Capítulo 66 °

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•°•° Peter °•°•

Estou tão orgulhoso da Mellany que sequer sei expressar, por isso, tudo que consigo fazer é olhar para ela como um bobo apaixonado. Meu amor parece transbordar pelos meus olhos brilhando ao ver tudo que ela está fazendo e não somente isso, ela está muito gata com a roupa que está usando. O que me faz ter pensamentos que não são plausíveis para o momento.

A mulher que está diante de mim, bem no centro da praça, com um olhar confiante e uma postura inabalável nada se parece com a garota que conheci tempos atrás. Mas, não foi somente ela que mudou, sua chegada trouxe o melhor de mim e me fez buscar o controle mesmo quando eu achava que não tinha necessidade de me controlar. Ela conquistou o lobo e se tornou a única capaz de receber todo o meu amor e admiração.

Meu lapso de admiração é substituído por um sentimento de preocupação quando a ruiva grita para que a guerra acabe e parece liberar todo o seu poder, que se ergue em direção ao céu com as cores dos elementos bailando como se estivessem felizes. Mas, não é isso que me preocupa, é quando essa magia parece sugar outra mais escura e perigosa, que nos faz crer que as trevas que rodeiam a maldição era mais forte do que pensávamos.

A magia das trevas que é sugada parece muito poderosa e conforme é puxada para ser extinguida, faz com que Mellany caia de joelhos no chão, parecendo não suportar essa briga. Minha primeira reação é tentar correr em direção a ela, para ajudá-la, mas meu braço é segurado por Valerin e sua negativa com a cabeça me faz crer que não posso interferir nesse momento, mesmo querendo muito.

— Ela vai conseguir! — É a única coisa que diz.

Sei que ela vai conseguir, mas ver que está sentindo dor e saber que a expressão em seu rosto demonstra que está doendo muito, me faz querer correr até ela, abraçá-la e receber toda a carga de ódio que a maldição que não quer ser quebrada lança.

Ela é poderosa o suficiente para isso, mas não quer dizer que tenho de ficar de longe observando ela sofrer, posso estar ao lado dela, segurando sua mão e tornar seu martírio ameno.

— Seu amor pela sua rainha não fez com que lutasse para livrá-la das trevas e lançasse essa maldição? — Questiono o rei que fica sem entender. — Meu amor pela minha princesa me faz correr para o caos sem nem pensar duas vezes.

— Ela...

— O amor foi a causa dessa maldição, nada mais justo do que ser também a causa da destruição dela. — O homem, mesmo relutante, parece entender minha fala e se afasta, parecendo aceitar meu argumento.

Olho para a princesa, ela tenta se levantar para terminar de sugar todo o caos que a maldição emana, mas cai novamente e solta um grito bem alto de dor.

— Todos... — Grito tendo uma ideia e virando para os habitantes presentes. — Por anos essa maldição vem causando discórdia e ódio, separando a todos e minando nos corações um sentimento que não deveria existir. A escolhida é a única que pode acabar com essa maldição, mas isso não quer dizer que não podemos ajudá-la, afinal, fazemos parte disso. Todos os bruxos, bruxas, fadas e mestiços dessas raças que estiverem aqui, lancem seu poder em direção a princesa e ajudem-na a findar essa guerra.

Me viro para ela novamente e faço o que disse, para aqueles que ainda estão relutantes façam o mesmo. Estendo minhas mãos e deixo que a minha energia corra de mim e vá até ela. Somente o meu poder do elemento da água já é suficiente para fazer com que a magia dela cresça e vendo isso, todos começam a fazer o mesmo.

Abro um sorriso quando a princesa olha em minha direção, como se estivesse agradecida pela ajuda e fica de pé, parecendo sobrecarregada com toda a magia de um só povo. Ela começa a movimentar as mãos como se estivesse enclausurando seu poder e o de todos em uma bola, fazendo diminuir cada vez mais e as trevas chegarem cada vez mais perto dela.

Quando o poder com as cores dos elementos está todo concentrado em uma bola na palma de suas mãos, apenas uma fina camada de poder protege seu corpo e logo ela some de minha vista quando as trevas formam uma bola preta em todo o seu contorno.

Todos ficam assustados ao meu redor, achando que é o fim dela, mas sei que é apenas sua tática para acabar com isso de uma vez por todas. Sinto isso.

— Um, dois, três... — Termino de contar e em seguida, uma luz extremamente forte explode dentro do casulo preto e preciso cobrir meu rosto para não ficar cego com todo o poder liberado.

Volto a olhar para frente, as trevas sumiram e somente a princesa está de pé, parecendo bem fraca. Corro em sua direção antes que seu corpo perca as forças e consigo segurá-la antes que atinja o chão.

— Eu consegui? — Sua pergunta vem em um sussurro e seus olhos fechados mostram que parece prestes a desmaiar.

Olho ao redor, vendo que todos estão comemorando, se abraçando e alegres por, finalmente, a maldição ter acabado.

— Sim, você conseguiu. — Respondo enquanto aperto seu corpo contra meu peito. — Você conseguiu!

— Nós conseguimos. — Sussurra e assinto. — Obrigada por acreditar em mim. — Acabo sorrindo e beijo o topo de sua cabeça.

— Acho que tem gente querendo falar. — Digo e a princesa resmunga descontente, mas saí de meu colo e fica de pé em minha frente, comigo segurando em sua cintura para sustentar seu corpo fraco.

Majestade. — O rei e a rainha das fadas, além do tal Tiel e Liora se ajoelham diante de nós saudando a princesa.

— Que o seu reinado seja repleto de bençãos e sabedoria, somos gratos por ter alguém assim para nos proteger. — Valerin diz.

— Espera... — Minha princesa se ajeita e olha para eles. — Não ficarei aqui, não é minha intenção governar vocês. Já estou fugindo de um que deveria reinar. — Parece que o contato com a natureza ao redor está fazendo ela se recuperar aos poucos, mas finjo que não percebi apenas para ficar mais perto dela enquanto seguro em sua cintura. — Acabei com a maldição e espero que essa palhaçada de se meter nos relacionamentos alheios parem. Mas, aqui não é meu lugar.

— Não vai ficar? — A fada que acabou de recuperar as asas pergunta. — Pensamos que...

— Confio em vocês para continuar o que estavam fazendo e espero que com a maldição quebrada, possam governar com mais sabedoria. Irei para casa e sempre virei aqui para visitá-los, mas não ficarei. Eu só preciso... — A ruiva para de falar e movimenta as mãos, fazendo com que a gaiola que antes estava presa volte a se montar e Tiel e Liora apareçam dentro dela, com um colar bem grosso ao redor do pescoço, como ela estava quando cheguei aqui. — Isso é por tudo que me fizeram passar. — Mellany diz olhando para eles. — E considerem isso como sorte, pois minha intenção era arrancar cabeças, mas... — Olha para mim e faço que não. — Droga... — Resmunga voltando a olhar para frente. — Não seria certo. — Diz entre dentes.

Minha garota. — Sussurro perto do ouvido dela e sua pose de irritada logo se desfaz.

Peter! — Chama minha atenção, mas as bochechas avermelhadas acusam o efeito que tenho sobre ela. — Por favor, fiquem aqui por um tempo e depois soltem eles. Um dia é suficiente... ou três. — Ela diz olhando para o rei e a rainha das fadas. — Sei que o que fizeram foi por causa de uma maldição e tudo mais, mas minha cota de perdão já foi ultrapassada, preciso de mais um tempo para perdoá-los.

— Nós entendemos. — Liora e Tiel gritam de onde estão, acho que se a Mellany torturasse eles, não iriam ficar com raiva por ela ser a escolhida.

— Melhor eu ir antes de aumentar a punição. — Diz se virando para mim e acabo rindo. — Voltarei em breve. — Diz para as fadas que fazem mais uma reverência.

— Hora de ir para casa. — Comento.

— Hora de responder muitas perguntas. — Diz com um sorriso maroto.

— Promessa é dívida. — Sussurro antes de encostar meus lábios nos dela e fazer uma nuvem de magia nos transportar para longe desse reino.

Um lobo em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora