Aos poucos a sonolência se esvai me fazendo despertar de um gostoso sono. Estranho um pouco não ouvir o som da chuva nem o barulho tranquilo da pura natureza.
Levanto em um pulo da cama ao ouvir um som distante de buzina familiar.
Não posso acreditar no que vejo.
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Estou no hospital.......do meu mundo!
' C-como pode ser? ! '
"Foi tudo um sonho?"
murmuro rouco,voz sofrida e fraca. Muito tempo sem uso.
Me sinto sem ar ao reparar no quarto de hospital,tudo branco e sem calor humano, não reconheço isso.
"K-kan?" soluça baixinho esperando que alguém a responda. Não alguém,seus machos.
"Astin, Ephir?.... Curtis?"
chora baixinho mas à medida que sua respiração acelera,seu pânico aumenta.
"Eu não quero ficar sozinha"
As máquinas ao redor da cama hospitalar,apitam sem pausas,chamando a atenção dos enfermeiros fora da sala.
"Chame o doutor.... a paciente está tendo uma parada cardíaca.... Ei,fique comigo!" a enfermeira fala agitada tentando fazer a jovem mulher na cama voltar a respirar.
Tu
Tu
Tu
............... .........tu tu tu tu
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O olhar opaco da mulher deixa todos os médicos e enfermeiros ansiosos. Faz duas semanas que ela acordou mas não diz uma palavra,os olhos apenas se focam na floresta fora da janela. Ela não se esforça para comer,tomar remédios,sair do quarto.
Quase um estado vegetativo.
" Senhorita Aysha?... Está um dia lindo lá fora..."
Sem resposta,nem um simples mover de dedos.
" Vamos tomar um banho de sol. Vai te fazer bem" diz suave. Com calma, as enfermeiras apoiam a jovem na cama para colocá-la na cadeira de rodas.
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Ao sentir o calor do sol em sua pele doentia,Aysha soluça baixinho. Apertando forte o apoio da cadeira de rodas.
Ela conhece tudo nesse mundo, reconhece cada pequena coisa mas.... Porque dói ficar aqui?
Não é mais meu mundo, não tem nada meu aqui.
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Um semana depois....
Recebi alta do hospital. Deveria estar feliz,mas.... Não sinto nada.
Não sai de casa ainda, não me comunique com meus antigos amigos.... Só penso em uma forma de voltar,de ter minha vida de volta.
São quase dois anos vivendo e amando quatro machos,minhas irmãs de coração,os cunhados,meus pequenos sobrinhos....... Meus bebês.
A dor maior é olhar minha barriga e não ver mais a ondulação nela,o médico disse que não tinha como eu estar grávida. Foram meses em coma e antes disso eu não estava grávida, muito menos depois.
Eu tive que ser sedada.
Eles não entendem a minha dor.
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Do alto do prédio fico pensando no que fazer.
Não pretendo tirar minha vida,tenho medo... Talvez seja covarde.
Olho novamente o horizonte verde e me decido.
Vou viajar,viver entre a natureza até que naturalmente meu caminho se encontre com meus amados novamente,com minha família.
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Um ano.
Um maldito ano sem eles.
Estou fazendo trilha neste momento. Uma mochila cheia de equipamentos e comida enlatada.
É muito para uma pessoa só mas... Se..
Se eu conseguir voltar novamente,... Na primeira vez eu fui com as sacolas de compras então...
Quero estar preparada.
'suspiro'
Faço uma pausa na caminhada,olho as altas copas verdes das árvores. O cheiro da natureza me deixa calma,quando fecho os olhos consigo ouvir a risada gostosa de Astin.. o toque cuidadoso de Ephir,o assovio de Kanui deitado na rede, ...o suave toque frio das escamas vermelhas de Curtis.
Abro os olhos limpando as lágrimas do meu rosto,respiro fundo e volto a caminhar.
Tenho que seguir em frente.....
