Realidades

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As rainhas seguiam andando firmes mesmo com a chuva forte que caia em seus ombros deixando suas roupas úmidas, o isolamento havia sido cruel com ambas, a insanidade do país das maravilhas conseguia enlouquecer qualquer um.

Ambas seguravam uma caixa com um baralho de cartas dentro, o baralho velho, mas bem cuidado por ambas. Bridget segura o seu baralho contra o peito com força e a Rainha de Copas segura o baralho em sua mão esquerda apertando-o contra sua perna.

Elas chegam na parte mais alta da montanha mais alta do país das maravilhas por lados opostos a Rainha chega pela esquerda e Bridget pela direita. Caminham em passos lentos ao banco de pedra antigo e se sentam lado a lado deixando o baralho entre delas, ambos no mesmo lugar e momento, se ao menos elas soubessem isso seria cômico.

O céu se ilumina levemente e uma estrela azul passa, ambas rainhas fecham seus olhos com força e juntas mesmo que não soubessem da existência uma da outra, desejam com todo seu coração acabar com a solidão.

"Eu não quero mais ficar só"

Seus olhos se abrem ao mesmo tempo, a estrela havia realizado seus desejos. Ambas têm uma carta em mãos, Bridget segura um Ás de copas e a rainha de copas segura firme o Ás de espadas.

O choro baixo ecoa pelo lugar deixando-as surpresas ao ver uma silhueta que se aproxima do que se parecia com um bebê, mas ao invés de pele, cartas o cobriam deixando um pequeno espaço aberto deixava nítido a carta que faltava, a qual está na mão de cada uma delas.

Bridget segura o bebê em seu colo, antes de colocar a carta de copas no lugar onde seria o coração. As cartas logo são substituídas por pele e na cabeça alguns fios vermelhos aparecem sendo seguidos por olhos castanhos curiosos observando o rosto de sua criadora, sua mãe.

A Rainha de Copas abre um sorriso antes de colocar a carta de espadas na cabeça do pequeno bebê, a pele surge de forma estranha junto de fios em tom vermelho-escuro, o choro cessa assim que a Rainha a pega no colo. A pequena e sua Rainha se encaram, analisando os olhos vermelhos da criança, deixando ela surpresa e mais espantada ao ver as pupilas desse pequeno ser, ficarem no formato de corações.

As garotas crescem com diferentes experiências mesmo que, não tenham muitas diferenças, seriam ambas apenas uma? Ou por serem criadas de forma diferente ambas não possuem nenhuma ligação, além de suas mães serem quase a mesma pessoa de outra forma. As memórias que as diferem estao tão próximas de ser muito distantes, cada uma com seu jeito mesmo que seja o mesmo de outra maneira.

A Rainha de Copas era alguém frio e sem piedade os poucos que tiveramessa honra carregam sequelas, a insanidade era visível e auditiva para todos "cortem lhe a cabeça!" era um grito que fazia qualquer um nessa dimensão temer e se curvar de medo.

Bridget nunca foi má, mas estava sempre solitária e cabisbaixa, as pessoas do reino a apreciavam e tentavam entendê-la. Ela havia se recusado a aceitar a fera e a bela como seus superiores, então ambas fecharam a entrada da toca do coelho, depois de tanto tempo vendo a rainha deles triste, foi uma surpresa quando ela voltou com uma pequena alegria empacotada em seus braços. Red de Copas, Red do país das Maravilhas, Red a filha de Bridget havia sido a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Claro que diferentes criações levam a diferentes tipos de personalidades. Red era uma garota introvertida e bem tímida, em geral, se mantendo distante de qualquer tipo de interação que a fosse levar a exaustão, e sua mãe nunca ficaria brava, ambas podiam degustar da hora do chá com seus amigos e ainda ter um momento agradável na companhia uma da outra.

Red de copas era uma garota que passava grande parte do seu tempo em silêncio seguindo a rainha, durante a noite em poucos intervalos ela conseguia escapar para dormir ou como Maddox diz, se rebelar. Se o dia tivesse sido estressante, ela se vestiria com roupas que se camuflam em meio ao exército de cartas da Rainha, ela saíra escondida de seu quarto e quebrava tudo que conseguia, cortava as rosas recém-tingidas de vermelho, e a melhor parte, ela se divertia correndo dos guardas. Claro que todos os guardas sabiam que era ela quem bagunçava tudo, mas a Rainha cortaria provavelmente a cabeça de qualquer um que ousasse culpar sua filha de algo.

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