tom certo assim como minhas bochechas e em meu cabelo há duas pequenas tranças caindo nas laterais.

— Você gostou? — Clara parecia animada olhando o seu trabalho bem feito.

A garota também está simplesmente esplêndida! Ela optou por usar um vestido azul curto e botas de cano curto, sua maquiagem está leve e seu cabelo preso.
Eu diria que Clara é uma das mulheres mais bonitas que já vi por toda a minha vida. Ela é delicada, gentil e simpática.
Sem dúvidas eu gosto de ser amiga dela, algo no bom humor dela me deixa alegre.

— E pra onde as mocinhas vão? — Papai perguntou encostado na porta com um tom de curiosidade.

— Vamos para uma festa, senhor Abel. Alguns amigos nossos também vão. — Clara disse de forma envergonhada, o encarando com um sorriso singelo.

— Espero que vocês se cuidem, e usem preservativo. — Papai se aproximou de nós duas nos entregando algumas camisinhas.

— Papai! — Exclamei envergonhada.

Não é assim que entregarei meu corpo para alguém, não em uma festa onde a maioria das pessoas estarão bêbadas ou drogadas.

— Obrigada! Com certeza vou usar! — Toda a vergonha que Clara estava sentindo antes foi embora e um sorriso largo surgiu no rosto da garota.

Neguei tentando conter toda a indignação presente em meu corpo, não! Não! Não! Não sou liberal, não gosto disso.

— Dylan chegou! — Clara disse animada pegando seu celular e se despedindo brevemente do meu pai.

— Então... Eu vou lá. — Falei de forma desconfortável para papai que apenas sorriu com orgulho e me disse um breve "juízo".

Parece que ele realmente não me conhece! Desci até o carro de Dylan e me sentei no banco de trás arrumando a saia, ela é um pouco curta demais, eu diria.

...

Vira! vira! vira! — Fiz careta ao virar todo o líquido ardente do copo em minhas mãos.

Estamos jogando verdade ou desafio, eu sei. Parece idiota mas da forma que estamos brincando é legal, temos que contar uma verdade que o outro perguntar e caso a gente negue, cumprimos um desafio.
Sabrina, a loira de meio metro de altura me perguntou se sou virgem, optei pelo desafio e me desafiaram a beber cinco shorts de tequila de uma vez.
Travis foi totalmente contra e por isso mesmo aceitei, e virei os cinco de uma vez.

— Você vai ficar muito louca. — Clara deu leves tapinhas em minha cabeça rindo em um tom brincalhão.

— Usar uma touca? — Fiz careta por conta do barulho.

— Desafio. — Voltei minha atenção para Travis, sequer notei qual foi a pergunta.

— Bora. Sete minutos no céu com a Eliza. — Nate disse empurrando Travis em minha direção.

— Eu não quero e não vou. — O loiro negou com seu semblante irritado.

— Tá com medo de mim? — Me levantei um pouco tonta por conta do álcool agindo em meu corpo.

— O que disse? — O mesmo me encarou incrédulo.

Idiota?! Tá surdo?

— Se você está com medo de mim? — Perguntei com um certo tom de ironia.

O mesmo riu ainda incrédulo e se levantou como um furacão, em meio a todos segurou em minha mão e me levou para uma espécie de dispensa que há na cozinha.
Travis praticamente me empurrou para dentro e fechou a porta atrás dele, o encarei arqueando minhas sobrancelhas. Ele é um idiota, jamais faria nada contra mim.
Não sei qual a intenção dele para que eu tenha medo de algo, eu jamais temerei Travis.

— Já está bêbada? — O babaca perguntou parado em minha frente, me encarando com malícia em seus olhos.

— Você precisa que as garotas fiquem bêbadas, né? Eu entendo. — O encarei com um sorriso vitorioso em meus lábios.

— E eu preciso de garotas bêbadas para que? — O mesmo se aproximou de mim lentamente, senti meu cóccix bater contra o armário.

— Para ficar com elas, panaca. — Cruzei meus braços abaixo dos meus seios.

— E o que te leva a pensar que eu ficaria com você? — O mesmo cortou qualquer espaço que havia entre nós, se curvando suavemente em minha direção.

— Por qual motivo iria ter tanto medo de ficar trancado em um cômodo comigo? — Ergui minha cabeça o encarando com toda coragem presente em meu corpo.

Realmente, a bebida mexe com coisas inimagináveis. Eu jamais em sã consciência o desafiaria dessa forma, e nem é por medo dele e sim porque eu não quero que nada aconteça.

— Eu tenho medo do que você pode fazer comigo. — O mesmo riu voltando seus olhos para meus lábios.

— Eu nunca, em hipótese alguma, iria na minha vida querer algo com você. — Fui firme em minhas palavras, a respiração do rapaz bate freneticamente contra o meu rosto.

— A não ser que você sinta as minhas mãos passando por seu corpo... certo? — Travis ergueu sua mão e acariciou minha bochecha esquerda.

— Tire as mãos de mim. — Tentei me afastar mas é impossível, ele está parado em minha frente, me olhando como um caçador. Como se fosse um lobo faminto.

— Me diz que ainda não imaginou as minhas mãos tocando cada pedaço da sua pele macia, Eliza. — Ele se abaixou ainda mais e depositou um beijo em meu pescoço.

Arfei. Todos os pelos presentes no meu corpo estão arrepiados.
Travis levou suas mãos até a minha cintura e a apertou com força, fechei meus olhos por breves segundos. O que esse garoto tem na cabeça?

— Você realmente se acha irresistível não é? — O empurrei com força.

— Pra mim, isso tá mais pra inferno do que paraíso. Babaca. — Sai do quarto com meu coração acelerado.

Quem esse idiota acha que é? Ele não pode me tratar mal em um dia e no outro querer vir me beijar. Eu não quero alguém como ele, nunca.

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