Quebrando regras

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Horas.

Horas de filmagem e até agora nada.

Não sei com quem esse cara mexeu mas eles levavam seu trabalho a sério porque isso foi meticuloso.

Eu estava exausta. Tudo que eu queria era dormir. Só que meu estômago tinha outros planos.

Mas antes...

"Bill?" Perguntei ao telefone e ouvi aquela respiração horripilante

"Bish? Porra, você sabe que horas são agora?" Falou e eu olhei para meu relógio confusa porque eram umas seis da tarde ainda

"EU MORO NA FRANÇA BISHOP!" Disse lendo meus pensamentos e eu me amaldiçoei por esquecer isso

"Desculpe, mas é importante. Estou trabalhando em algo importante e tenho muita muitas horas de gravação, tipo meses, que precisam ser analisadas minuciosamente por pessoas muito melhores do que eu. E sabe quem veio a minha mente quando pensei melhor?"
"A bajulação vai te levar a muitos lugares, Bish. Mande naquele contato que você sabe. Pela sua voz é sério e eu nem quero saber no que estou me metendo mas não posso arriscar. Quando eu tiver algo te ligo"
"Preciso de mais uma coisa."
Ele suspirou "Fala"
"Aquele moleque hacker que livramos uma vez por mexer nos nossos dados, sabe?" "Preciso que ele invada os arquivos de um hospital e consiga tudo e todos que Andrew Deluca já fez ou tocou ou conheceu nos últimos 5 anos."
"Maya..." começou
"Bill, é pessoal. Por favor..." eu estava pedindo
"Ok. Mas você vai ter que me contar o que aconteceu com a Ilsa"
"Bill..."
"É pegar ou largar Bish, eu mereço saber. Ela também era minha amiga, ok." Suspirei e assenti com a cabeça mesmo ele não podendo ver porque era de mais para falar

Ligação encerrada. Mas como desliga uma espiral que iniciou na sua cabeça?

———

Eu corria o mais rápido que podia pelas vielas de Londres. Eu tinha que saber que algo estava errado. Eu estava tão desesperado que só percebi que esbarrei em algo quando já estava no chão.

No meio de uma ponte acima de uma lago. Em uma noite fria londrina. Meu terno estava coberto de sangue.

Comecei a tatear meu corpo a procura de onde havia o ferimento quando percebi que eu achei quem procurava.

"May..." sangue saia de sua boca, do vertido deslumbrante que me hipnotizou a noite toda

"Ilsa" gritei correndo até ela e vi o ferimento no abdômen

Rapidamente tirei meu blaser e cobri o ferimento, pressionando, olhei pro céu implorando a um Deus que sempre me pediram para acreditar que não deixasse isso acontecer.

"É perca de tempo!" Disse sarcástico o homem do outro lado da ponte

"É melhor começar a correr, porque eu juro por Deus, eu vou te encontrar. E eu vou te matar!" Eu disse com raiva

"Você pode tentar" disse antes de pegar o barco e sumir noite a dentro

"Deus... se você existe, por favor, eu imploro. Não." Eu estava desesperado, desamparado e assustado

"May, Maya" disse mas eu não conseguia olhar

Ela pôs a mão na minha bochecha mesmo com sangue. "Maji, olha pra mim por favor" virei e ela secou as lágrimas que eu nem sabia que estava escorrendo "Eu estou bem, vai ficar tudo bem. Isso não é culpa sua, ok. Está tudo bem!" Disse como se pudesse ler minha mente

Ela me conhecia tão bem.

"Desculpa" eu disse olhando no fundo dos olhos dela e ela apertou minha mão
"Só acaba com isso e volta pra casa, Maji" disse em um sussurro

Ela estava paliada, a boca pálida, e eu vi o brilho de seus olhos sumir diante de mim. Era isso.

E tudo era culpa minha.

————

Sai do hospital no automático.

Decidi chamar um Uber, eu não estava com cabeça ou em condição de dirigir agora.

Fui até um restaurante próximo que eu vinha quando criança com minha avó antes de morrer.

"Boa noite. Mesa pra quantos?" Perguntou o recepcionista do restaurante quando entrei
"Apenas um." Responde e ele me guiou para uma área mais silenciosa e eu agradeci aos céus por isso.
"Só um momento e já vão te atender. Tenha uma boa noite" disse e saiu

"Boa noite! Já decidiu o que gostaria de pedir?" Perguntou a garçonete
"Carbonara e um copo de uísque, por favor" ela anotou e saiu

Comi o mais calmo possível. Sempre apreciei a comida e o momento da refeição. Quando você se vê varia vezes em momento de vida ou morte você pensa nas coisas simples que não aproveitamos do dia a dia. E a comida se tornou sagrada.

Estava no meio para o fim da refeição quando alguém gritou. Uma mulher pedindo ajuda pelo marido praticamente desmaiado no meio do restaurante.

Hoje não é meu dia!

Blue Wood: Perdão, Cura e Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora