Encontrar um lugar para colocar Rosamaria dentro de seu aparamento não fora tão difícil; enfim, Eduarda finalmente encontrou uma função para a sua banheira desativada. Difícil mesmo fora carregar a vampira por dois lances de escada sem ser interceptada por nenhum vizinho.
Depois de abrir o porta-malas e verificar que o cilindro de óxido nitroso só duraria por mais três horas, ela não tivera outra escolha senão improvisar um plano. Buscara o tapete poeirento da sala de estar para enrolar o corpo, amarrara as extremidades com uma corda e o arrastara escadas acima.Morava num loft modesto, grande o suficiente para ela e um Border Collie viverem confortáveis. Já dentro do apartamento, Eduarda fechou o cachorro no quarto, tirou de seu arsenal as algemas feitas de prata diluída em ferro fundido, depois levou o tapete até o banheiro, arfante como um buldogue. Desfez as amarras e desenrolou Rosamaria para colocá-la dentro da banheira, e então algemá-la a um cano de aço da parede. Não era uma posição confortável, mas Duda não estava preocupada em ser uma boa anfitriã. As algemas a enfraqueceriam o suficiente para impedir que ela quebrasse a tubulação, mas não queimavam a pele tanto quanto as de prata pura. Ainda tinha alguns minutos antes do gás perder o efeito, e aproveitou-os para amordaçar a vampira com um pedaço de pano e fita adesiva. Era quase uma da manhã e, caso ela começasse a gritar, podia acordar os vizinhos e chamar atenção. A última coisa que a mercenária precisava era ter gente pensando em fuçar na sua vida.
Mesmo depois de todos aqueles anos trabalhando como caçadora freelancer, era a primeira vez que um sanguessuga entrava em seu apartamento. Também nunca tinha estado tão perto de um por tanto tempo, ao menos não tendo consciência disso. Ela e Eleanor dividiram uma sala de aula por três anos afinal.
Eles eram ainda mais fascinantes em tão pouca distância. A pele imaculada reluzindo contra a luz da lâmpada fosforescente parecia porcelana. Eduarda sentiu o impulso estender os dedos e sentir a lisura sob suas digitais, mas a ideia esvaneceu tão rápido quanto fumaça.
Ela marchou para fora do banheiro e pôs-se a organizar a bagunça que tinha feito ao arrastar o corpo da vampira. Sorte sua ter a maior parte de suas coisas encaixotadas.
Estava de mudança daquela cidade para nunca mais voltar. Por isso precisava tanto do dinheiro que pagariam por aquela vampira; ele a ajudaria a recomeçar em um lugar novo, no Nordeste do país.
Dentre as coisas que precisou recolher e colocar no lugar, um objeto prateado chamou sua atenção. Era uma bolsa pequena demais que só podia pertencer a uma pessoa.
Ao abri-la, encontrou algumas cédulas de dinheiro, um cartão, um batom chamado “Heartstaker” e um celular. Sentiu-se uma enxerida por estar revirando as coisas de Rosamaria, mas então se lembrou que ela estava acorrentada à sua banheira naquele mesmo momento e todo resquício de constrangimento foi embora num passe de mágica.
O celular estava bloqueado por um PIN de quatro dígitos e, por mais que provavelmente a combinação fosse alguma coisa estúpido tipo 1234 ou a data de nascimento dela, Targa plugou o aparelho em seu computador e usou o software caro que comprara na dark web para ter acesso a tudo que havia ali. Depois tirou uma garrafa de cerveja da geladeira e se sentou na bancada da cozinha para começar o que ela chamaria de uma “bisbilhotada com fins meramente científicos”.
Primeiro, abriu os aplicativos de mensagens, mas ainda era cedo demais para alguém ter dado falta dela, e a caçadora não se interessava nem um pouco pelo que aquela patricinha conversava. Então abriu a Galeria e, como qualquer pessoa faria, começou pelas pastas ocultas. Pulou a que claramente continha vídeo e fotos de Rosamaria de lingerie. Era uma sequestradora e uma xereta, mas não uma pervertida. A pasta seguinte lhe chamou atenção. Era uma coleção de registros em diferentes lugares com diferentes pessoas, ou melhor: cadáveres e muito sangue. Rosamaria aparecia em algumas delas, posando ao lado de suas vítimas, vez ou outra segurando documentos de identidade ou carteiras de motorista que identificavam os corpos. Eles eram homens, todos eles.
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Heartstalker (adaptação)
FanfictionEduarda Targa é uma caçadora de vampiros que faz de tudo para sobreviver. E Rosamaria Montibeller uma vampira riquinha com uma vida teoricamente perfeita. O casal não podia ser mais clichê. *Essa fanfic é uma adaptação do Livro Heartstalker, da auto...