Alirk tinha um carro cinza de modelo xc90, da Volvo. Loan não conhecia modelos de carros, e tinha visto poucos durante sua vida, mas se impressionou com o dele.
— Você é rico né, cara?
Alirk o fitou sério.
— Hoje posso dizer que sou muito próspero financeiramente.
— Não existem muitos carros em Kerlixôta. — O lembrou.
— Quase me esqueci disso, já fazem anos que não volto lá. Pois é, eles não têm carros.
— Acho que é um privilégio poder voar, não é? Quero dizer… Eles não precisam dos carros.
— Eles realmente têm suas “vantagens” — sinalizou aspas com uma das mãos — , mas elas não são de fato necessárias. Aliás, acho que ter poderes os faz pensar que são superiores, quando na verdade não são.
— Por que não? — Disse Loan com um sorriso malandro.
— Não há mérito naquilo porque acontece através de dons vampiros.
— E o que há de errado com isso? — Perguntou preocupado, principalmente com sua família.
— Parece que eu não consegui te ensinar nada, não é jovenzinho? Não há mérito em qualquer conquista proveniente do que é errado. Por mais que não tenhamos mais essas coisas, a liberdade já nos basta.
— Você não se arrepende de ter deixado toda a sua família; tudo o que conhecia e amava para “ser liberto”? — Indagou Loan.
— Não, e quer saber, eu desisto de tentar te convencer de qualquer coisa, cabeça dura. Veja com seus próprios olhos quando chegar à sua tão amada cidade.
Não conversaram muito durante o caminho restante.
— É aqui. — Disse descendo do carro.
— Garoto, é melhor que eu saia daqui rápido. Você já tem o que queria e, inclusive, sabe onde me encontrar.
— Alirk, espera. Fica aqui! Ninguém deve se lembrar de quem você era há dezesseis anos. Você é amigo do meu pai, certo?... — Dizia, mas foi interrompido rapidamente.
— Loan! Você mal tem noção de quem é o seu pai. Eu sou diferente dele. Eu sou o homem que vai sair daqui para não voltar nunca mais, mas sem problemas, porque eu estou indo embora. Eu nem queria ter vindo aqui.
Ao concluir a frase a respiração de Alirk estava ofegante e Loan parecia ter se magoado de algum jeito, como se rejeitasse algo, uma vez que o assustava.
— Certo, então vá embora.
Alirk, que ao contrário de Loan ainda permanecia no carro, pegou uma garrafa antes guardada no porta-luvas e estendeu para que Loan segurasse.
— Pegue isto.
— O que é?
— Água.
O olhar de Loan parecia morto.
— Eu não quero —, recusou virando as costas e entrando em casa.
Entrando em casa, na ponta dos pés, Loan adentrou a sala de estar. Seus passos eram leves e, de dentro de caixões, seus pais não conseguiriam o escutar. Os olhos do jovem, porém, arregalaram-se ao notar que estavam bem à sua frente.
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A Maldição do Sangue
VampireLoan vive na cidade vampira com sua família, mas as coisas deixam de ir bem quando ele se vê obrigado a fazer o que n acredita ser certo. Honrar os pais é certo, mas... SERÁ QUE os honrando ele estará se honrando? Acima de tudo, será que honrará ao...