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Melina

Encaro o corredor do hospital. Minhas mãos soam e meu corpo está gelado. Cristian passa suas mãos sobre minha coluna.

– vocês são os parentes do paciente Bruno Grey? - uma enfermeira pergunta. Me levanto as pressas.

– bem mais ou menos. E então como ele esta? - me atropelo nas palavras.

– ele perdeu muito sangue. Precisamos de um doador. A negativo.  - mordo os lábios. - até o momento ele está estável. Porém sem a doação ele pode acabar piorando.

A negativo...

– eu posso doar. - me ofereço.

– vamos fazer um teste rápido do seu sangue. E aí você pode começar a doação.

Confirmo com a cabeça. Meus amigos me dão sorrisos encorajadores.

– pode trazer um acompanhante. - Cristian me dá a mão e nois dois somos levados a outra sala.

A mulher colhe meu sangue na seringa e pra fazer testes e Cristian se senta na cadeira ao meu lado. Vai dar certo...vai dar tudo certo.

~

Algum tempo depois a mulher volta. Seu semblante é passivo. Me sinto tensa.

– tenho duas notícias. - mordo os lábios. Cristian se levanta e me encara apreensivo.

– diga por favor. - peço sentindo meu coração acelerar.

– você não pode doar sangue. - a encaro confusa.

– porque? - pergunto de imediato.

– por que você esta grávida.

Meus olhos se arregalam. Meu corpo fica tenso. Encaro Cristian. Sinto um misto de sensações. Ele me encara embasbacado. Meu olho arde e estou chorando. Sim agora muita coisa faz sentido. Encaro Cristian um pouco preocupada. Ele pisca lentamente.


– como se sente? - seus olhos verdes estão sobre mim.

– eu estou grávida. - O homem fica parado e empalidece.

– estamos grávidos? Eu vou ser pai? - confirmo com a cabeça. - porra eu vou ser pai...

Ele corre em minha direção me abraçando mas logo se afasta e alisa minha barriga. Sinto minha respiração falhar.

– eu vou ser pai. - ele repete. E o vejo começar a chorar também.

Mas pra minha surpresa o homem começa a cair no chão.

– Cris...Cris...não! Não desmaia agora. Deus! Eu não vou ficar ansiosa sozinha! E o Bruno!?  - grito e ele rapidamente se levanta. A enfermeira se assusta. Sorrio nervosa.

– desculpa desculpa. Quer dizer eu estou muito feliz. - ele sorri de orelha a orelha. - mas porra. Eu estou com medo.

– e eu? - começo a rir nervosa.

– você está grávida. - ele responde o óbvio e eu reviro os olhos.

– idiota. Bem...qual era a segunda notícia? - pergunto devagar.

– tem um segundo doador. Ele se chama Rich pelo que eu entendi. - Encaro Cristian e ele ergue as mãos.

– isso é ótimo! - rio e choro. - mas é possível?

– de acordo com sua ficha de acidentes pode parecer impossível mas o feto é protegido por extensas camadas de pele e órgãos, seu ferimento no estômago não afetou em nada na formação, sem contar que ele ainda é tão pequeno que seria quase impossível qualquer pancada fazer efeito. Você é uma mulher forte...eu vou deixar vocês a sós.

A enfermeira vai embora. E Cristian começa a pegar cor de novo.

– eu não liguei pro Rich. Não sabia que ele...conhecia o Bruno. - ele comenta.

– ok. Ele vai ficar bem então? - mordo os lábios.

– sim. Agora de novo...isso é incrível querida. E assustador. - ele beija minha testa.

– você...céus. não sei nem o que dizer. Vamos ser pais. Eu vou ser mãe.

– você vai ficar linda com a barriga grande. Redondinha. Vai parecer literalmente uma Blueberry. - reviro os olhos.

– ok...como fazemos isso? E se for menina? E se ela não gostar de azul? Tomara que puche seus olhos. - sorrio pensando nisso.

– os meus? Eu gostaria que fossem castanhos. Mel. Seriam lindos. - mecho a cabeça.

– seria.

– talvez devêssemos fazer outros. Cada um de um jeito. - ele dá de ombros e eu o encaro incrédulo.

– jura? - arqueio a sombra.

– sim.

Começo a rir. Uma situação difícil. Quer dizer...ele não vai parar até ter filhos de cores de olhos de todas as formas...mas eu acho que...3 é um número legal.

~

Votem! Bjss

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora