•°• Mellany •°••
Estava me sentindo realmente bem naquele lugar, mas minha barriga começou a roncar, estou com fome, mas as frutas daqui não são suficientes para me satisfazer. Além da fome que a cada momento cresce, minhas roupas ainda estão úmidas e sinto nervoso só de segurar. Pelo céu estrelado, está bem tarde e tenho certeza que o homem já foi dormir. O melhor é que me deixou aqui e sumiu.
Estendo o vestido frente ao meu corpo, para tapar a nudez da frente e ando em direção a casa. Tomara que ele esteja dormindo, estou torcendo para isso. Não é como se fosse me ver nua pela primeira vez, mas ainda parece muito errado.
Me senti muito estranha após cairmos na água, um sentimento esquisito se apoderou de mim e isso acontece sempre que ele está por perto. Não gosto de como isso me deixa nervosa. Quando acariciou meu rosto e falou sobre meus olhos, me senti hipnotizada e por sorte, consegui me afastar. Certamente, a loucura dele já está me afetando.
— Ele deve estar dormindo agora. — Me convenço disso enquanto ando até a casa dele. Entro pela porta enorme, mas paro quando escuto um farfalhar ao meu lado, fico de lado e olho para a sala principal. O homem está passando a página de um livro, o que fez o barulho que me chamou a atenção e parece distraído, porém não consigo me mexer. — Minhas roupas ainda estão molhadas. — Ele desvia o olhar para mim e consigo resmungar algo coerente.
Não entendo quando ele se levanta, com um semblante que não consigo decifrar e me sinto como um animal indefeso. Começo a andar para trás à medida que o homem anda para frente, não quero correr e deixar que veja minha nudez atrás. Aperto com força o vestido frente ao meu corpo, ignorando a sensação que me causa e fecho os olhos.
Sinto a presença do homem em minha frente, mas sequer respiro. Fico confusa quando sinto um tecido macio ser colocado em meus ombros, abro os olhos e vejo que ele retirou o casaco enorme que vestia e colocou em mim.
— Veste isso, vai acabar ficando doente. — Fico chocada com a fala dele e mais ainda quando recua um passo, fica de costas e parece esperar. Acho que está me dando privacidade, e mesmo se não for, aproveito isso para deixar o vestido cair e fechar a roupa ao meu redor. Fica enorme, mas me deixa tão quentinha. Acho que cabe duas de mim aqui dentro.
— Pronto? — Minha fala sai mais como uma pergunta. — Obrigada, mas... você está bem? — Encaro ele desconfiada.
— Melhor que nunca. — Diz abrindo um sorriso e voltando para o sofá.
O homem se senta como se estivesse tudo bem, balanço a cabeça e ando em direção ao quarto. Que homem estranho. Quem era aquele? Certamente, não é o mesmo homem que convivi durante esses dias.
Estou na metade da escada quando esse enigma fica difícil demais para mim e volto, indo em direção a cozinha para comer algo. Deve ter uma explicação para esse comportamento. Ele nunca se importou comigo, o que foi isso? Qual é o problema em ficar doente? Foi ele quem mais me adoeceu desde que cheguei. Não entendo.
Não consegui ficar tranquila mesmo enquanto comia, a gentileza dele me causou mais estranheza do que o normal. Desde que ele se transformou em lobo e me mordeu que está assim, só piorou depois que falou com a tia. Não que isso seja ruim, é bom que me trate como uma pessoa, mas sinto que isso pode vir acompanhado de algo não benéfico para mim. Ninguém muda de um dia para outro. Ou muda?
Saio da cozinha e sigo em direção a sala, ele continua na mesma posição que antes. Entro em silêncio, me sento no sofá mais afastado e fico olhando para ele, completamente, desconfiada. Qual será o plano? Ele me olha, franze a testa, mas logo ignora minha presença e volta ao livro.
— O que você e sua tia estavam conversando? — Pergunto e ele continua olhando pro livro. — Era sobre mim, não é?
— Não é da sua conta. — Diz sem tirar os olhos do livro.
— É sim. — Falo e começo a bater o pé no chão. — A partir do momento em que me torno o foco do assunto, acho que posso saber. É feio cochichar sobre os outros.
— Dá pra parar? Estou lendo. — Parece irritado, mas não consigo ficar quieta, a situação está me deixando inquieta.
— O que é isso? Um diário? — Sou ignorada. — Você é insuportável. — Nem ofendendo ele me dá atenção. — Você iria me matar no dia em que me mordeu, por que parou? — Tento uma abordagem diferente e vejo ele engolir a saliva com dificuldade, parece bem nervoso. Aí está o ponto que preciso chegar.
— Não queria. — A mentira escorre pelos seus lábios.
— Você está mentindo. — Acuso e ele bufa alto.
— Não estou! — Quase grita. — Agora, vai dormir e me deixe ler em paz. — Não me sinto intimidada com sua ordem.
— Está sim, sei quando as pessoas estão falando a verdade ou mentindo, sendo sinceros ou não. Naquela hora, depois que cai da árvore, senti que você estava sendo sincero, mesmo que eu não consiga te perdoar, mas, agora você está mentindo. — Ele me olha espantado e faço careta.
Parece que sua paciência se esgotou, pois apenas levanta, fecha o livro e vai em direção a saída. Me ignorando totalmente, como se fosse uma pessoa desprezível.
— Não me deixe falando sozinha! — Levanto gritando, totalmente ressentida com sua forma de me tratar.
Ele para de andar quando os quadros da parede começam a cair e os vidros se quebram. Fico assustada olhando para todo o caos que começa a se formar, pulando de pavor a cada barulho de vidro e vasos quebrados. O que está acontecendo? Sinto como se algo estivesse saindo de mim, me controlando e consumindo.
Olho para Peter, para saber se ele é quem está causando isso, mas tudo que consigo fazer é apoiar na parede e me forçar a manter os olhos abertos. Não consigo, um cansaço se apodera do meu corpo e caio, mas sinto braços fortes antes de cair na escuridão.
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Olá, amores. Tudo bem?
Fiz um grupo no whats.app para meus leitores, caso queiram participar. O link está em meu perfil do insta.gram, que é: @melpimentelautora . Me sigam lá e também entrem no grupo se acharem uma boa :*
Beijos e até o próximo capítulo <3
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Um lobo em minha vida
Loup-garouMarcado pela dor, cego pela vingança. Uma princesa inocente, um rapto, um encontro predestinado, um amor que ligará duas almas por toda a vida. Anos atrás, Peter, sofreu a maior dor que alguém poderia sentir. Viu sua mãe ser assassinada diante de se...