𝟜° ᶜᵃᵖⁱᵗᵃˡᵒ

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**19:10 PM** Sᴇʀᴇɴᴀ

O tempo parecia se arrastar no quarto abafado, sem janelas, onde eu estava presa. A única luz vinha de uma lâmpada fraca no teto, que lançava sombras estranhas nas paredes de concreto. Cada som parecia amplificado pelo silêncio, até que finalmente ouvi passos firmes do lado de fora. Meu coração acelerou, mas eu mantive a postura, tentando parecer calma.

A maçaneta da porta girou lentamente, e ele entrou. A figura dele era alta, e seus ombros largos bloqueavam parte da luz da lâmpada.

— Ainda acordada? — perguntou ele, com a voz grave, mas sem um pingo de verdadeira curiosidade.

Eu cruzei os braços, tentando controlar a tensão que tomava conta de mim. — Como se eu pudesse dormir aqui.

Ele fechou a porta atrás de si, sem pressa, e se apoiou contra a parede, observando-me. Seus olhos percorriam cada detalhe do meu rosto, como se estivesse calculando algo.

— O que você quer de mim? — perguntei, forçando minha voz a soar firme, mesmo sentindo o estômago se revirar.

Ele inclinou a cabeça levemente, o traço de um sorriso frio brincando em seus lábios. — Não é o que eu quero. É sobre o que você causou.

— Eu só ajudei alguém que ia ser morta. — Olhei diretamente para ele, sem desviar. — Isso é crime agora?

Ele descruzou os braços e deu alguns passos em minha direção, parando a uma distância que ainda lhe dava controle da situação. — Você se meteu onde não devia. — Sua voz era firme, sem deixar margem para dúvida. — Aqui, as coisas funcionam de outro jeito.

— E que jeito é esse? — rebati, tentando disfarçar a ansiedade que começava a se instalar. — O jeito onde vocês fazem o que querem, e ninguém pode interferir?

Ele soltou uma risada seca, mas sem humor, balançando a cabeça levemente. — Está começando a entender. Aqui, as regras são minhas. E você, por se meter onde não devia, agora é minha também.

Senti um calafrio percorrer minha espinha, mas continuei de pé, sem recuar. — Você acha que pode me prender aqui e esperar que eu obedeça?

Ele se aproximou mais, até que eu pudesse sentir o calor da sua presença, mesmo que ele não me tocasse. — Não é sobre o que eu acho, é sobre o que você vai fazer. E você vai obedecer, porque sabe que não tem outra escolha.

— E o que exatamente você quer que eu faça? — desafiei, minha voz baixa, mas firme. — Ficar quieta e fingir que nada aconteceu?

Ele parou por um momento, os olhos penetrantes fixos nos meus. — Exatamente. — Sua voz era quase um sussurro, mas carregada de ameaça. — Facilitar para você mesma. Não criar problemas, não se meter no que não te diz respeito.

— E se eu não fizer isso? — Eu sabia que estava me arriscando, mas não queria ceder sem tentar entender até onde ele iria.

Ele inclinou-se ligeiramente para mim, seus olhos intensos, e falou devagar, medindo cada palavra. — Se você não fizer isso, as coisas vão ficar muito complicadas para você . — Ele parou por um segundo, deixando o silêncio pesar entre nós. — Mas, se seguir as regras, tudo pode ser mais fácil.

— Fácil como? — continuei a pressionar. — Você acha que pode me sequestrar e tentar me intimidar, e eu simplesmente vou aceitar?

Ele sorriu, um sorriso que não alcançou os olhos. — Eu não preciso que você aceite. Só preciso que entenda que, aqui, você não tem poder. Eu decido quando você come, quando você dorme, e até se você sai daqui ou não.

Eu respirei fundo, tentando manter a calma. — Então, por que não acabar logo com isso?

Ele deu um passo para trás, o sorriso desaparecendo. — Porque eu quero ver até onde você vai com essa atitude. Quero ver quando essa fachada vai começar a rachar.

Eu mantive meu olhar fixo no dele.

Ele me observou por um longo momento, como se estivesse decidindo algo. Então, sem dizer mais nada, virou-se e saiu, trancando a porta atrás de si. O som da tranca reverberou na sala, mas eu não senti medo, apenas uma determinação crescente de que, se ele estava jogando, eu também estava disposta a jogar.

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