𝟞⁰ ᶜᵃᵖⁱᵗᵃˡᵒ

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Eu fiquei em silêncio, absorvendo as palavras de Luna, quando um barulho súbito ecoou pelos corredores, interrompendo a conversa. Um arranhar, como se algo afiado estivesse arrastando sobre o concreto. O coração disparou no meu peito, e eu me perguntei se Natheus estaria voltando.

— Você tem que ir — eu disse rapidamente, olhando para a porta. A presença de Luna, embora reconfortante, também era alarmante. Ela não era apenas a irmã do Coringa; ela era um elo que me conectava a um mundo de perigos ainda mais profundos.

Ela hesitou, mas os sons se intensificaram, como se algo estivesse se aproximando, e então, num sussurro, ela me disse:

— Ele sabe quando algo não está certo. Fique alerta.

Antes que eu pudesse responder, ela abriu a porta e se esgueirou para fora, desaparecendo na escuridão do corredor. Senti uma onda de pânico me invadir. Sozinha novamente, eu permaneci imóvel, escutando o som que agora parecia ressoar com mais força. O ar estava denso, carregado de uma expectativa insuportável.

Então, a porta se abriu lentamente, rangendo. Eu me preparei para ver coringa, mas a figura que apareceu era muito mais estranha. Um homem, vestido com um traje que lembrava os antigos palhaços de circo, entrava. Seu rosto estava pintado de forma grotesca, com um sorriso largo e distorcido que me fez sentir um frio na espinha.

— Olá, querida! — ele exclamou, sua voz arrastada, quase como um sussurro. — Você está tão... iluminada aqui.

Eu recuei, o medo tomando conta. Não era o Coringa. Um brilho insano em seus olhos me fez sentir como se estivesse sendo observada como um animal em uma jaula.

— O que você quer? — perguntei, tentando manter a voz firme, mas a tremenda ansiedade quase me traiu.

— Oh, — Ele deu um passo à frente, e a escuridão do quarto pareceu se comprimir ao redor dele. — Estou apenas aqui para... brincar.

O pânico se apoderou de mim, e eu pensei em Luna e em suas advertências. Xx não era apenas um homem; ele era um monstro que se alimentava do medo. Ele tinha um jeito de distorcer a realidade, de transformar a normalidade em um pesadelo.

— Brincar? — eu disse, tentando parecer desinteressada, mas a minha voz traiu o terror que eu sentia. — Eu não sou uma boneca para você brincar.

Ele riu, um som que ecoou com uma ressonância de loucura. — Ah, mas você é! Você é a peça mais nova em meu jogo. E sabe o que é mais divertido? — Ele se aproximou, e pude sentir seu hálito quente e doce, como veneno.

— O que? — perguntei, engolindo em seco.

— Ver o quanto vai implorar pra eu parar — Sua voz ficou baixa, quase um sussurro, e seus olhos brilharam com uma alegria doentia.

— Você vai se surpreender — eu disse, tentando encontrar força nas palavras, mesmo que elas tremessem. — Eu não sou fraca.

Havia uma frieza no seu olhar que me fez sentir como se estivesse sendo devorada por dentro. — Ah, é isso que eu quero ouvir! Vamos ver, então, até onde você está disposta a ir... — ele se afastou um pouco, como se estivesse ponderando, e, em um movimento brusco, bateu a mão na parede, fazendo a casa inteira estremecer.

O som reverberou em meus ouvidos, e eu percebi que ele não era apenas um homem; ele era o domínio da escuridão. Eu precisava descobrir uma forma de escapar, não apenas do quarto, mas de suas garras insidiosas.

— Então, meu docinho, vamos começar o nosso pequeno jogo!

Ele sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos, enquanto se aproximava lentamente. O ar parecia mais denso, como se a própria casa estivesse respirando com a expectativa do que estava por vir.

Para brincar, precisamos de algumas regras, não é mesmo? disse ele, seus olhos brilhando de forma insana Antes que eu pudesse reagir, ele se lançou sobre mim com uma rapidez surpreendente.

...

A força dele me pegou de surpresa, e eu tentei me debater, mas ele era muito mais forte. Em um instante, eu já estava sendo arrastada para uma cadeira que parecia ter sido deixada ali apenas para esse momento. Com um movimento ágil, ele me empurrou contra o assento, suas mãos frias e firmes segurando meus braços enquanto ele pegava cordas que estavam jogadas lado.

—O que você está fazendo? —eu gritei, tentando me soltar, mas quanto mais eu me movia, mais apertadas as cordas se tornavam.

Apenas me assegurando de que você não fuja durante o nosso jogo ele respondeu, seu tom de voz calmo e quase carinhoso, como se estivesse arrumando a cama de uma criança. Eu olhei nos olhos dele e vi uma mistura de alegria e uma frieza aterradora.

—Você é tão bonita quando está assustada.

Ele começou a amarrar minhas mãos atrás da cadeira, e a realidade da minha situação começou a me atingir como um soco no estômago. A luta que eu esperava ter nunca aconteceu; em vez disso, estava à mercê de um homem que eu ao menos sabia quem era,eu estava sozinha e iria morrer sozinha.

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