Dois uniformes

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Era uma manhã ensolarada em Nova York, e Peter Parker acordou no pequeno apartamento que dividia com sua tia May no Queens. O sol atravessava as cortinas, aquecendo o quarto e sinalizando o início de um novo dia. Peter se espreguiçou, checando o celular para ver se havia alguma mensagem urgente. Nada. O que era bom, mas ele sabia que esse silêncio não duraria muito.

"Bom dia, tia May!", ele disse enquanto caminhava até a cozinha, onde o cheiro de café fresco e panquecas já dominava o ar.

"Bom dia, querido. Café da manhã está na mesa. Parece que o dia vai ser quente", respondeu tia May, com um sorriso acolhedor.

Depois de um café da manhã rápido e de uma breve conversa sobre o dia, Peter voltou ao quarto para pegar seu traje. Ele o olhou por um momento, pensando em como a vida era complicada com tantas responsabilidades. "É, Parker, você é o único cara que precisa de mais de um uniforme para o trabalho", disse para si mesmo, antes de esconder o traje debaixo do moletom e jeans.

Na rua, enquanto caminhava para o metrô, Peter não resistiu à tentação de verificar as ruas lá de cima. Com uma rápida olhada para os lados, ele disparou sua teia e, em segundos, já estava balançando entre os prédios, sentindo a liberdade e a responsabilidade que vinham com ser o Homem-Aranha.

Durante o percurso, ele parou para ajudar uma senhora a atravessar a rua, depois impediu que um entregador derrubasse uma pilha de caixas. "Alguém tem que manter a cidade em ordem, certo?", ele comentou, se dirigindo ao leitor com um sorriso, antes de continuar seu caminho.

Chegando à universidade, Peter tirou o traje e voltou à sua identidade civil. Durante a aula de biologia, ele tentava se concentrar, mas era difícil. Sua mente estava ocupada com a ideia de que, a qualquer momento, ele poderia ser chamado para uma emergência.

Depois das aulas, Peter se encontrou com MJ no café local. Eles conversaram, riram, e por um breve momento, Peter se sentiu um jovem normal. Mas, enquanto MJ falava sobre os planos para o fim de semana, ele recebeu uma notificação no celular. Um assalto em andamento. "Droga... sempre na hora errada", pensou. "Eu preciso ir, MJ. Prometo que compenso depois."

Saindo rapidamente do café, ele se escondeu em um beco, vestiu o traje e correu para a cena do crime. Mas, ao chegar lá, tudo já estava resolvido. "De novo não...", ele murmurou. Os criminosos estavam amarrados, a polícia estava a caminho, e não havia sinal de quem havia feito aquilo.

Esse padrão se repetiu nos próximos dias. Sempre que Peter era chamado para uma emergência, ele chegava e encontrava o trabalho já feito. Mas, o que o deixava inquieto era a brutalidade com que esses crimes eram resolvidos. Não eram apenas ladrões amarrados, mas também cenas violentas que ele nunca associaria a outro herói. Corpos quebrados, marcas de luta feroz — algo diferente estava acontecendo. "Tá ficando chato ser o segundo a chegar no meu próprio trabalho, sabe? Tipo, qual é o ponto de ser o Homem-Aranha se alguém tá fazendo isso por mim?", ele disse, olhando diretamente para o leitor enquanto balançava pela cidade.

No meio desse turbilhão, Peter se encontrou com Ned Leeds na cantina da universidade.

"Ei, Peter, você viu a notícia hoje? O Clarim Diário tá falando que o Homem-Aranha tá meio... fora de controle."

"Sério? O que eles estão dizendo?"

"Dizem que ele tá agindo de um jeito bem mais violento. Tipo, os criminosos tão sendo encontrados com ossos quebrados e tudo mais. Acham até que pode não ser ele de verdade."

"Nossa, isso é pesado. O Clarim Diário sempre exagera um pouco. Deve ser só mais uma manchete sensacionalista."

"Pode ser. Mas, sei lá, parece que a coisa tá diferente dessa vez. Espero que não seja nada sério."

"Com certeza. Só o Clarim Diário querendo vender jornal. Vamos esperar pra ver como as coisas se desenrolam."

Peter riu, mas por dentro estava inquieto. "Ned não está totalmente errado. Algo tá acontecendo, e preciso descobrir o que é antes que as coisas fiquem fora de controle", pensou, enquanto se despedia de Ned e seguia para mais um dia de aulas.

Em uma dessas noites, Peter, já frustrado, decidiu estender sua patrulha por mais tempo. Ele visitou os pontos mais problemáticos de Nova York, parou pequenos crimes, ajudou moradores de rua e até salvou um gato preso em uma árvore. "A vida de super-herói não é só grandes batalhas. Tem também esses momentos menores, mas que fazem toda a diferença. E, sinceramente? Eu curto isso", comentou, enquanto devolvia o gato para sua dona.

Mas, mesmo com todos esses pequenos feitos, algo o incomodava. Quem estava por trás desses salvamentos maiores? E por que estavam atuando na surdina? E, o mais importante, por que estavam sendo tão violentos?

Na quarta noite dessa estranha rotina, Peter se pegou pensando enquanto observava a cidade do alto de um arranha-céu. "Tem algo acontecendo aqui. Algum outro herói na área, ou talvez alguém que quer provar um ponto. Seja como for, acho que vou ter que descobrir na base do velho estilo Parker: dando cabeçadas até as coisas fazerem sentido."

Peter sabia que, no final das contas, não importava quem mais estava lá fora. Nova York ainda era sua responsabilidade. E, enquanto estivesse por perto, ele faria de tudo para proteger a cidade — mesmo que isso significasse ter que competir com outro herói misterioso.

O Espetacular Homem-Aranha: Teias CruzadasOnde histórias criam vida. Descubra agora