Pobres Corações Infelizes

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     Era uma vez, no mundo dos sonhos, uma garotinha que tinha pernas, saltava por um campo de margaridas sem fim

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     Era uma vez, no mundo dos sonhos, uma garotinha que tinha pernas, saltava por um campo de margaridas sem fim. No horizonte brotava o pai que corria com um sorriso de orelha a orelha estampado no rosto musculoso que um deus tinha Eles se abraçam e ali ela sabe que é a preferida, não se importar se consegue se sentir amada, nada lhe falta, tudo lhe pertence. Ninguém a supera, ela não é passada para trás, nunca é a última.
     Então Uliana acorda e lembra que vive à sombra dos irmãos, é uma negligenciada pelo irmão e alvo de pena daqueles que não a odiavam. Uliana não suportava ver seu povo  - a parte que gostava dela - se lamentando sempre que comparecia a algum evento real, se sentia uma defunta em seu próprio velório. Fitava os olhares tristonhos de sereias e tritões que só queriam o bem de sua princesa caçula e sempre chegava a conclusão do quão imbecis eles eram por demonstrar aquele tipo de sentimento à ela. Aquilo tornava mais exposta a situação de Uliana, que ela era uma coitadinha esquecida, à mercer das decisões de seu pai, Poseidon, de deixá-la longe de algum afazer maior do que administrar as cores dos peixes.

Que banalidade! Era pura estupidez para o Rei dos Mares.

     Certa vez ocorreu a chamada titanomaquia, uma guerra de dez explosivos anos que trouxe a derrota do deus Cronos e seus titãs. Os afazeres do mundo deviam ser divididos entre os filhos de Cronos, no entanto, Hades não tinha experiência suficiente que um deus deveria ter para governar o mundo, nas palavras de seu irmão mais velho Zeus.
   Enquanto isso, na ascensão de Poseidon, seu filho Tritão agia como o dono dos Sete Mares pelo simples fato de o pai os ter como posse. Uliana se mantinha sempre quieta diante dos absurdos que Tritão dizia e cometia. Ela não o temia, só esperava por sua queda. No meio disso, Úrsula via pelas entre linhas a tensão que ficava entre seus irmãos e  tentava aliviar dizendo coisas como:

— Tenho certeza de que papai governará bem. E nós, todos nós, estaremos ao seu lado para o que der e vier.

E Tritão retrucava:

— Você talvez, Úrsula - Tritão admirava o tridente de pedra minúsculo, uma imitação da sua maior cobiça.—  já a caçulinha, ficará cuidando para que as ordens se cumpram, como sempre. Não pode haver mais de um governante absoluto.

     Uliana engoliu essas palavras com ódio borbulhante e foi rastejando pela água sem querer ouvir a lição de moral que Úrsula daria em Tritão. Foi mar à fundo, onde a água era mais escura e cortante, e a pressão fazia seus tentáculos latejarem. ela, junta da irmã havia descoberto aquele resto esquelético de crocodilo gigante numa brincadeira de esconde-esconde. Era considerado um esconderijo desde então. Há tempos Úrsula deixara de visitar o lugar por conta de seus richa com Tritão para cuidar dos assuntos de Atlântida enquanto Poseidon travava a guerra - Tritão vivia se mordendo ao comentar o quão ridículo era um adolescentezinho com Hades lutar e ele não.
     Neste reino submerso Uliana acumulou poções, coisas humanas como estátuas, garfos e crânios. Também tinha os livros de feitiçaria que iam de envenenar maçãs até ressuscitar quem as comeu - mais tarde, Grimhilde faria um belo acordo pelo livro.

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