Capitulo 8

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Que merda você quer?

A pergunta de Travis martelava incessantemente na minha mente. Eu não conseguia entendê-lo, muito menos começar a decifrar o que ele realmente queria de mim.

Primeiro, ele me ignora completamente na festa da piscina. Depois, agarra os lábios daquela versão viva de uma Polly Pocket como se estivesse em uma competição de quem beija mais rápido. E agora, está dirigindo a 150 km/h, transbordando raiva, só porque decidi beijar outro cara. Qual é o problema dele?

— Você tem algum parafuso solto? Que porra é essa que você tá fazendo? — disparei, minha irritação só aumentando diante da sua falta de noção.

Quem Travis pensa que é? Nem meu pai, com todas as suas regras rígidas, jamais me fez passar tamanha vergonha. Agora, aqui estou eu, presa no carro com um cara que não tem ideia de onde começa ou termina a linha entre preocupação e possessividade.

— Me diz por que você estava beijando ele daquele jeito, na frente de todo mundo? — Travis parou o carro de repente, no topo da colina que dava vista para a cidade.

Estávamos rodeados por árvores, e a única iluminação vinha das luzes brilhantes da cidade abaixo de nós e das estrelas no céu. Apesar do cenário deslumbrante, eu só conseguia me concentrar na raiva que borbulhava dentro de mim.

— Você estava praticamente transando com aquela boneca de luxo na frente de todo mundo e tá achando ruim porque eu beijei alguém que queria me beijar? — retruquei, ainda mais incrédula com sua hipocrisia.

Em primeiro lugar, Travis não é nada meu. Ele não é meu irmão, muito menos meu namorado, para achar que tem qualquer poder sobre o que faço ou deixo de fazer. Eu não sou nada dele, assim como ele não é nada meu.

Travis pareceu absorver minhas palavras, seu olhar perdido na cidade iluminada. Sua expressão estava carregada de algo que parecia... dor? Depois de longos minutos de silêncio, ele finalmente encontrou as palavras certas para responder. Virou-se para mim, agora mais calmo.

— Me desculpa. É só que... é difícil pra mim ver que alguém como você age como as outras. — Ele semiabaixou os olhos, como se temesse minha reação.

— Alguém como eu? — virei meu corpo na sua direção, intrigada.

— Você é inteligente, talentosa... parece ser boa demais para caras como o Nate. Quando vi você agindo daquela forma, surtei. Porque eu sempre imaginei que você fosse diferente. — Sua voz era calma, mas as palavras carregavam um peso que me fez estremecer.

— Eu não sou como as outras! — neguei, fechando os olhos por alguns segundos.

Parte de mim queria ignorar completamente o que ele dizia, mas suas palavras me atingiram. Ainda assim, não ia me render à sua visão machista e hipócrita de tentar me comparar à garota que ele praticamente devorou na festa.

— E como você é? — Ele perguntou em um tom baixo, sua atenção completamente focada em mim.

— Eu sou mais inteligente do que você acha — desafiei, estreitando os olhos.

— E o que isso significa? — Travis inclinou a cabeça, intrigado.

— Por que você não tenta descobrir? — arqueei uma sobrancelha, provocando.

— É fascinante. Eu sempre sei o que as garotas pensam quando estão ao meu lado, mas você... Você me faz querer saber o que está se passando em cada momento. Eu não consigo te decifrar. — Ele parecia genuinamente confuso, inclinando-se um pouco mais para mim.

— Talvez eu não queira ser decifrada. — Dei de ombros, estalando a língua contra o céu da boca.

— Você é um problema dos grandes, Eliza. — Travis sorriu, mas sua voz tinha um toque de admiração.

— E você parece adorar se envolver em problemas — provoquei, com meu rosto agora a centímetros do dele. Senti seu hálito de álcool contra minha pele, quente e embriagante.

— Passei a noite inteira imaginando o que tem debaixo dessa saia, sabia? — Sua voz ganhou um tom travesso enquanto ele deslizava o dedo pela minha perna até a barra da saia.

— Renda, preta — respondi, baixinho, segurando o olhar dele.

— Me deixa tocar... — Travis sussurrou, quase suplicando.

— Não. — Abri um sorriso malicioso, recuando.

Travis abriu um sorriso largo e encostou-se ao banco do carro, enquanto eu ajustava minha saia e suspirava. Que situação mais estranha.

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