Só pelo o ambiente, percebi que era um hospital particular, parei pra pensar agora, como eu vou pagar por qualquer coisa que eu for fazer aqui? Eu não tenho nem casa direito, imagine dinheiro pra pagar tratamento.
Me levantei da cadeira da sala de espera, e fui até a moça da recepção.
—Oi, é... com licença, moça. Eu queria saber se.. —Me embaralhei toda. Respirei fundo e tentei novamente. —Eu gostaria de saber sobre, é... a conta, quanto que fica a conta do hospital? É que eu tô sem nada aqui pra pagar e eu queria saber se-
—Calma, é só me informar o seu nome completo que vejo em quanto ficará. —Ela respondeu com um sorriso gentil
—Ah sim, é Maitê Rechel Miller.
—Maitê Rechel Miller... — Repetiu para si mesma enquanto digitava o nome na lista de cadastro de pacientes.
—Olha senhorita... Aqui diz que sua conta já está paga.
—Já?!
Será que..?
Deus, sou eu de novo, se o senhor tiver feito a moça bonita angelical cujo o nome é Billie, pagar a minha conta, eu te agradeço muito.
—A senhora viu quem pagou? —Fiz um rosto confuso para a moça, mesmo eu tendo certeza de quem tinha sido.
—Olha, foi uma moça de cabelo preto... Tava com uma blusa branca grande e se não tô enganada, uma bermuda bege, ou algo do tipo. —Ela disse meio pensativa, como se tivesse tentando relembrar da imagem da Billie —Ah, deixa eu ver se tem registrado o número da moça aqui, só um minutinho.
Ela voltou a digitar em seu computador, mas logo parou e anotou uns números em um pedaço de papel.
—Aqui, o número dela. Talvez você queira ligar para ela. —A moça me entregou o papel e sorriu gentilmente
—Aham, obrigada... —Sorri de volta e logo voltei para a sala de espera
Eu já tinha o número dela, Billie havia colocado na ficha, mas como eu tive que entregar a ficha preenchida para a médica, foi bom eu ter conseguido o número dela novamente.
Mas o que realmente me intriga é, por quê?
Por que ela me salvou? Por que ela se dispôs a me ajudar? A pagar por isso? Tipo, ela nem me conhece. Claro que se eu visse alguém tentando se matar eu também iria lá impedir, mas... não sei.
Nesse meio tempo eu mantive a cabeça longe daqueles outros pensamentos, o que antes se focava em tragédias e tristezas, agora era em quão angelical a menina dos olhos azuis era.
Mas é claro que, infelizmente só ela não iria fazer com que todos os monstros da minha mente fossem embora.
Eu não devia estar aqui
Era pra essa merda ter funcionado
Eu quero chorar tanto, mas ao mesmo tempo não quero
Ah não
Senti algumas lágrimas começarem a cair de meus olhos, eu tentava impedir elas de sairem, mas eu não conseguia, quando me dei conta já estava chorando. Novamente.
Minha visão se fechou, não literalmente, mas é que eu não conseguia mais olhar para nada e nem prestar atenção.
Eu continuava a chorar, e como sempre, não sabia o que fazer, eram como se as vozes não me deixassem em paz, eu só queria estar bem!
Você só sabe chorar!?
Engole a merda desse choro, AGORA!
Você é uma inútil!
Para de chorar
Para de chorar
PARA DE CHORAR!
Senti as mãos de alguém me tirando do meu "transe", não precisei olhar para saber quem era.
—Por favor, Mai.... Me diz que você não fez o que eu tô pensando que fez... Por favor... —Era perceptível a tristeza na voz da Andy.
Eu conheço ela, ela estava tentando mostrar um lado que evita ao máximo mostrar pra mim, porque nunca quis me deixar pior ainda ou que eu me culpasse por fazer-la triste.
—Andy... me desculpa...