1.Cap - Estou em casa.

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"Aaaaa, elas não chegam nunca!" - Luz resmungou enquanto se afundava no sofá, impaciente. Seus olhos estavam fixos na porta, esperando ansiosamente.

Finalmente, a porta se abriu, e Eda entra carregando uma caixa de cervejas em uma mão e várias sacolas na outra. Atrás dela, uma silhueta familiar apareceu, uma garota com uma mochila nas costas e uma mala nas mãos, entrando na casa junto de Eda.

"Chegamos, criança. Vem me ajudar a carregar as coisas" - exclamou Eda, vendo Luz se levantar do sofá e correr em sua direção. Luz passa direto por Eda, que fica no vácuo ao erguer uma sacola para Luz carregar.

"LÚCIAAAAAAA!"- Gritou Luz enquanto se jogava nos braços de sua irmã, quase derrubando-a.

"LUUZ!" - Responde Lúcia, retribuindo o abraço com força.

"Nossa, você cresceu." - Diz Luz em tom provocativo, olhando Lúcia de cima a baixo. "Quem diria que aquele cotoco de gente ia esticar tanto?"

"Você fala como se não tivéssemos a mesma idade." - Lúcia responde com uma sobrancelha arqueada enquanto se afasta ligeiramente do abraço.

"Ah, mas eu ainda sou alguns meses mais velha. Isso me dá direito a um desconto de idosa e, claro, a te zoar pra sempre." - Luz sorri, colocando as mãos na cintura.

"Se o desconto vier com um pacote de paciência pra te aturar, talvez eu até considere." - Lúcia rebate, rindo.

"E com um bônus de irmã irritante, claro. Porque, afinal, ser mais velha tem suas vantagens, né?" - Luz pisca.

Enquanto Luz e Lúcia trocam risos baixos, Eda surge da cozinha, com seu sorriso travesso de sempre. Ela se junta ao grupo, colocando algumas cervejas em cima da mesa com um gesto casual, como se fosse a coisa mais normal do mundo, e puxa um baralho do bolso.

"Pirralhas, que tal uma partida de canastrão? Aposto que eu posso ganhar de vocês duas, mesmo depois dessas cervejas. Ou será que vocês tem medo?" - Eda se joga no sofá e espalha as cartas pela mesa com um gesto dramático.

"Você ainda joga isso Eda? Pensei que só os dinossauros conheciam" - Diz Lúcia, colocando suas malas no sofá com a ajuda de Luz.

"Comigo, esse jogo nunca morre, só melhora com a idade, tipo eu." 

"Roubando até eu ganho, né, velhota viciada" - Luz provoca Eda, dando um sorriso sarcástico enquanto se senta ao lado dela.

"Roubando? Eu? É mais fácil você ganhar um prêmio de 'Melhor Aluno' do que eu trapacear!" - Eda solta uma gargalhada, balançando a cabeça como se a ideia fosse ridiculamente engraçada.

"Claro, até parece que as cartas não aparecem 'misteriosamente' na sua manga."  - Luz alfineta, fazendo um gesto teatral com as mãos, como se estivesse revelando uma grande conspiração.

"Ah, Luz, isso é só habilidade. Se você não consegue acompanhar, melhor ficar na torcida." - Eda dá um tapinha nas cartas como se fossem um truque secreto, seu sorriso se ampliando.

Lúcia observava a interação divertida entre Eda e Luz e não conseguiu evitar um risinho. Desde que Camila Noceda faleceu devido a um câncer terminal, Eda havia adotado as meninas e as tratava como se fossem suas próprias filhas. O jeito leve e engraçado de como estavam brincando era exatamente o que Lúcia precisava para se sentir bem de novo.

"Estou em casa." — sussurrou para si mesma, com um sorriso nostálgico no rosto.

[...]

Era de manhã e Eda me acordou aos gritos, praticamente me arrastando para fora da cama porque eu estava superar atrasada para o colégio. Fiz uma correria para me arrumar, vesti a primeira roupa que encontrei. Eda estava lá fora, buzinando como se o carro fosse explodir a qualquer momento. Sério, algum dia os vizinhos vão expulsar ela daqui com essa buzina.

When the past returns - (Lumity)Onde histórias criam vida. Descubra agora