Reconhecimento

1 0 0
                                    

Você acorda...
Fraco, desorientado, perdido, como se tivesse acabado de cair a um novo mundo. Tudo o que você vê é a implacável escuridão e o terror que ela carrega, até que seus sentidos começam a voltar. Seus olhos-ou o que quer que imite a fonte de sua visão-se abrem. Você ouve o farfalhar das folhas, os pássaros cantando em seu ritual de acasalamento.
O cheiro de-não, você não sente nada. Talvez não haja algo a ser sentido.
Após algum tempo, você decide tentar se levantar, apoiando-se na árvore em que estava encostado. Você espera sentir a leve pressão de algo em sua mão, mas não sente nada. Finalmente em pé, você se concentra no seu corpo, protegido por peças de metal. Pernas, braços... Você tenta tocar seu rosto. Não sente nada, mas sabe que há algo ali ao ouvir o som do metal se chocando-uma máscara.

As perguntas começam a inundar os resquícios do que resta de sua mente:

"O que está acontecendo?"

Você dá seus primeiros passos, com um barulho notável causado pela sua armadura completa.

"Onde estou?"

Adiante, você vê um lago exuberante, capaz de provocar emoções intensas-até lágrimas em algumas pessoas. Alguns ousariam dizer que é a visão mais próxima do paraíso.

"Por que não sinto nada?"

Você se aproxima do lago, ainda com passos desajeitados, tentando se acostumar ao movimento. Ajoelhando-se, você observa sua aparência. A imagem, embora ligeiramente distorcida pelas pequenas ondas no lago, revela o que você já imaginava: uma máscara.

"Por que estou usando isso?"

Você coloca a mão no rosto, tentando remover a máscara que esconde sua face, mas nada acontece. Ela não se mexe, nem um milímetro.

"Por que não sai?"

Você tenta novamente, desta vez com ambas as mãos. Você não sente, mas usa toda a sua força. E o que acontece? Nada. Nem o mais leve indício de que a máscara afrouxou.

"POR QUE NÃO SAI?!"

A emoção cresce em você-o desespero. O lago realmente reflete a intensidade de suas emoções. Você começa a arranhar, puxar, rasgar-qualquer coisa. Mas nada funciona. Todas as suas opções parecem ter sido lançadas ao inferno. Sua mente, oh, a mente, começa a juntar as peças: a falta de sensações, o fato de não sentir o toque, o vento, o frio da água ao tocá-la. A máscara... a maldita máscara que não sai.

"Quem eu sou?"

Você para. Essa última pergunta, feita a si mesmo, corta todas as linhas de racionalidade. A necessidade de provar a si mesmo que está errado, o sentimento de negação, toma conta de você. Uma última tentativa desesperada de provar sua própria identidade. Você agarra um de seus dedos e, com toda a sua força, o arranca. Nada...

Nada...

Nada...

Algo dentro de você se quebra, algo que não deveria sequer ser tocado.

Sua mente. O primeiro sinal de uma voz aparece.

"O que...-"

Isso. Faça a pergunta. Afunde-se no abismo da verdade. Perca tudo. Fique com menos do que nada. Aceite isso.

Ó cavaleiro, perca-se e quebre-se completamente no vazio que resta.

A voz finalmente emerge do fundo:

"O que eu sou?"

Diz o cavaleiro, com as mãos no rosto, como um sinal de vasta agonia.






-----------------------------------------------------------------


Um breve e vasto momento se passa na tentativa de assimilar tanta informação indesejada chegando de uma vez, até que ele decide se levantar.
Olha para ambos os lados, encontrando apenas árvores, mata e o lago à sua frente.
- Eu... eu preciso sair daqui primeiro e..., encontrar alguém que talvez possa me ajudar - diz a armadura para si mesma, mas com sinal claro da falta de esperança .
- Com sorte, talvez eu encontre e reconheça a pessoa por trás disso tudo. Eu sei que isso não é natural. - Ela olha pra ambas as mãos. -Isso não é normal.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Contos de Elísia - O Corvo Onde histórias criam vida. Descubra agora