capítulo 26 - A culpa é sua!

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A ambulância parou em frente ao hospital, e Esther foi rapidamente guiada para dentro, onde Malia foi levada para a sala de emergência. O coração de Esther estava acelerado, e a ansiedade a consumia. Ela se sentou em um banco na sala de espera, olhando fixamente para a porta, aguardando qualquer sinal de que Malia estava bem.

As horas pareciam se arrastar, e o ambiente ao redor dela se tornava cada vez mais angustiante. O barulho dos passos apressados de enfermeiros e médicos, combinado com os murmúrios ansiosos de outros familiares, tornava tudo ainda mais opressivo.

Finalmente, a mãe de Malia chegou, seu rosto tomado pelo pânico e lágrimas que escorriam sem parar. Esther sentiu seu coração apertar ao ver a dor estampada na expressão da mulher. "Senhora, eu..." ela começou, mas foi interrompida.

"Isso é culpa sua!" A mãe de Malia gritou, sua voz carregada de desespero. "Minha filha está lá por sua culpa!" As palavras cortaram como uma faca, e Esther sentiu seus olhos arderem enquanto as lágrimas começavam a escorregar pelo seu rosto.

Miriam, que estava ao lado, rapidamente interveio. "Tia, eu sei que é um momento delicado, mas ninguém é culpado! Foi um acidente!" disse ela, tentando acalmar a situação.

A mãe de Malia olhou para Esther com raiva e dor nos olhos. "Quando minha filha estiver bem, você nunca mais estará na vida dela!" ela disse, a voz tremendo, antes de se virar e sair apressadamente em direção ao banheiro.

Esther ficou paralisada, o peso da culpa e da tristeza esmagando-a. As lágrimas começaram a cair livremente, e ela não conseguia controlar a dor que sentia. Pedro, percebendo a angústia de sua amiga, se aproximou e a abraçou fortemente. "Esther, estou aqui," ele sussurrou, oferecendo conforto.

Ela se deixou levar pelo abraço, o calor de Pedro contrastando com o frio aterrador que sentia dentro de si. "E se algo acontecer com Malia, Pedro? E se ela não voltar?" Esther murmurou, a voz embargada.

"Ela é forte, Esther. Ela vai lutar. E você também precisa lutar por ela," Pedro respondeu, tentando ser um apoio firme em meio ao caos emocional. "Ninguém está culpando você. Foi uma situação horrível, e você fez o que podia."

Miriam se aproximou, colocando a mão no ombro de Esther. "É verdade. Você se arriscou para ajudar Malia. Isso mostra o quanto você a ama," ela acrescentou, tentando aquecer o coração de Esther, que ainda estava envolto em uma névoa de desespero.

O tempo parecia se arrastar enquanto esperavam notícias. Esther olhava fixamente para a porta da sala de emergência, incapaz de se mover. O que aconteceria quando Malia saísse? E como ela enfrentaria a dor da mãe de Malia quando tudo isso terminasse?

As horas passaram, e a incerteza pesava sobre todos. Mas no fundo de seu coração, Esther sabia que precisava ser forte, não apenas por si mesma, mas principalmente por Malia. Ela não conseguiria deixar que a dor e a culpa a consumissem. Malia precisava dela, e isso era tudo que importava.

Após o que pareceu uma eternidade, a porta da sala de emergência finalmente se abriu. Um médico vestindo um jaleco branco apareceu, e todos os olhares se voltaram para ele, cheios de expectativa e ansiedade.

"Eu tenho boas notícias," ele começou, com um tom tranquilo. "Malia está fora de perigo. No entanto, ela sofreu uma pancada na cabeça e precisará ficar internada por um tempo para monitoramento." A declaração trouxe um suspiro coletivo de alívio, mas o peso da situação ainda pairava no ar.

"Podemos vê-la?" Esther perguntou, a voz trêmula, enquanto seu coração disparava. O médico acenou com a cabeça e os conduziu até o quarto.

Quando Esther entrou no quarto, seu coração afundou. Malia estava deitada em uma cama, pálida e conectada a várias máquinas que monitoravam sua respiração e batimentos cardíacos. O som regular dos monitores era um lembrete constante da fragilidade da vida. Malia parecia tão pequena e vulnerável, e Esther sentiu uma onda de emoções invadir seu peito.

Ela se aproximou da cama, segurando a mão de Malia com suavidade, tentando transmitir toda a força e amor que sentia. "Oi, amor," Esther sussurrou, sua voz embargada. "Estou aqui. Você vai ficar bem." As lágrimas começaram a escorregar por seu rosto enquanto ela observava Malia, desejando que ela pudesse acordar e sorrir para ela novamente.

Miriam e Pedro entraram logo atrás, oferecendo apoio silencioso. Eles se posicionaram ao lado de Esther, compartilhando o peso da preocupação. A expressão de Pedro era de alívio misturado com tristeza, e Miriam segurava a mão de sua amiga com força, como se tentasse transmitir um pouco de sua energia para Malia.

"Ela é forte," Miriam disse, tentando confortar Esther. "Ela vai sair dessa."

"Eu só quero que ela acorde," Esther respondeu, a voz trêmula. "Eu não consigo imaginar minha vida sem ela." Ela sentiu o aperto no coração, a dor da possibilidade de perder Malia era insuportável.

O médico entrou novamente no quarto, interrompendo seus pensamentos. "Ela vai precisar de descanso. Pode ser que leve algum tempo até que ela acorde, mas a equipe médica está monitorando tudo de perto," ele explicou. "Aconselho que vocês falem com ela. Às vezes, a voz de alguém próximo pode ser reconfortante."

Esther assentiu, ainda segurando a mão de Malia. "Eu vou ficar aqui. Vou falar com ela," disse ela, determinada a fazer o que pudesse para ajudar.

"Estamos com você," Pedro e Miriam disseram juntos, oferecendo seu apoio incondicional. Eles se posicionaram perto, criando um ambiente de amor e solidariedade ao redor de Malia.

Esther começou a falar suavemente com Malia, contando histórias sobre os momentos felizes que já tiveram juntas. Falou sobre o piquenique, as risadas e os sonhos que ainda tinham pela frente. Ela esperava que, de alguma forma, Malia pudesse ouvir, sentir sua presença e encontrar força para voltar.

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