Além das Ondas (Sope)

Capítulo 1

Jung Hoseok

Eu estava cansado e fatigado de nadar. Sentei-me na rocha, no ar livre, e descansei, observando minhas crias brincarem. O sol já estava sumindo no horizonte, meu irmão e meu primo brincavam de lutinha, a água espalhava em todas as direções e a cauda de ambos subiam e desciam sem intervalo. As risadas deles preenchiam o ar e o mar, agitado, invadia a areia com bravura. Eu não sabia de onde vinha tanta energia.

Fiz uma careta, balançando a cabeça quando meu irmão, Jimin, agarrou a cauda de Taehyung com força, puxando-o. Herdado dos nossos antepassados, nossas caudas eram da cor azul-marinho e nossos cabelos tinham um tom de castanho. Nosso clã era conhecido por ter essas características e eu ficava feliz por isso. Nossa genética era boa.

— Que merda, Jimin, pare com isso! — Taehyung, meu primo, reclamou, afundando a cabeça do meu irmão na água. Mas não adiantava muito, respiramos debaixo da água, era uma vingança em vão.

— Você que começou, eu estava quieto no meu canto — Jimin disse, batendo na mão de Taehyung, se livrando do toque.

Suspirei alto, aquela briga iria render. Voltei a olhar para o horizonte onde os últimos raios de sol se iam e contei até três mentalmente. Eu sabia que esse era o tempo suficiente para eles me colocarem na briga.

— Hoseok! — Jimin me gritou.

Bingo!

— Seu covarde! Vai, vai lá chamar o seu irmão para te defender. — Taehyung era mestre na provocação e meu irmão sempre caia. — Você sempre precisa de um protetor, né.

— Como é? O que você disse?

Eu apenas fiquei calado, deixando eles se resolverem. Amava aqueles momentos, apesar de tudo! Todo fim de tarde era aquilo, eles brigavam, me colocavam no meio da discussão e depois diziam que se amavam, tudo em questão de minutos. Soltei um riso baixo, meneando a cabeça. Até que ser babá deles não era ruim.

Eu tinha sido escalado a dois meses atrás para cuidar deles, passar os costumes do nosso clã e me certificar que ambos estavam indo a escola Marinha. Não era tão difícil como falavam. Eles eram bons adolescentes e não ficava usando seus poderes à toa, facilitava as coisas para mim.

Ajeitei-me melhor no pedaço de rocha e estiquei a minha cauda, fazendo-a balançar no ar. Gotas de água se espalharam e eu senti o vento me rodear, abraçando-me. Eu daria mais cinco minutos para eles antes de anunciar que era hora de irmos.

— Cinco minutos, meninos — anunciei.

— Poxa, só isso? Queremos meia hora — Jimin disse, me olhando bravo.

— Três minutos agora. — Não podia deixar eles dominarem a situação. — Se eu ouvir mais uma reclamação, serão dois minutos.

Ambos me olharam em silêncio e voltaram a brincar, desesperados para curtir os três minutos finais. Tinha que impor limites ou perderia o controle total da situação. Adolescentes eram fogo. Passei as mãos no meu cabelo, sentindo a estrela do mar que eu coloquei mais cedo pular e voltar para o mar, e mergulhei na água, sentindo a calma das ondas me envolver. Deixei que o ambiente me acalmasse por um momento, antes de chamar novamente os meninos.

— É hora de ir, vocês dois — anunciei.

Taehyung e Jimin nadaram à minha frente, ainda rindo e brincando, suas caudas azuis brilhando sob a luz suave do entardecer. Deixamos a superfície e adentramos mais a fundo, no mar. A água ao redor estava cheia de vida, pequenos cardumes de peixes nadavam em sincronia, corais coloridos balançavam ao ritmo das correntes e as plantas marinhas dançavam graciosamente.