Andei até o lugar que eu estava sentada hoje mais cedo desenhando no armário e me sentei. Fechei os olhos e fiquei em silêncio apenas sentindo o cheiro do mofo.
Senti uma pontada em meu estômago e não deu outra, vomitei ali mesmo, duas vezes.
Que droga, além de sentir cheiro de mofo, fugir e comer ratos, agora terei que sentir cheiro de vômito. Esse dia está cada vez melhor.
Nem fiz questão de sair de perto do vomito. Encostei minha cabeça no armário empoeirado e fiquei ali, esperando outra desgraça acontecer.
Abri os olhos, e estava vindo um pequeno feixe de luz das escadas, me levantei e subi para ver. Já tinha amanhecido e eu dormi
Fiquei ali pensando se iria procurar ajuda ou ficar aqui mesmo.
Resolvi que iria sair para procurar ajuda. Sai andando calmamente olhando em volta e logo pensei em pegar aquela cortina por via das dúvidas, pois eu não sabia o que me esperava lá fora, não sabia se iria me cortar ou algo assim. Após pegar a cortina a dobrei. Aproveitei e peguei o bastão que a segurava. Sim, sou medrosa e prevenida. Sai da cabana dobrando a cortina. Em uma das minhas mãos estava a cortina e na outra o bastão. Sai andando pelo lado direito da cabana. Seguindo a direção em que estava, Preferia ter voltado. A parede da cabana estava repleta de sangue e, se encontrava escrita com sangue, as palavras "TOME CUIDADO" e vários riscos de sangue nas árvores que rodeavam a cabana.
Cheguei mais perto para verificar aquilo. Era mesmo feito com sangue. Era sangue de animal, eu vi a carcaça dele a uns três metros mais ao lado. Era engraçado... Quem sabia que eu estava ali?
Dei uns passos para trás, era um momento difícil eu nem sabia mais o que fazer.
Eu sentia algo de errado naquela cabana, principalmente na entrada, eu sentia que algo me chamava pra ela e o único lugar que eu me sentia segura era no porão, que lindo, agora virei amiguinha do meu jantar...quero dizer, dos ratos.
Parecia até uma emboscada, mais dane-se eu já estou aqui mesmo.
O bom de tudo isso é que quando está dia eu não sinto medo, o ruim é quando anoitece.
Eu estava com fome novamente, pois aquilo que eu comi ontem eu já coloquei pra fora.
Eu não sei muito bem o final disso tudo, mas entre esses três dias nessa floresta eu venho pensando em umas coisas estranhas e sem nexo, por exemplo: pelo jeito ninguém veio me procurar, por que?, eu não demonstrei reação alguma ao ver meu namorado morto em cima da árvore eu só pensei em fugir e aqueles homens tinham uma casa no meio da floresta. Por que é que eles não me perseguiram mais? sabe, eu poderia denunciá-los.
Todas essas baboseiras sem sentido aconteceram muito rápido, é até difícil de compreender, mas é assim que está acontecendo então eu não posso fazer nada.
Eu segurei o bastão da cortina o mais forte que pude e tentei procurar algumas frutas. Eu só não podia sair muito longe, pois eu não teria pistas de como voltar a cabana. Não era época de muitas frutas na região, eu mal pude achar framboesas, sabe, framboesas nem são frutas de verdade, são pragas que nascem sem plantio e nós comemos. O que eu pude achar foi um pé de bananas verdes e marrentas e um pé gigante de amoras, outras coisas que podem nascer sem o plantio. Eu peguei o quanto pude e aproveitei que ela não ficava tão longe da cabana. Depois de comer algumas e enganar a minha fome, foi que eu vi como era aquele lugar. Ficava perto do córrego e mais atrás duas árvores lado a lado quanto mais alto mais perto elas ficavam, quase se cruzando. Era tipo aquelas árvores usado para colocar redes.
Mas aquele lugar não era muito bonito aos olhos não, parecia mais um lugar de filmes de terror, não me perguntem o porquê.
Na minha esquerda um pouco longe ficava um... Canavial? Eu não sei o que era aquilo. Ele era bem extenso e rodeado com cercas. Também tinha umas cercas que separavam a cabana desse lugar, foi o que eu usei para vir pra cá. Eu acho que era para ser uma cerca elétrica, mas não estava ligada.
Na minha direita, eram só árvores e o córrego, talvez tivesse um rio por lá, mas eu não iria ver, não agora.
E só... Foi ai que eu me toquei.
Canavial, cerca elétrica, não poderiam aparecer do nada, certo?
Havia alguém por ali, ou eram moradores da cabana?
Voltei pra lá com os pensamentos aguçados e desci para o porão correndo.
Comi as amoras que guardei, por que ou eu comia, ou os ratos iam fazer uma festa, eu nem sei se rato come fruta na verdade.
Ficar ali, sozinha me deixava meio... Meio... Não sei como explicar. Era como se eu ouvisse coisas, mas eu sei que não tem nada ali.
Mais três dias se passaram e era sempre a mesma rotina, eu pegava amoras e voltava para a cabana. Agora eu estava estranhando as carcaças. Elas estavam frequentes. Sabe os animais são grandes, do tamanho de cachorros, eles aparecem abertos e comidos, iguais ao rato da primeira noite.
O sangue daquela "mensagem" já secou e não apareceu mais nenhuma, não que eu saiba pelo menos.
Eu tenho ficado mais pálida também, por que o sol não pega muito aqui, e eu fico a maior parte do meu tempo na cabana.
O cheiro podre das carcaças não me incomoda muito, também nem ligo pra elas.
Quer dizer, eu não ligava até o sétimo dia que eu estava ali.
Eu acordei com um mal estar terrível e com a visão embasada.
As escadas estavam com um pouco de sangue então segui para ver o que era.
Saindo da cabana eu vi uma cena desagradável. Eu não fiquei em choque, mas era estranho e nojento.
Aqueles homens, estavam com a cabeça arrancada, a cabeça estava ao lado de seus corpos, um estava sem a perna, um fora tirado seus olhos e o outro me parecia intacto, a não ser pela cabeça que fora arrancada.
Eu acho mesmo que esse lugar tem coisas estranhas, eu só queria saber o que. E o porquê.
Sai correndo espantada, eu não queria mais ficar ali, eu acho que tinha um maníaco por ali e só eu não percebia. Que idiotice.
Eu corri tanto que nem sei onde eu fui parar, quer dizer, eu não saberia se eu não tivesse sentido aquele cheiro podre que estava terrível e se não tivesse visto a árvore maior. Era ali que eu acordei pela primeira vez nessa porcaria dessa floresta.
Sentei debaixo dela nas folhas e comecei a chorar, eu não aguentava mais, eu estava ficando atormentada, ninguém entenderia se eu fosse contar a alguém, iriam achar tudo superficial.
Foi ai que eu decidi que eu não precisava mais ver essas coisas mortas, e também não precisava da ajuda de ninguém.
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T.S.S.C: The Evil Innocent
Mister / ThrillerThe Secrets of Small Cottage: The Evil Innocent O que faria se tudo dependesse somente de você? Se fosse sequestrada e estivesse nas mãos de vários homens repugnantes que sentem prazer em abusa-la? ela está perdida, sem nenhuma forma de comunicação...