Dor?

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Algumas pessoas pensam que precisam ser corajosos, mas ter medo é normal. Eu mesmo já tive.
Tudo começou naquela noite fria e cinzenta, onde a neblina cobria o céu. Resolvi dar uma volta na rua para esfriar a cabeça, pois tinha brigado com meu namorado na festa de aniversário da minha amiga. Peguei meu celular e o fone e sai sem rumo. Eram umas 22:30 da noite mas as ruas já estavam praticamente vazias pelo frio .
Vi um cara parado na calçada mas estava tão nervosa que nem dei bola pra ele .
Virei a esquina e olhei para trás discretamente e ele estava me seguindo , meu coração disparou naquele momento . Eu estava sozinha na rua, tinha um cara me seguindo e eu não tinha para onde ir.
Tirei os fones e escutei seus passos pesados se aproximarem cada vez mais de mim. Meu coração batia cada vez mais rápido, o som dos passos estava cada vez mais perto , senti uma lágrima escorrer em meu rosto e de repente senti um toque em meu ombro...
Seu toque era gélido e pesado, um toque manso, porém diferente. No meu pensamento varias coisas se alucinavam, eu queria correr, sumir... mas meu corpo me impedia, eu estava paralisada. Seu corpo se aproximava cada vez mais. Senti sua mão agarrar minha cintura e logo seu corpo colou no meu.
Ele passava a mão pelo meu corpo e dava beijos em meu pescoço. Aquilo por mais "assustador" que fosse, era bom.
Seus movimentos iam cada vez mais rápidos e eu por mais estranho que pareça não queria sair, não corri, não gritei apenas deixei. Por uns cinco minutos eu estava parada no meio da rua, até que um carro passando com seus faróis ligados a toda luz tiraram meu transe, eu acordei. Ele era mais forte que eu não tinha chance com ele, ou eu me rendia, ou eu me machucava .
Parei de me mexer e comecei a andar normalmente. Viramos a esquina e avistei um carro preto. Ele andou mais rápido, chegou ao lado do carro, olhou em volta e logo me jogou dentro do carro, fechou a porta e virou as costas.
Nesse momento pensei que poderia escapar , ligar para alguém mandar um SMS ou sei lá . Mais naquele momento pensei que eu escaparia.
Abri a porta e sai do carro com cuidado. Ele fumava um cigarro de costas para mim.
Quando sai do carro comecei a correr o máximo que conseguia.
Perto de uma ponte havia um riacho, as pessoas não gostavam de passar por ali, pois o riacho ia diretamente para uma floresta. Claro a floresta era minha única esperança, nessa altura ele já deveria estar atrás de mim não pensei duas vezes e segui o pequeno córrego. Eram muitas árvores, folhas, e animais, eu nunca estive ali eu estava meramente perdida. Sons de galhos se partindo e folhas sendo amassadas se escutavam ao alto; mas não eram os meus pés que organizavam a sinfonia, alguém estava muito próximo de me apanhar. De repente eu não vi mais nada, estava escuro e agora me encontrava num perfeito silencio, o silencio da dor.
Eu estava assustada. Onde eu estava? Por que isso aconteceu? Abri meus olhos lentamente e tentei me mexer. Uma dor incomoda percorreu em minhas veias, eu me senti destroçada. Meu rosto ardia e eu sangrava, estava de baixo de uma grande árvore, com um pano branco tapando meu doloroso e ensanguentado corpo. Nua, eu estava nua. Depois de várias tentativas finalmente consegui me ajoelhar, agarrada em um cipó eu vagarosamente me levantei, agora era só caminhar.
Minhas pernas ainda estavam um pouco bambas, mas me esforcei ao máximo para conseguir caminhar. Eu não sabia o que fazer. Olhei para os lados e vi minhas roupas, tentei ir até elas, mas tudo oque consegui foi cair de novo.
Tomei fôlego e levantei novamente. Senti minhas pernas amolecerem, mas desta vez não cai. Concentrei-me em chegar às roupas e nisso consegui dar um passo. Minha cabeça rodava, eu mal conseguia enxergar eu estava atordoada não lembrava o que tinha acontecido ontem à noite. A última coisa que lembro é de quando eu corria pela floresta. Foram nesses pensamentos que cheguei até minhas roupas caminhando lentamente, me abaixei até certo ponto onde vi que minhas costas não aguentariam e com a ponta dos dedos consegui pegá-las. Resolvi caminhar mais um pouco com as roupas nas mãos, pois eu não conseguia vesti-las, talvez eu achasse alguém, talvez estivessem em minha procura, qualquer coisa. Eu precisava de ajuda, rápido...
Em meio às minhas roupas pretas eu via uma coisa branca. Resolvi pega lá, era pesado. Lembrei-me de meu celular e logo fui colocando as mãos nos bolsos da calça e casaco e peguei o objeto. Tirei do bolso e era o celular, porém sem bateria: Perdida no meio do nada, sem comida, e algum meio de me comunicar eu comecei a me desesperar, bruscamente joguei meu celular em algum lugar nas folhas e comecei a dar passos longos já que a dor ainda estava forte e eu não conseguia correr. O tempo passava e eu já não estava aguentando mais, eu tinha fome. Para esquecê-la tentei me lembrar de o que tinha acontecido na noite passada. Sem sucesso em meus devaneios torneados ouvi alguém se aproximar. Olhei de canto para o meio das árvores e senti um vulto se esgueirar ao meu lado e de súbito o vulto aparece na frente de meus olhos, foi tudo muito rápido eu o conhecia, eu sei quem ele era.
Acordei deitada, tudo estava embaçado, achei por um momento que estivesse em meu quarto, mas logo percebi que não.
Me levantei e, ainda meio tonta, me dirigi à luz.
Conforme eu andava, eu percebia que estava indo em direção à janela. Encostei a mão em sua borda e analisei o local. Foi fácil perceber que eu ainda me encontrava na floresta, mas não no mesmo lugar, pois as árvores eram enormes e diferentes, ou seja, eu estou mais além do que estava antes.
A porta deu um baque forte, mas ninguém entrou. Outro baque se ouviu; eu na tentativa de falar falhei, e então um homem entrou no pequeno quarto onde eu estava.
Ele se vestia todo de preto, usava um chapéu enorme e por isso não enxergava seu rosto.
Ele se aproximou rapidamente de mim, aquelas mãos grandes foram chegando cada vez mais perto e de repente as senti agarrarem meus braços e começaram a me puxar para fora do quartinho.
A porta levava para uma espécie de sala, tinham uns dois sofás, lareira, uma porta do lado dos sofás, uma perto da lareira, uma porta de vidro escuro e dois caras, também de preto sentados no sofá.
-Ora...ora, olha só quem acordou. - dizia o da direita, debochando de minha cara.
O cara continuou me puxando até a porta do lado da lareira e a abriu. Agora eu me localizava numa espécie de sacada. Eu só via árvores e mais árvores, por todos os lados. Senti que o cara me soltou então retirei minha visão das árvores e resolvi voltar minha atenção para o cara que estava em meu lado.
Ele sem olhar em meu rosto disse:
-Lembra-se deste lugar?- balancei minha cabeça com um gesto que dizia um "não". Ele não viu, mas continuou.
-Sabe como chegou aqui?
E de novo minha resposta foi não. Nesse ritmo da nossa conversa, eu estava levemente assustada, estava sozinha, no meio da floresta com três caras de preto que eu mal sabia quem eram.
- Lembra-se do seu nome?
Agora pensei um pouco. Dei um passo para trás lentamente e disse em alto e bom som:
- Não. Não me lembro de nada.
É claro que eu me lembrava, mas eu era esperta o suficiente para mentir. Se ele fosse quem eu achava que era, ah, ele iria me pagar.
Lentamente ele foi virando sua cabeça para olhar, ele sorria. Seu sorriso era malvado e cheio de más intensões, dava pra ver em seu olhar meu reflexo, eu estava pálida. Ele me segurou em seus braços e começou a passar suas mãos em meus seios, costas enquanto falava que por enquanto eu seria seu objeto.
Ele me levou para dentro de casa e passamos pela sala onde os dois caras de preto continuavam sentados, apenas observando a cena. Ele me levou para um quarto, que diferente do que eu estava, era decorado e aquecido, bruscamente ele me jogou na cama e começou a apertar minhas coxas. Basta. Eu tenho um namorado, eu briguei com ele, mas eu ainda tenho um namorado. Com meu joelho dei uma batida em seu abdômen enquanto empurrava-o de cima de mim. De repente um barulho ensurdecedor deu-se a ouvir pelo quarto, e meu rosto começou a queimar, então... eu havia levado um tapa.

T.S.S.C: The Evil InnocentOnde histórias criam vida. Descubra agora