Prólogo

1 0 0
                                    

Quanto um corpo consegue suportar a dor sem se quebrar?
-Não me refiro à dor física, mas à dor mental. Dizem que corpo e mente são um só, e é verdade que ambos precisam um do outro para funcionar corretamente. Mas, se fôssemos colocá-los em um patamar de importância, é inegável que a mente deve estar acima. É simples: se você sofrer um arranhão no joelho, um corte no peito, ou até mesmo morrer, no mundo em que vivemos, curar esses ferimentos pode ser algo trivial. Para muitos aventureiros, até a morte é superável.

-Mas a mente? Não, não, não...
Não existe uma única magia fácil de ser adquirida,habilidade ou poção que possa restaurar completamente a mente de alguém. Pelo contrário, alguns desses métodos podem infligir ainda mais dano. Impressionante, não é? Diferente das feridas no corpo, essas cicatrizes mentais demoram a se curar, e mesmo as menores podem deixar marcas profundas.

-A única cura possível é aquela que você, junto com as pessoas em quem confia, pode criar. É um processo lento, mas certamente menos doloroso. Se sua mente for forte o suficiente, você já terá vencido parte dos seus problemas. Você pode suportar... mas será que consegue agir?

-O que eu penso sobre tudo isso?
Hmm, a resposta não é tão óbvia quanto parece. Talvez não estejamos sintonizados como eu imaginei. Mas vamos prosseguir...

-A parte mais importante de um ser é a alma. Embora ela faça parte do conjunto, é frequentemente esquecida-tanto que você nem sentiu sua falta ou me questionou sobre ela. A alma é, na verdade, a personificação do seu ser: seus sentimentos, ideais, conduta-tudo o que te representa. A maneira como você conduz seu corpo, como fala, e como as pessoas te veem é fruto da influência da sua alma.

-O que quero dizer é que tanto o corpo quanto a mente são subordinados à alma.

Ele se levanta de seu trono, suas palavras se tornam cada vez mais intensas:

-É por isto que a alma é a escolhida por mim! É por isso que ela é fascinante! É por isso que ela é MARAVILHOSA!

Ele se senta novamente, acalmando-se aos poucos:

-Acho... que agora você já deve ter uma ideia do meu propósito aqui... e, consequentemente, da minha motivação, você é sagaz o suficiente pra isso velho amigo. Mas quem poderia me culpar? Quando se tem uma bela flor à sua frente, você não a colhe? Mesmo que isso interfira no fluxo natural da terra que a nutre? Você não admitiria, não é?

-Não se engane, eu não sou apenas um fanático. Meus objetivos são muito maiores do que simplesmente uma coleção. Isso seria tolo diante de tantas oportunidades. Aquela alma pode mudar tudo o que foi mantido por tanto tempo. Minha própria obra prima. Mas claro, nada é tão simples. Ninguém e nada é bom o suficiente. Essa flor precisa ser cuidada para crescer e se tornar uma árvore capaz de rasgar os céus. Foi por isso que a enviei para outro campo, para que se fortalecesse o suficiente para cumprir o meu objetivo.

-Mas, chega de falar sobre mim.
Que a história agora siga com este outro ser. Uma história longa, predestinada a um caminho cheio de sangue, ódio e, claro, com sua própria essência cravada em uma vontade inabalável.

-----------------------------------------------------------------

Em uma floresta coberta pelas sombras projetadas de suas folhas perante o impetuoso sol de uma manhã gentil, um dia lindo á de se notar não é mesmo? Pássaros cantando, flores desabrochando, em um dia assim é o momento perfeito para se esquecer das putridas tragédias que a vida oferece sem reembolso. Dias como esse podem não ter preço, e não terá de esquecer as cores, um verde predominante, o azul dos céus, marrom vibrante dos cascos que por uma vez são as progenitoras do próprio verde. As cores mesmo distintas ainda sim se juntam e se embelezam, como uma bela pintura feita por um artista no ápice de sua mania, mas como toda pintura, sempre haverá o gotejo de tinta no lugar errado.
Em contraponto com todo aquele local, como se fosse uma zombaria contra a própria natureza, um tom de preto tendo uma reflexão de luz pode ser visto nos confins do mato, abaixo de uma árvore como qualquer outra, mas sua flora sendo a única a se protestar contra o resto.
Pode ser visto cinza metálico tomando a maior parte do ser, uma armadura intacta, usando um capuz como acessório, parece ter sido não mais que um dia parado ali, se qualquer um pudesse ver, diriam claramente que é um guarda morto por algum grupo de goblins ou bandidos, mas se fosse, não restaria nem o cheiro de ferrugem da armadura, então oque poderia ser a causa disso? E Como uma resposta a pergunta de alguém que não se pode ouvir, o ser demonstra um movimento genuíno parecendo mais uma impressão deixada , mas nada é por acaso.

Contos de Elísia - O Corvo Onde histórias criam vida. Descubra agora