Capítulo 19

181 34 5
                                    


Brandy

Tive muito poucas oportunidades de ser útil durante nosso tempo na feitoria de Pikko. Kando tinha feito todas as coisas heroicas. Fiz o possível para ficar fora do caminho ou para acompanhar. Durante o tempo em que ele estava sendo reparado, Yervi ajudou. Sem nenhum deles, duvido que teria feito isso. Então, foi emocionante poder contribuir com a maneira estranha e inesperada de abater lutadores dos Morr-ta.

Quem diria que a negligência da infância acabaria me dando uma habilidade útil para salvar nossas vidas? Passei uma parte considerável da minha infância em várias aulas : tênis, dança (deus, como eu odiava dançar), vela, cavalgadas e desfile de tutores, dos quais eu não precisava, mas quando não estava em uma dessas atividades, meus pais enxotavam meu irmão e a mim para a sala de jogos em que haviam pago uma fortuna. Houve um tempo em que me ressenti disso, mas devo agradecê-los. E aos criadores de Dark Rangers VII.  Era perturbadoramente semelhante à interface de armas desta nave.

Saímos da viagem sub-iluminada para um trecho de espaço escuro e de aparência deserta. Sem estrelas brilhantes, sem nebulosas bonitas. Nada.

Kando manobrou a nave em direção a uma lua escarpada. Era pequena, com o que parecia gelo projetando-se por toda a superfície. Prendi a respiração enquanto ele dirigia a nave para uma fenda estreita e voava para baixo, sob a superfície coberta de fragmentos. A caverna mudou quanto mais fundo íamos. As paredes mudaram de gelo para um túnel, elegante e liso, e iluminado com luzes brancas pálidas.

Eu estava começando a sentir que íamos voar direto para o outro lado, quando ele se abriu em um grande hangar. Muitas naves pousadas em plataformas de pouso, algumas embarcadas e descarregadas. Abaixamos em um, e só então Kando soltou um grande suspiro de alívio.

Conseguimos! — Encontrei a pedra embrulhada em pano em meu bolso e esfreguei-a entre os dedos. Parecia que faz séculos quando a pequena Morr-ta me deu. Estavam a salvo.

Ele virou a cabeça, encontrando meu olhar.

Eu tive muitas fugas arriscadas. Isso foi o mais próximo...

— Mesmo? — Mordi meu lábio inferior. — O mais perto?

Ele esfregou as mãos no rosto.

Bem, cheguei mais perto de morrer, sim, mas foi o mais perto que cheguei de perder tudo. — Seus olhos encontraram os meus. — Eu nunca tive que fugir com alguém de quem eu gostava. Como minha companheira.

Meu coração derreteu. Ele parecia que ainda estava tentando usar essa palavra. Como se ainda não parecesse real para ele. Isso estava bem. Era apenas vagamente real para mim, e eu meio que me decidi sobre ele antes que ele sobre mim.

Essa coisa de comunicação não foi fácil para nenhum de nós. Eu era tão nova no negócio de “companheiro” quanto ele. Era o emocionalmente marcado e o emocionalmente negligenciado, tentando dizer um ao outro que se importavam um com o outro. Seria ridículo, se não fosse a minha vida. Motivo pelo qual as palavras idiotas que saíram da minha boca foram:

Ah, obrigada, Kando.

Saímos da nave e começamos a caminhar pelo hangar em direção a um grande arco. Deve levar às partes habitadas da base Tyro.

Você tem o núcleo de dados de Yervi? - Ele perguntou.

Eu o segurei.

Não sei o que você fará com isso. — Enviei a ele um olhar sombrio. — Ainda não consigo acreditar que você fez isso com ele.

Saved by the Stryxian (LIVRO 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora