End Game ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

16 ━━━ We'll see, Vincent Hacker

10 de junho de 2024

ELITE WAY SCHOOL

08:34 P.M

VINCENT ESTAVA SENTADO AO LADO DE JULIE JOHNSON NA MESA DA SALA DE AULA. Ele parecia distraído, mas mantinha uma conversa casual com ela, começando a notar com mais clareza os traços do rosto dela após lembrar dos comentários de Brooke sobre a aparência de Julie. Ele reparou em seu rosto lavado, que parecia um pouco pálido sob a luz fluorescente da sala, e nas olheiras escuras que contrastavam com sua pele parda, sugerindo noites mal dormidas. As unhas de Julie estavam roídas até os tocos, mas o que mais lhe chamou a atenção foram os dentes de Julie. Eram tortos e amarelados, detalhes que ele nunca tinha notado tanto, mas que agora se destacavam. Ele se xingou mentalmente por estar a observando com tanta minúcia, sentindo-se desconfortável por notar essas imperfeições. Julie continuava perto dele, rindo de algo que tinha dito, e ele tentou se concentrar na conversa, mas era impossível não reparar nesses detalhes que antes lhe passavam despercebidos.

— Vincent? Está tudo bem? — Julie perguntou, após notar que ele a encarava com certa intensidade.

— Ah, estou sim, por quê? — Vincent quase gaguejou, mas manteve a voz firme. Ele se ajeitou na cadeira, tentando parecer descontraído.

— Nada, você só estava me encarando de um jeito estranho. O que foi? Tem alguma sujeira no meu rosto? — questionou Julie, um pouco preocupada.

— Não, não. Não há nada de errado com o seu rosto, Julie, eu só... você está linda hoje — falou Vincent rapidamente, fazendo Julie corar. Vincent se xingou mentalmente de novo por ter dito o que disse. Afinal, não era o que ele planejava dizer, mas também não podia simplesmente falar que estava reparando nos dentes tortos e amarelados da melhor amiga. Julie sorriu, um pouco tímida, e agradeceu o elogio. Vincent tentou desviar o olhar, concentrando-se na chegada do professor de História, mas a imagem dos detalhes que havia notado ainda persistia em sua mente.

— Bom dia, alunos — disse Norman Thompson, com um tom de voz firme e confiante, ao ligar o projetor que iluminou a tela branca na frente da sala. Os alunos imediatamente silenciaram e voltaram sua atenção para o professor. Ele continuou, enquanto ajeitava seus óculos e se posicionava ao lado da tela — Hoje daremos início às apresentações dos trabalhos sobre a Segunda Guerra Mundial. Espero que todos tenham se preparado e feito um bom trabalho — Thompson então caminhou até a sua mesa, onde se sentou e abriu o MacBook prateado, digitando rapidamente algumas teclas. Ele olhou para a turma por um breve momento antes de anunciar, com uma voz clara e autoritária — O primeiro grupo a se apresentar será composto por Vincent Kensington, Brooke Clarke e Julie Johnson.

Brooke foi a primeira a levantar-se. Com passos determinados e uma confiança inabalável, ela caminhou até a frente da sala, seguida de perto por Vincent e Julie. Ao se posicionarem diante da turma, Brooke tomou seu lugar ao lado de Julie, notando imediatamente o papel que a garota segurava entre as mãos. Curiosa e um pouco preocupada, ela perguntou:

— O que é isso, Julie?

— Um papel? — ela respondeu com um tom sarcástico. Brooke estreitou os olhos, percebendo rapidamente o verdadeiro propósito do papel. Com um suspiro impaciente e um olhar de reprovação, ela rebateu:

— Uma cola, você quer dizer — Rolando os olhos discretamente, Brooke soltou um leve bufo e se virou para Vincent. Com uma expressão séria, ela sussurrou com urgência: — Vincent, sua amiguinha está com uma cola na mão. Se o professor perceber, vamos todos perder pontos.

Vincent olhou para Brooke, suas sobrancelhas franzidas em uma mistura de preocupação e descrença. Ele lançou um rápido olhar para Julie, que ainda mantinha o papel firmemente nas mãos, sem acreditar que ela realmente estava fazendo isso. Vincent recordou as inúmeras conversas que tiveram, onde Julie garantiu que, apesar de estar ajudando sua mãe no trabalho, ainda encontraria tempo para estudar e se preparar. Ele confiou nela, confiou que sua melhor amiga estava sendo sincera. Vê-la agora, com uma cola, era uma traição inesperada.