Fairy Tail: Lobo em pele de Cordeiro

Capítulo 3: Correntes Invisíveis

A luz do sol penetrava pelas janelas do Colégio Fairy Tail, mas dentro da sala de aula, a atmosfera era tensa. Natsu, como de costume, estava sentado no fundo, observando em silêncio. Ele havia passado a noite inteira refletindo sobre sua conversa com Gajeel, o líder da gangue. O acordo que fizera era perigoso, mas necessário. Para alcançar seus objetivos, ele precisaria entrar em um mundo que, até então, ele apenas observava de longe.

 A aula de matemática era um borrão, mas Natsu não se importava. Sua mente estava ocupada com um quebra-cabeça mais complicado. Havia algo que o inquietava, uma peça faltando em seu plano. Ele sabia que precisava ser cauteloso, mas também tinha que se mover rápido. O tempo não estava ao seu lado. 

Enquanto isso, Lucy Heartfilia estava sentada na frente da sala, tomando notas diligentemente. No entanto, sua mente estava longe dos números e equações. A noite anterior havia sido perturbadora para ela também. Algo em seu pai havia mudado recentemente, e ela não conseguia afastar a sensação de que algo sombrio pairava sobre sua família. Sua vida, que sempre fora tão ordenada, agora parecia estar à beira do caos. 

O sinal do intervalo finalmente tocou, trazendo um alívio momentâneo. Os alunos saíram da sala como um rio em fluxo, mas Natsu ficou para trás, organizando seus pensamentos. Ele sabia que teria que agir em breve, mas ainda havia um detalhe importante que precisava resolver: Lucy.

 Ele a observou de longe, percebendo que ela estava distraída, talvez até perturbada. Isso o intrigou. Lucy sempre fora a garota inalcançável, vivendo em um mundo de riqueza e perfeição, mas agora havia algo mais, uma vulnerabilidade que ele não havia percebido antes. E essa vulnerabilidade podia ser a chave que ele precisava.

 Decidido a descobrir mais, Natsu começou a segui-la de forma discreta. Ele se movia pelas sombras dos corredores, evitando ser notado. Lucy se dirigiu para o jardim da escola, um lugar onde poucas pessoas iam, preferindo a companhia das flores ao barulho dos colegas. Ela se sentou em um banco, respirando fundo, como se precisasse desse momento de paz. Natsu hesitou por um momento antes de se aproximar. Ele sabia que estava prestes a cruzar uma linha, mas não podia mais recuar. Com passos silenciosos, ele se aproximou de Lucy, que estava tão imersa em seus pensamentos que não o notou de imediato. 

"Está tudo bem?" Natsu perguntou, quebrando o silêncio. Lucy levantou os olhos rapidamente, surpresa ao ver Natsu ali. 

"Você? O que faz aqui?" "Eu... só queria um lugar tranquilo para pensar," ele respondeu, mantendo a voz calma. "Parece que você também."

 Lucy o observou por um momento, antes de soltar um suspiro. "Sim... às vezes é difícil encontrar um lugar tranquilo, mesmo em um lugar como este." 

"Entendo." Natsu se sentou no banco ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa. "Parece que você tem muito em mente." 

Lucy hesitou, mas havia algo na maneira como Natsu falava, uma sinceridade que ela não esperava. "É complicado... Minha família, meu pai... Há coisas que eu sinto que não entendo completamente."

 "Às vezes, as pessoas escondem coisas para nos proteger," Natsu disse, olhando para frente. "Mas outras vezes, é para proteger a si mesmas." 

Lucy ficou em silêncio, processando as palavras dele. Havia algo de verdade ali, algo que ressoava com suas próprias preocupações. "Você parece saber muito sobre isso." 

Natsu deu de ombros. "A vida me ensinou a observar as pessoas. A entender o que elas não dizem." 

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável, mas carregado de uma nova compreensão. Para Natsu, este era o início de algo que ele não havia planejado, mas que agora fazia parte de seu objetivo. Para Lucy, era o começo de uma amizade inesperada, com alguém que parecia entender mais do que qualquer outra pessoa ao seu redor. 

No entanto, ambos sabiam que essa conexão recém-formada poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição. Natsu tinha seus segredos, e Lucy, as suas dúvidas. Mas naquele momento, sentados juntos no jardim, eles compartilharam algo que poucos conseguiam: um momento de verdade em meio a um mundo de mentiras. 

E ali, em Magnolia, onde as correntes invisíveis do destino começavam a se entrelaçar, o verdadeiro jogo estava apenas começando.