A Little Peace | Bucky Barnes

Capítulo 16

Bucky Barnes

"Você continua voltando, voltando de novo, continua dando voltas, dando voltas, dando voltas na minha cabeça, há certas coisas que eu adoro, e há certas coisas que eu ignoro, mas tenho certeza de que sou seu."
Certain Things - James Arthur (feat. Chasing Grace)

Eu fiquei um tempo parado olhando a porta fechada, a sensação é de como se depois de todos esses anos sendo congelado e descongelado acho que meu coração se tornou de gelo, porque eu consegui ouvir o que restava dele quebrar quando eu a vi chorar. A Mayur não chora com facilidade, pelo contrário, ela tenta ver o lado bom até nas coisas ruins, e saber que a culpa das lágrimas dela é minha, piora tudo.

Me encostei na parede ao lado da porta e deixei meu corpo ceder até sentar no chão dando um suspiro profundo, os pensamentos que me vem à cabeça não são os melhores, nem se eu quisesse eu conseguira parar de pensar nisso, não depois da conversa com a senhora D'Van.

Desde que ela saiu do quarto, tem uma voz bem no fundo da minha cabeça brigando comigo por ter deixado a melhor coisa que me aconteceu ir embora. Por tentar tirá-la da minha vida assim, mesmo que ela queira ficar. Esse é o problema, ela não está sendo obrigada, ela quer ficar, e eu quero que ela fique, mas eu não quero que além do que ela passou ela tenha que lidar com as coisas que eu passei.

Agora eu entendi o motivo dela ter ficado tão nervosa quando me viu tendo o pesadelo, o motivo pelo qual ela também tremia e estava com o coração tão acelerado quanto o meu, ela também tinha pesadelos. Eu tenho a tendência de quebrar tudo que eu toco e não quero que ela seja a próxima da lista.

Nem sei quanto tempo fiquei encarando o chão, mas eu não consigo parar de pensar nas palavras dela, na forma como ela me olhava, pensar nisso me fez senti meus olhos arderem e lágrimas começaram a cair sem o meu consentimento. Tampei a boca com a mão de metal abafando um soluço que foi ouvido pela Alphine fazendo-a vir até mim e pular no meu colo apoiando as patas da frente no meu peito na intenção de me ajudar.

Isso só fez com que ela fizesse pressão na dogtag contra o meu peito, me fazendo lembrar que eu estou usando a dogtag com o nome e dados dela desde que a Kendra me entregou há uma semana. Encostei a testa nos joelhos deixando que as lágrimas caíssem ainda mais e com a mão direita acariciei a Alphine que se deitou no meu colo.

Fiquei naquela posição por alguns minutos quando batidas na porta me tiram dos meus pensamentos e fizeram a Alphine correr do meu colo para a cama. Levantei a cabeça vendo a sobra dos pés pela fresta entre a porta e o chão e levantei secando o rosto na camisa. Respirei fundo antes de girar a maçaneta e abrir a porta mas para a minha surpresa quem estava ali era a Nora.

— Oi... Quer tomar um drink comigo? — Ela falou colocando as mãos nos bolsos da calça de moletom.
— Um drink? — Perguntei um pouco confuso. — Você não bebe Nora.
— Eu não, mas você sim, e sei que está precisando... — A ruiva me olhou com um olhar de quem viu um cachorro na chuva.
— Eu estou bem... Não se preocupe. — Falei tentando passar uma falsa visão de que estava bem.
— Qual é Barnes, eu ouvi a briga de vocês, e você está nitidamente precisando conversar. — Ela cruzou os braços e eu desviei o olhar para a porta do quarto da Mayur. — Se a sua preocupação e tombar com ela no corredor, relaxa, ela saiu com a Kendra para uma festa a fantasia.
— Uma festa com a Kendra?! — Perguntei surpreso e preocupado.
— Sim, ela também estava precisando... E estava maravilhosa se quer saber, fantasiada de anjinha.
— Anjinha? — Falei mais para mim mesmo do que perguntando a ela, pronto, agora comecei a imaginá-la fantasiada de anjinha. Deve ser uma coisa realmente maravilhosa, combina com ela.
— Uhum. — Ela me olhou nos olhos. — Olha, o Sam não está aqui para conversar com você, mas acho que eu posso tomar o lugar dele hoje, conversar é importante, principalmente para você, vem, não vou te deixar sozinho com sua cabeça, não é um lugar legal.