Capítulo 4 - Algumas coisas que eu não te disse ainda.

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     Definitivamente, aquela não foi uma boa hora para Luke bater à porta de Nic. A atriz estava tão confusa, com raiva de si mesma, de Luke e, até mesmo, de Amelie, que não tinha nada a ver com os sentimentos dela pelo amigo. Nem Luke tinha, e ela sabia disso, mas estava enraivecida assim mesmo. Ela não sabia o que pensar, como agir, se deveria entender aquela saída de Luke com a outra mulher como uma afirmação de que estavam juntos, ou se ele foi apenas repreendê-la por ir à mesa deles no restaurante. O mais surpreendente de tudo, Nic pensava, era o fato de Luke não ter contado a ela quase nada sobre a suposta relação, já que eles eram confidentes. Mas ela não poderia julgá-lo, afinal, também guardava seus segredos.

_ Luke, podemos nos falar amanhã? Não estou me sentindo muito bem agora. - Nicola foi rapida em sua fala, assim que abriu a porta e viu que se tratava de Luke.

Ele, que estava com um sorriso no rosto, logo mudou sua expressão para uma mais séria e preocupada.

_ O que está sentindo? Eu mandei uma mensagem para você, mas você não viu. Fiquei preocupado. - ele respondeu, tocando o antebraço dela, a cabeça pendendo para o lado. - Vamos. Eu cuido de você.

_ Não, Luke. - ela interrompeu a iniciativa do rapaz para entrar em seu quarto com uma de suas mãos no peito dele, parando-o. - Amanhã, tá? Amanhã. - finalizou com um sorriso fraco, porque percebeu ter sido um pouco seca na primeira negativa.

Antes mesmo que ela se virasse totalmente para o lado e fechasse sua porta, o rapaz a impediu:

_ Por que não hoje? - ele insistiu, e ela revirou os olhos. - Não acha mesmo que vou te deixar aqui sem saber o por que desse comportamento, não é?

     Nic sempre achou que seu relacionamento com Luke fosse tão diferente dos outros devido à intimidade que eles tinham, devido à tranquilidade de serem eles mesmos quando estavam juntos. Os dois se conheciam como ninguém e percebiam quando havia algo de errado. Ela achava isso muito bom. Entretanto, naquele momento, ela queria que ele a conhecesse um pouco menos e percebesse menos quando ela ficava estranha.

_ Você não vai desistir, não é? - ela perguntou, deixando os ombros caírem. Ele fez que não com a cabeça. - Tudo bem, você venceu. - disse, caminhando para dentro e deixando a porta aberta para o rapaz entrar.

_ O que está sentindo? - Ele perguntou, sentando-se ao lado dela no pequeno sofá.

_ É só uma dorzinha de cabeça. Já vai passar.

_ Vou fingir que acredito que você, logo você, veio embora tão cedo por causa de uma "dorzinha" de cabeça. - ele rebateu, colocando a mão sobre a testa dela para conferir a temperatura.

_ "Logo você"... O que quis dizer com isso? - ela quis saber.

_ Ora, você é a pessoa que mais ama pessoas e que adora estar rodeada de gente que eu conheço. Você é a última a ir embora, Nic. - ele continuou, conferindo a pálpebra inferior dela.

   As mãos dele em seu rosto fizeram Nicola pensar se aquela era a sensação de pertencimento sobre a qual os poetas se referiam em seus sonetos mais apaixonados.

_ Nem vem. Você sempre fica até o final das festas em que vamos também. Nem parece aquele Luke de anos atrás que me dizia o quão odiosas são as festas. - ela disse, rindo baixinho.

_ Elas ficaram tão mais leves depois de você, que eu mal percebo as horas passarem. - foi só o que ele precisou dizer para a ela conter a risada. - Deve ter sido o efeito Nicola, eu acho. - Luke finalizou, acariciando o queixo da atriz, que também o olhava diretamente nos olhos.

     Seja lá quem tenha escrito isto que o perdoasse, mas, naquele momento, Luke quis fazer uma alteração na frase "os olhos são a janela da alma" para "os olhos azuis de Nicola são a janela da alma". Eram inebriantes. Luke queria fazer parte daquele oceano.

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⏰ Última atualização: Aug 18 ⏰

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