Estamos no final do verão de Green Creek.
O clima está bem agradável, os pássaros voam e cantam lá fora junto ao assoprar das folhas das árvores que se balançam com os ventos da floresta, onde os raios do sol a iluminam com sua grandeza dourada.
Tudo me parecia tão pacífico, como se toda tempestade que sempre surgia ao decorrer desses anos tivesse desaparecido por completo da minha mente antes barulhenta, agora plena e calma como um riacho, com sua correnteza se deslizando pelas pedras em movimentos lentos e contínuos, sem que nada perturbe seu gracioso brilho cristalino.
Pensar nisso me faz refletir que minha vida é esse riacho e que cada pedra jogada na água, foi um problema que atrapalhou suas ondas calmas.
É um tanto engraçado e reflexivo pensar desta maneira, me faz sentir um tanto quanto intrigado pelos ocorridos que enfrentei ao lado do meu bando nesses últimos anos, dos quais perdemos muitas pessoas e ganhamos coisas boas ao decorrer do nosso caminho trilhado. É compreensivelmente injusto ter perdido aqueles que foram importantes para nós, por outro lado, é inútil continuar lamentando pelo leite derramado. Por isso o melhor a se fazer, é seguir nosso rumo e superar os eventos traumáticos que sofremos, mesmo que isso ainda leve muito tempo.
...
Estar imóvel e ouvir esse cantar dos passarinhos que se unificam com o som das folhas caindo, me faz despertar de meu sono. Minhas pálpebras pareciam pesadas à medida que as abria, mas bastou piscar algumas vezes antes de me deparar com a luz do sol que adentra pela janela do quarto.
Aparento estar sozinho, tendo sido deixado apenas pelo cheiro deles que ainda permanece forte e intenso sobre meu cobertor. Me recordar desta madrugada, apenas me dá a certeza do quão amorosos e acolhedores Ox e Joe são comigo, ambos sempre fazendo total questão de me consolar das minhas crises histéricas independente de qualquer hora.
Falando nisso, começo a ficar muito incomodado por causar tanto alvoroço sem necessidade. Sei que não tive controle sobre esse sonho de ontem a noite, muito menos daquela voz que conversou comigo, mas não justifica que não posso controlar isso.
Eu não me sinto envergonhado de sofrer com isso de vez em quando, só me incomoda o fato de estar perturbando Ox e Joe toda vez que isso acontece...
Claro que não tenho culpa, mas... não posso continuar desse jeito pelo resto da minha vida, não agora que finalmente estamos em paz...
...
Apesar de me sentir apreensivo, me sinto contente em ter testemunhado vários momentos que esses dois se preocupam até demais com todos ao seu redor, porque é o dever deles garantir a nossa proteção. Todavia, não passou pela minha cabeça que sou tão valioso em suas vidas, ao ponto de terem perdido sua noite de sono só para fazer com que eu fique melhor.
Se bem que, eu não me surpreendo tanto com isso.
Faz anos que conheço esses dois bobos, mesmo que tenha acontecido tantas coisas, sempre vou me relembrar daquele dia que fui acolhido nesta casa por essa família que me deram a chance de fazer parte deles.
Às vezes fico me recordando daquela época, em que um grande homem me permitiu ficar aqui para pertencer a eles. Isso agradou seus três filhos loiros que me amaram à primeira vista, sem deixar de mencionar sua esposa que me acolheu em seus braços.
Também tem o irmão mais novo desse homem, seus olhos tem uma cor parecida com a neve de tão lindos que são, e sempre os admirei por gostar de ficar observando as diversas coisas que atraí a minha atenção. Por fim, havia um pequeno humano que desconhecia sobre lobisomens e bruxos, isso até descobrir que seus vizinhos ricos tinham um segredo que precisava ser mantido para sua segurança.
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MOONSONG
WerewolfPor Gabriel Augusto Nathan. Uma criança entre os lobos, com um passado desconhecido ao qual ainda é um mistério que não se desvendou. Quando despertou em seu novo mundo, se encantou com as maravilhas que surgiram para si, mas suas memórias se mantêm...