...Naquela noite escura, me esgueirei pelas ruas escuras à passos rápidos, fugindo de quem quer que esteja naquele escuro veículo.
Vejo um inferninho aberto, e o que mais fez sentido na minha cabeça foi entrar, pelo menos, ficaria em "segurança".
Me sentei num banco próximo ao balcão, tentando me esconder e o bartender me recebeu oferecendo uma bebida.
Algo dentro de minha cabeça se atiçou com a oferta de álcool, então aceitei uma pequena taça de vinho. Fiquei encarando a saída do inferninho, quando, de repente, vi um homem moreno de cabelos cacheados, meio fortinho passando usando uma regata branca e uma calça jeans preta. Na hora eu imaginei o CJ do GTA.
Mas perante essa situação, não me deixei levar pelo momento, lembrando da caminhonete que me perseguia há pouco.
Momentos depois, aquele cara loiro de sempre entra, segurando uma caixa de óculos de cor-de-rosa. Ele se aproximou de mim e se sentou perto de mim.
— Trouxe o seu óculos.
— Obrigada.
Me apressei e tomei o óculos da mão dele e o coloquei no rosto. Eu o fitei, agora analisando sua beleza.
Ele me encara também e me questiona com um forte sotaque.
— Que foi?
— Nada. Posso perguntar uma coisa?
Ele franze o cenho, mas concorda com a cabeça.
— Você é de onde?
Ele bateu com a palma aberta no peito esquerdo, e disse:
— Sou sulista, do Rio Grande do Sul, e você?
— Ah. Legal. Sou daqui de São Paulo mesmo. — Eu me pausei. — Acho que vou embora.
Ele me olhou com um olhar desapontado e quase pedinte.
— Mais já?
Eu acenei com a cabeça e me movi até o lado de fora do estabelecimento, me sentei no chão e esperei pelo carro de aplicativo.
Quando de repente ouço passos, e então eu olho: eram o Igor e o menino parecido com o CJ.
— Quer uma carona, Julia?
— Não vai te atrapalhar? —disse o olhando— O meu Uber já vai chegar.
— Cancela, vou te levar.
Fiz como ele mandou, até porque, se ele estava insistindo, tudo bem.
Eu segui os dois, e ambos pararam na frente de uma caminhonete: a mesma que me perseguiu, então logo o indaguei:
— Eram vocês que estavam me perseguindo?
Igor confirmou, e em seguida apontou para o de pele escura.
— Mano, Diego, eu falei que ela ia ficar assustada. —ele repreendeu o colega e me pediu desculpas. — Foi mal, Julia.
— Tudo bem.
Me sentei no banco de trás e mostrei o caminho no celular. Pedi para ele parar um quarteirão antes, então desci do carro.
— Obrigada, Igor. Tchau, boa noite.
Andei rápido até em casa, entrei em silêncio e fui comer. Em seguida, fui dormir após dar boa noite para minha mãe...