Capítulo 8

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Min Yoongi

A pousada começou a silenciar quando os hóspedes se retiraram para seus quartos, em busca do ar-condicionado para aliviar o calor. O cheiro de comida ainda pairava no ambiente e chamei Hoseok e Kitty para se juntarem a mim na mesa.

— Hoseok, Kitty, a comida está servida! — anunciei, tentando criar um clima mais leve, mas sentindo uma pontada de ansiedade. Eu estava tentando mesmo ser uma pessoa melhor para Hoseok nos últimos dias.

Kitty apareceu rapidamente, seus cabelos molhados sobre a testa e roupas confortáveis, mas Hoseok estava demorando mais do que o normal. Finalmente, ele desceu as escadas, mas sua expressão estava distante, a ponta do seu nariz estava vermelha e seu olhar estava no chão.

— Não estou com muita fome, Yoongi. Vou dar uma volta — disse ele, saindo pela porta antes que eu pudesse responder.

Olhei para Kitty em busca de respostas, que parecia tão preocupada quanto eu.

— Oppa, acho que ele realmente precisa de um tempo. Fomos ao centro da cidade hoje e um homem começou a sangrar na nossa frente. Dá para acreditar? Foi bem esquisito e medonho. Vamos comer e depois você pode ir falar com ele — sugeriu ela, sua voz suave, mas cheia de preocupação.

Assenti, mas a inquietação dentro de mim crescia como uma onda prestes a quebrar. Servi a comida para Kitty, tentando me concentrar em sua presença, mas meu olhar se desviava para a porta de segundo em segundo, esperando o retorno de Hoseok. Após garantir que ela estava bem, decidi seguir Hoseok. Algo não estava certo, e eu precisava entender o que estava acontecendo.

Saí da pousada e segui em direção à praia, onde imaginei que ele poderia estar. Meus passos me levaram até a área dos barcos e vi uma figura familiar encostada em um deles. Hoseok estava ali, mas parecia estar falando com alguém que estava na água, pois tinha a cabeça levemente tombada para baixo, os lábios se mexiam e os olhos estavam focados em algum ponto. Prendi a respiração silenciosamente, tentando entender o que estava acontecendo. Foi quando ouvi a voz dele, mas também de uma outra pessoa, vindo da direção da água.

— Jimin, eu não sei o que fazer... — Hoseok disse em um sussurro desesperado, carregado de emoção.

— Você precisa ser forte — a voz desconhecida respondeu, cheia de urgência.

Meu coração acelerou. Quem era Jimin? E por que Hoseok estava falando com ele? Decidi intervir, a confusão e a preocupação crescendo dentro de mim.

— Hoseok! — chamei, minha voz cortando o silêncio.

Hoseok se virou rapidamente, os olhos arregalados de surpresa e medo. Quando me aproximei, a água estava agitada, mas não havia ninguém ali além de nós dois.

— Yoongi, o que está fazendo aqui? — ele perguntou, tentando esconder o pânico em sua voz, mas falhando miseravelmente.

— Eu ouvi você falando com alguém. Quem é Jimin? — perguntei diretamente, a suspeita evidente em meu tom, minha mente corria em busca de respostas.

Ele hesitou, procurando uma resposta, mas parecia incapaz de encontrar uma que fosse convincente depois de eu ter ouvido a voz de outra pessoa. A expressão dele era de dor e conflito, e eu podia sentir a tensão no ar.

— Eu... estava falando sozinho. Jimin é um amigo imaginário, só estava lembrando dele, falando em voz alta — disse, mas a resposta não me convenceu A maneira como ele evitava meu olhar me deixou ainda mais apreensivo.

A água ainda se mexia, como se alguém tivesse acabado de mergulhar, e um arrepio percorreu minha espinha. Algo estava definitivamente errado, e Hoseok estava escondendo algo muito, muito importante de mim.

— Não minta para mim. Eu ouvi outra voz. E a água... parecia que alguém estava ali — pressionei, apontando o dedo. — Sua família te encontrou?

— Não, ninguém procurou por mim ainda.

— Mas eu ouvi alguém aqui, falando com você! Quem era?

— Yoongi, por favor, você não entenderia — ele respondeu, a voz cheia de frustração e medo, como se estivesse lutando contra seus próprios demônios.

— Não vou entender se você não me contar a verdade. Quem é você de verdade, Hoseok? — perguntei, minha paciência estava se esgotando.

Ele deu um passo para trás, a expressão de dor e conflito em seu rosto chamava a minha atenção.

— Eu... não posso te dizer. Mas eu não sou quem você pensa que sou. E isso pode ser perigoso para todos nós — disse, sua voz quebrando, e a vulnerabilidade em seu olhar me atingiu como um soco no estômago.

As palavras dele apenas aumentaram minha confusão e preocupação. Se ele estava escondendo algo tão sério, eu precisava saber o que era. A segurança de todos na pousada poderia estar em jogo.

— Se você está em perigo, eu preciso saber — insisti, tentando alcançar seu olhar, a urgência em minha voz crescendo.

Ele respirou fundo.

— Esqueça isso, estou implorando. Jimin não é ninguém, é apenas um amigo que está comigo desde quando eu era criança. Ele vive apenas na minha imaginação.

— Mas...

Nesse momento, minha fala foi cortada quando uma sensação estranha começou a se espalhar pelo meu corpo, como se algo estivesse se movendo sem parar. Uma pontada do lado direito da minha cabeça me atingiu, e eu senti como se as palavras de Hoseok estivessem criando uma névoa ao meu redor. Com cada segundo que passava, sentia que a confusão aumentava, e eu lutava para me lembrar do que eu estava falando.

— Eu... o que estamos falando mesmo? — murmurei, minha voz soando distante, como se eu estivesse tentando gritar debaixo d'água. — O que está acontecendo? — À minha frente, a expressão de Hoseok se tornava cada vez mais vaga, e eu não conseguia mais manter o foco, estava tudo embaçado.

A falta de resposta dele aumentava a sensação de pânico que começava a se formar dentro de mim. Eu estava ali por algum motivo, mas agora não conseguia mais me lembrar de qual, mesmo que eu apertasse os olhos com força para lembrar. A pontada na cabeça aumentou, e com ela, o desconforto se alastrou pelo meu corpo, como se estivesse sendo puxado por uma corrente elétrica.

— Hoseok... — foi tudo o que consegui murmurar, quanto a fraqueza e a escuridão me atingiu.





NOTAS:

Agora lascou!

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