Porque eu fiquei?

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P.O.V. Eric.

Ela me pediu para ficar e eu fiquei. Porque eu fiquei? Não tenho qualquer tipo de obrigação para com ela, posso trepar e foder ela, mas não preciso dormir com ela. Mas, o fato é... eu quis dormir com ela. A garota engatinhou, deitou no meu peito com o rosto bem perto do meu pescoço e senti os seus braços ao meu redor. 

-Porque está fazendo isso?- Perguntei.

Bella olhou para mim os olhos cheios de genuína confusão, então ela perguntou: - Isso o que?

-Isso. Porque está me abraçando?- Questionei.

-Eu gosto de abraçar e ser abraçada. Não há nada melhor do que isso, nem sexo. Sexo é uma coisa esquisita e primitiva, ás vezes meio violenta, mas... abraçar não é. Abraçar é um ato de amor.- Ela respondeu.

Depois disso ficou um silêncio no ar, não se ouvia nada. Acabei dormindo, mas acordei no meio da madrugada sentindo essa angustia que sei que não é minha. Quando me virei para encará-la, ela não estava lá então por mera curiosidade vesti um roupão e uma calça e fui atrás dela. Eu a encontrei na cozinha sentada numa das cadeiras tomando sorvete de chocolate com biscoito de chocolate e chorando. 

-Porque está chorando agora?- Perguntei fazendo a garota dar um pulo.

Então Bella se virou para me encarar.

-Porque... eu sou não sou melhor do que o meu pai ou você. Sou uma hipócrita, não acredito que atirei no meu pai. Eu fiz a coisa errada lá hoje, movida pela minha raiva, eu não agi melhor do que o meu pai. Jurei que não iria te ajudar a ir contra a irmandade não importando o que fizesse comigo, mas aqui estou eu.- Ela disse.- Eu não posso. Não posso te ajudar, isso é errado e a coisa errada feita pelo motivo certo ainda é a coisa errada. Não posso fazer isso, não quero ser como meu pai, não quero manchar a minha alma com sangue inocente. E se isso significa que vai me jogar na masmorra de novo sem água, sem comida e na minha própria merda que seja.- A garota protestou.

Pensei que tinha acabado, mas não. Ainda tinha mais.

-Sabe, em momentos como este... é que eu desejo ser como você. Vazio, oco, sem consciência nenhuma, não me importando com nada nem com ninguém, nem mesmo enxergando o dano que causo aos outros ou a mim mesma. Não vou te ajudar Eric, pode me bater, me humilhar, me deixar para morrer naquele buraco... o que quer que faça comigo não vai ser pior do que eu farei comigo mesma se te ajudar.- Disse a garota.

É isso que ela pensa que sou? Oco? Vazio? Eu queria que ela estivesse certa, ser vazio seria muito mais fácil do que ter que suportar esta dor dia a dia. Então me sentei ficando frente a frente com a garota, encarando os seus olhos azuis vermelhos e cheios de lágrimas.

-Eu queria ser oco também. Tenho dois mil anos de idade menina e em todos estes séculos posso contar nos dedos de uma única mão as vezes em que me apaixonei, em ambas quebrei a cara. Na primeira vez a garota morreu, foi assassinada pela Yakuza.- Revelei.- E a segunda... eu estava disposto a morrer por ela, por ambas, mas ela me abandonou para casar com um humano idiota.

-Bom, isso é uma merda. Lamento muito, mas não planejo ser morta pela Máfia e nem tenho nenhum desejo de me casar com um caipira burro. Que tal fazermos um acordo melhor? Eu te ajudarei a se livrar do meu pai, quero que ele pague por seus crimes, mas não morrendo. Não quero sangue derramado. Podemos investigar mais, reunir evidências e ai mandamos direto para a polícia. Sei onde ele mantém os arquivos de todas as compras ilegais, novos membros e tudo isso ai. Serei sua informante, mas tem que jurar para mim. Tem que jurar por Deus ou por qualquer coisa que considere sagrada de que não vai matar ninguém á menos que seja obrigado e nem me deixar para apodrecer naquela Igreja cheia de fanáticos doidos.- Ela pediu.

Uma espiã? Pode vir a calhar.

-E porque eu confiaria em você? Já faltou com a sua palavra uma vez.- Respondi.

-Tem razão. Faltei porque sou humana, sou uma humana impulsiva e de sangue bem quente. Pode confiar que não vou trair a minha consciência. Eu QUERO QUE O MEU PAI PAGUE por seus crimes mais do que qualquer um, mas não quero o mal dele e nem o seu.- Ela disse.

-Muito bem, mas se me trair eu mato você.- Eu disse.

-Eu não esperaria nada menos.- A garota respondeu.

A Escrava do Rei VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora