Saí de casa e fui andando pela calçada em direção ao ponto de ônibus, onde costumava pegar o mesmo na direção do centro.
Entrei no veículo e encontrei com minha amiga Talita e fomos papeando o caminho todo.
Chegamos ao Plaza Shopping e nos encaminhamos até a loja onde trabalhávamos, o Starbucks.
Nós nos vestimos com o uniforme e paramos nos nossos respectivos caixas.
Por volta das 07:30, os clientes começavam a chegar, e entre um cliente e outro, conversávamos:
— E aí amiga, deu certo sua festinha de aniversário? — disse enquanto passava o pedido de um cliente para o papel e depois para a cozinha — Espero que tenha dado certo!
Ela, durante o bipar dos produtos, confirmou com a cabeça e um sorriso largo.
O nosso turno se seguiu, e quando bateram exatos meio-dia, fomos almoçar. Voltamos para o turno gargalhando. Talita foi ao banheiro em um momento, e só reparei quando falei e não houve resposta.
Mais um cliente chegou, e eu o atendi seriamente. Estava ficando irritada pela falta de óculos.
— Mais alguma coisa, senhor?
Disse passando o copo com uma fita escrito 'espresso ao leite'.
— Vocês vendem... — Ele se pausou por alguns instantes, enquanto piscava. — Chimarrão? Um amigo me disse que vendiam. Completou o mesmo, enquanto balançava suavemente o copo em mãos.
Eu franzi o cenho, confusa.
— Não senhor, não vendemos bebidas culturais aqui... — Eu pausei, cerrando os olhos para analisar sua face. — Só café, moço.
Ele me olha, desapontado.
Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, gritei: “ Próximo! ”
Ele foi embora, e horas depois finalizei o meu turno.
Me despedi da Talita no ponto final e andei pela calçada até em casa. Entrei pela porta e cumprimentei minha mãe.
— Mãe? Cheguei!
Dona Clarissa apareceu no batente da cozinha, e me cumprimentou de volta:
— Oi, Júlia! Como foi no serviço hoje? — Ela parou... analisou o meu rosto, e em seguida endireitou a postura. — Cadê o seu óculos?
Meus olhos se arregalaram e eu por alguns segundos, entrei em pânico, mas comecei a falar mesmo assim.
— Então, mãe... Ontem eu saí da escola e fui à biblioteca pegar a blusa da Taylor que eu tinha esquecido. — Me pausei, mexendo com os meus anéis nas mãos.— E aí eu esbarrei em um cara, e aí eu caí e meu óculos quebrou. Mas ele disse que vai pagar outro, ao menos.
Concluí minha linha de pensamento e fui tomar banho, deixando-a sozinha na sala.
Me despedi da minha mãe e do meu pai e fui para a faculdade. Estudei horrores até o fim do período, saindo às 23:30. E, no único momento que tive tempo para pegar o celular naquele dia, haviam muitas mensagens, entre todas de amigos e família, havia a mensagem de um número desconhecido, então cliquei na mensagem.
“ Oi, é o Igor... o que quebrou o seu óculos. Como você tá?”
Eu não respondi, entrei no Uber e só quando cheguei em casa o respondi:
“ Tô bem, você já comprou? Tô cansada de não enxergar.”
Fui respondida com um simples “já”.
Fui dormir com raiva.
Fui trabalhar de manhã, e a rotina se seguiu até a saída da faculdade, quando uma caminhonete muito esquisita estava acompanhando os meus passos...