O sol já estava quase nascendo. Violet observava os guardas andando de um lado para o outro enquanto preparavam o planador para a viagem. Era um navio voador gigante feito de metal com duas asas em cada lado, cabia mais de cinquenta soldados. Violet só havia entrado nele algumas vezes, e foi uma das melhores sensações que ela já teve.– Você está aqui. O duque mandou te entregar sua espada – disse Evan, enquanto entregava uma espada enferrujada a Violet. Evan era um dos poucos amigos que ela havia feito nos anos que esteve ali.
– Obrigada – resmungou Violet.
– Pra que você quer essa coisa? – perguntou Evan confuso, sentando-se ao lado de Violet.
– Não é uma espada comum, mas você não entenderia – disse Violet, não querendo entrar em detalhes.
– Eu já vi inúmeros itens mágicos, mas essa espada não emite nenhuma energia – falou Evan, olhando para o planador.
– Como eu disse, você não entenderia – respondeu Violet, levantando-se.
– Onde está meu pai?
– Ele partiu para o templo na cidade real. Disse que tinha algo para resolver antes de ir para Lorburn – disse Evan, enquanto arrumava seus cabelos castanhos.
– Certo. E quando nós partimos?
– Na verdade, já vamos embarcar. Só estávamos esperando a capitã Freya – respondeu Evan, levantando-se também. Freya era uma das poucas mulheres que conseguiram virar soldados. Chamam ela de tempestade vermelha, e Violet tinha quase certeza que não era por causa dos seus cabelos ruivos. Dizem que ela tinha em torno de seus 15 anos quando o pai de Violet a encontrou ferida e quase morta na beira de um rio. Brander a treinou e a acolheu como uma filha. Agora, ela comanda um esquadrão de cavaleiros de elite treinados por ela. Evan é o braço direito dela.
– Mas Freya não estava na cidade real? – perguntou Violet.
– Estava, mas a missão dela acabou mais cedo – falou Evan, seguindo Violet em direção às pontes de madeira que levam a uma das cabines do planador. Havia 5 cabines, juntas por cabos de aço. Cada cabine tinha dez assentos acolchoados.
– Você acha que meu pai vai demorar?
– Provavelmente não. O rei colocou a vila de Lorburn em estado de propriedade nível 1 – disse Evan, subindo em uma das pontes que leva à cabine principal.
– Então vai ter outros além de nós? – disse Violet, enquanto seguia Evan.
– Provavelmente vai – disse Evan, abrindo a porta da cabine.
Eles seguiram para dentro da cabine, onde estavam Freya, outros quatro soldados e três condutores. Evan foi até Freya, enquanto Violet cruzava o corredor até um assento vazio ao lado de um soldado.
Um dos condutores pediu a todos que colocassem os cintos e se preparassem para a decolagem. Violet colocou o cinto e fechou os olhos, se preparando. A cabine começou a tremer e um barulho alto ecoou pelos ouvidos de Violet. Finalmente, o planador decolou. A garota abriu os olhos após a máquina estabilizar, e Violet sorriu como uma criança ao olhar pela janela e ver as nuvens. Porém, ela não conseguia esquecer o motivo da viagem. Ela temia por sua irmã.
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Horas depois, o planador pousou perfeitamente entre as centenas de outros. Todos saíram da cabine rapidamente. Violet olhou para trás em busca de Evan e suspirou, sabendo que teria que esperar por ele. Seu pai a havia alertado sobre sair sozinha por aí, não que algo pudesse assustá-la ou feri-la. Na verdade, o treinamento com Brander e Tani a tornara uma pessoa muito forte. Conseguia derrotar uma pessoa com um golpe sem muito esforço.
Violet estava esperando Evan para ir à sua antiga casa.
– Por que demorou tanto? – perguntou Violet, vendo Evan sair pela porta.
– Sua irmã pediu para eu fazer um relatório – disse Evan, passando por ela.
Violet estava ansiosa para ver sua família e preocupada em como eles iriam reagir depois de tanto tempo. A vila estava silenciosa. À medida que eles caminhavam, podiam ver o rastro de destruição. Tinha casas destruídas por toda parte, e a igreja que ficava no centro da vila estava totalmente em ruínas. Nunca teve um ataque como esse antes. Infernais andavam em bandos, porém, nunca mais que dez ou quinze. Por isso, havia centenas de soldados vindos de todo o continente. Todos sabiam que aquele lugar se tornaria o centro do furacão, e uma guerra estava se aproximando.