Eu acho que ele deveria ter parado de me seguir, pois eu não o via em nenhum lugar e nem escutava passo algum, mas não me precipitei e corri mais alguns metros até cansar. Agora eu estava literalmente perdida, porém eu via agua. Um pequeno filete de agua passava na minha frente.
Sentei-me perto do córrego para descansar. Ao meu redor era um lugar bem bonito cheio de flores, arvores de diversos tipos e uma cabana pra lá de velha. Opa. Não havia reparado na cabana antes. Ela era pequena e parecia bem abandonada. Combinava com o lugar. Eu olhava pra ela e tudo que vinha na minha cabeça eram coisas ruins, mas eu precisava de um lugar para me esconder, estava quase desmaiando.
Segui para a cabana e cada vez que chegava mais perto sentia calafrios. O pôr-do-sol estava presente agora e não acho que alguém iria me procurar por lá.
Fui me aproximando a medida que tomava um mínimo de coragem.
Eu jurava que já havia visto ela em algum lugar, um sonho talvez. Me certifiquei que não tinha ninguém naquela cabana dando três fortes batidas na porta. Nenhum sinal. Dei outras três batidas, desta vez mais suave e novamente fiquei sem resposta. Aquela mordida voltara a sangrar então eu tinha que estancar o sangue depressa. Abri a porta em súbito e ela rangeu. Entrei e os degraus também fizeram quase o mesmo som afirmando que a madeira estava pra lá de mofada e velha. Algumas teias de aranha estavam erguidas nos cantos dos tetos mas isso era o de menos, o importante é que eu tinha um lugar para passar a noite. Antes que a noite tomasse completamente o lugar procurei algo para parar o sangue, porém tudo que eu via era jornais e poeira. Sem pensar muito arranquei um pedaço da cortina com os dentes já que ela estava quase rasgando por si própria e amarrei daquele jeito mesmo onde sangrava. Eu sei que aquilo ia infeccionar mas era engraçado porque no meio de tanta coisa eu nem ligava pra aquilo.
Fiquei a observar o local. Vi uma porta na parede lateral dela e pensei se entraria ou não lá. Olhei pelo pedaço da cortina e o sol já estava se pondo. Resolvi entrar na porta. A abri-a e nada vi, tudo se encontrava num perfeito escuro. Procurei e achei um interruptor e quando as luzes se acenderam... BAM! Tomei um grande susto no início, mas logo percebi que era apenas o vento que havia batido a porta Logo resolvi olhar para frente para ver o que a porta guardava. Tudo o que encontrei foi uma mísera escada, que as luzes que eu havia acendido não eram suficientes ao seu grande tamanho
Por um estante fiquei pensativa. Queria saber o que havia depois das escadas mas pra falar a verdade eu tinha medo. Medo de encontrar lá algo que talvez não era pra ninguém encontrar, ninguém como eu.
A ferida doía e eu sabia que ia inflamar, sabia que se eu não tratasse ela iria entrar na putrefação. E se algo lá depois daquelas escadas fosse útil pra mim?
Que droga, odeio ficar indecisa.
-Tudo bem. É só respirar fundo. O que pode ter lá hein? Fantasmas? - gargalhadas
Eu fui. Comecei a andar sem pensar muito por que eu sabia que se eu pensasse muito iria acabar mudando de ideia e eu não queria mudar de ideia, já estava pisando no segundo degrau.
Respirei fundo e desci. A medida que descia ,aquilo ficava cada vez mais sem iluminação e o pouco de coragem que ainda me restavam iam pelo "ralo" . Fechei meus olhos, respirei fundo e enfrentei aquela escuridão. Pouco eu enxergava e eu estava prestes a voltar correndo lá para cima.Eu acho que agora já deve ter escurecido e tanto fazia se eu voltasse lá pra cima, pois estaria escuro do mesmo jeito. A iluminação era péssima.
Pisei no ultimo degrau e veio em mim aquele calor e um medo de algo que eu nem sei o que era. Eu ouvi passos, eram passos rápidos. Os passos aumentaram e estavam cada vez mais perto. Agora não era só uma coisa que fazia aquele som, parecia que tinham mais do que um. Eu estava parada prestes a gritar, mas foi bobagem. Eram ratos. Nojentos ratos que eu odeio.
Fui "apalpando" para não bater em nada até que achei uma espécie de cabo, o cabo ficava apenas pendurado vagamente na parede. No final dele tinha uma bolinha, era ali onde eu conseguiria enxergar de novo.
- Antigo.
Quando acendi a luz pude ver como era aquele cômodo. Estava quase cinza de tanta poeira e suas paredes com limo.
O cômodo era uma espécie de porão, quer dizer era um porão, cheio de bugigangas inúteis.
Enquanto eu "admirava" o lugar um rato passou encostando no meu pé, um rato não. Uma ratazana. Esgueirei-me e dei um grito abafado, sinceramente odeio ratos.
Andei até o outro lado do porão para procurar algo no armário que tinha por lá, porém a única coisa que achei foram larvas e aranhas...argh.
Minha mão doía e o estômago começou a roncar, claro não comi nada o dia inteiro...
Precisei colocar minha mente canibalesca pra funcionar e não, eca não, eu nunca faria aquilo. Eca.Me sentei no chão perto do armário e comecei a desenhar nas portas dele passando o dedo em cima da poeira pra ver se minha fome passava. Deu certo por um momento, mas ela logo voltou e representava que estava mais forte. Que saco, parecia um motor.
Eu não queria fazer aquilo, mas era tão necessário... Que horror. Eu nunca pensei que estaria nessa situação, eu achei que teriam buscas atrás de mim...
-Ok. Se eu pensar muito vou acabar não fazendo.
Peguei uma das cadeiras de madeira que estavam empilhadas em cima de uma mesinha do canto e joguei contra a parede com toda a força que eu ainda tinha naquele momento para quebrar. Não foi difícil já que os cupins haviam feito metade do serviço por mim.
Corri até lá e peguei uma das pernas da cadeira que se desprenderam e fiquei em posição de ataque. Era só esperar.
Por que aquelas pragas não vem quando queremos?
Com o pedaço de pau mesmo bati na parede onde eu sabia que eles estavam e nada. Bati mais forte e nada. Agora eu me enraivei. Coloquei o bastão de improviso dentro do buraquinho da parede e mexi pra lá e pra cá, em seguida tirando-o rapidamente. Agora eu consegui e uns 3 saíram de lá de dentro. E eu fiquei lá que nem uma retardada tentando mata-los. Não dava eles eram muito grandes. Corri e tirei um a das gavetas do armário, joguei as coisas no chão e fiquei na espreita.
- Agora eu te mato, você é o meu jantar. - sussurrei.
Eu vi um. Não esperei duas vezes, enquanto ele corria para de baixo de uma estante de livros eu taquei com tudo a gaveta sobre ele. Acertei.
Para garantir que estava morto pulei em cima e sapateei sobre ele, deu pra ouvir os ossinhos sendo esmagados.
Sai de cima e levantei a gaveta. A cena era horrível, ele estava aberto, ensanguentado e com os olhos arregalados. Eu não queria, era nojento, mas naquela hora já me dava alucinações por não comer. Desenrolei a cortina que estava embrulhando minha mão e com aquilo peguei o animal.
O coloquei no canto na mesa, respirei fundo, fechei os olhos e com a mão mesmo fui puxando a carne que estava dentro dele pela abertura que eu tinha feito sem querer quando o esmaguei. Por nenhum momento eu abri os olhos, não queria ver aquela cena. Também tranquei a respiração e imaginei um sushi suculento com shoyu, para não pensar no sangue. Coloquei rapidamente aquilo na boca e mastiguei sem vontade e fazendo uma cara de nojo, sim eu fiz uma cara de nojo mesmo.
Engoli aquele negocio e repeti o processo por umas 4 vezes até não conseguir mais me enganar. Eu comi um rato.
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Comentários e críticas construtivas são bem vindas :)
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T.S.S.C: The Evil Innocent
Misteri / ThrillerThe Secrets of Small Cottage: The Evil Innocent O que faria se tudo dependesse somente de você? Se fosse sequestrada e estivesse nas mãos de vários homens repugnantes que sentem prazer em abusa-la? ela está perdida, sem nenhuma forma de comunicação...