Adalli: A Jóia do Fim

Capítulo 01

Alguns anos atrás...

— ESTÃO acatando!!!

   O grito da mulher ecoa pela vila. Homens e mulheres correm para se esconderem. Os invasores destroem tudo o que vêem com seus machados e bestas, sem nenhum pingo de piedade. Sua pele cinzenta amedronta quem os vê. O imenso Devastador, semelhante ao touro, mas maior e mais forte, usa seus chifres para atacar um dos aldeões. O homem grita por socorro, e logo é atendido.

  — ADALLI!! — uma criança grita e aponta o dedo para a figura preta.

   A garota voa sobre os telhados das casas usando seu traje preto e roxo, com um capuz sobre a cabeça e uma máscara cobrindo apenas seu rosto, deixando seus olhos brilhantes e marcantes à vista.

   Adalli ataca o Devastador com suas lâminas gêmeas. Os invasões a tem como alvo agora, mas sua luta é como uma dança, passos graciosos totalmente calculados, com o objetivo de acabar com toda a destruição que os inimigos causaram.

   Vendo que, mesmo sozinha, é alguém forte e habilidosa, ouviu-se um grito de retirada. E os invasores logo recuaram.

   Gritos de vitória ecoaram pela aldeia. Agradecimento pela Protetora cumprir novamente com sua tarefa.

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548 anos depois...

   — Archie, qual é! — ouço a voz feminina não muito longe.

   Continuo apoiado no galho da árvore e observo o sol desaparecer no horizonte. Não é seguro ficar do lado de fora depois que a luz vai embora. E é por esse motivo que minha prima, Jamie soa tão desesperada.

   Antes que o último raio de luz desapareça, desço da árvore bem no momento que Jamie passa por ela. A garota um pouco mais baixo que eu vira seus calcanhares e me lança um olhar mortal.

   — Desculpa? — peço mesmo sendo inútil.

   Minha querida prima cerra as pálpebras me lançando um olhar mortal e aponta para o nosso vilarejo, um jeito silencioso de dizer: "passa pra dentro ou enfio a enxada na sua parte de trás". É, ela é uma amor de pessoa.

   — Você sabe que é perigoso ficar do lado de fora depois do pôr do sol. — Jamie cruza os braços e me olha tentando de alguma forma mostrar que está com raiva, mas sei que está apenas preocupada.

   — Tudo bem, Jamie. Ainda temos uns minutos depois que anoitece. — explico para ela enquanto fazemos o caminho de volta. — Os montros levam um tempo para aparecerem.

   — Argh, odeio essas coisas. — ela resmunga e tudo o que eu faço é rir.

   Chegamos na entrada de nosso vilarejo e os portões se fecham logo depois que entramos. Está bem iluminado e todos estão se preparando para se recolher. Não é um lugar muito grande, e também não é tão rico também. É complicado viver aqui quando você precisa fazer de tudo para sobreviver.

   Chegamos na casa de meus tios, pais de Jamie, e onde eu moro. Dante e Zoe me criaram quando perdi meus pais. Mesmo que estejamos passando por um momento de crise, eles fazem de tudo para não faltar nada nem para mim e muito menos para Jamie.

   — Olha só, já estão de volta. — meu tio Dante nos olha por cima dos óculos velhos. Está lendo alguns papéis.

— Olá, pai. — cumprimenta Jamie com um beijo em sua bochecha.

— Chegaram bem na hora. — Minha tia Zoe sorri enquanto termina de preparar a comida na fornalha.

   Sentamos na mesa e eu já sinto o cheiro. Sopa de beterraba, de novo. Tia Zoe coloca o caldeirão na mesa e repreende meu tio por causa dos papéis.