Capítulo 17- Chamas e Brasa

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Os passos pararam aos pés da escada, o olhar é levado ao rei dos gigantes sentado em seu trono, a cabeça apoiada no punho fechado, a rainha em pé ao seu lado com um semblante apavorado.

Os olhos do rei observam com remorso e as pupilas trêmulas ao ver aquele Viking, o bebê que deveria ser o herdeiro de Jotunheim.

- Elanor. Esse garoto é... o nosso filho? - Perguntou-lhe Niordo, uma voz instável e o olhar abalado.

- Ele... Ele é... esse garoto é. - Elanor tenta falar em meio a tantos soluços e as lágrimas que a sufocam, tentando aguentar a dor em seu peito e o peso da verdade que destrói por dentro.

- Eu sou Cnut de Hrungnir... filho de Wulfgar e minha mãe está morta! - Cnut diz com ódio extremo, não apenas um sentimento qualquer, é como se fosse a personificação daquilo que é odiar, seus olhos enfurecidos e as mãos cada vez mais arrojadas.

- O que está dizendo? - Indagou o Rei.

- Por você eu só sinto desprezo... e remorso. Eu odeio tudo o que vocês representam. - Cnut aperta seus punhos derramando o próprio sangue, ele ergue a cabeça com um semblante demoníaco, puxando a espada de sua bainha. - Ao menos... levarei sua cabeça como uma vingança!

O Viking avançou, seus olhos dominados por chamas ardentes do Valhalla e sua áurea refletindo o lendário Deus dos Vikings. O rei se levantou do trono, sacou a espada e no mesmo instante defendeu-se, as lâminas se chocaram como a colisão de dois planetas, sua oscilação fez o castelo tremer.

- Se você não é meu filho... quem é você? Me diga! - Esbravejou Niordo tentando conter a pressão da espada, fazendo das tripas coração para empurrá-la para trás.

- Você foi capaz de dar as costas para o seu irmão de armas. O Acusou de traição... TUDO POR CAUSA DESSA MULHER, isso é imperdoável! - Cnut o empurrou para trás com a força da espada e o golpeou no estômago.

- CNUT... Pare com isso. Por favor, meu filho. - Elanor Implorou, entrando na frente de seu marido, com um olhar banhado em lágrimas de arrependimento e amargura.

- Ham! Vocês nos roubam tudo, nos deixam viver como miseráveis, nossas vidas para vocês não passam de lixo. Ao menos uma vez... pelo menos uma vez, mesmo eu sendo o miserável que sou... nunca mais vou duvidar de quem eu sou! Ou de onde vim! - Os cabelos do Viking queimam como o fogo e seu rosto se transforma de maneira horripilante, como se ele fosse o próprio Deus dos Vikings.

Cnut esticou as pernas para trás e num impulso se jogou para frente, a espada levantou, enquanto as chamas de seus olhos ardem e fumaça saem do nariz. Niordo empurra a rainha, derrubando ela contra o chão, a brutal espada do rei, forjada com o mineral mais poderoso de Jotunheim, se cruza com a espada do Viking.

O bater de ambas geram um abalo.

O rei se esquiva e agarra o pescoço do renegado, suas mãos parrudas o sufocam quase quebrando o pescoço, Niordo bate o corpo de Cnut contra chão ainda o segurando.

- NIORDO PARE! - Gritou Elanor, sua voz estridente veio como um chamado do além que correu por todo castelo.

Os guardas entram no salão indo todos em sua direção.

- Por que? ME DIGA POR QUE? Se ele não é meu filho... por que eu deveria me conter, ME RESPONDA ELANOR. POR QUE VOCÊ O CHAMOU DE FILHO? - Com seus dedos ainda apertando o pescoço do Viking e o joelho forçando contra a barriga, Niordo virou a cabeça para sua esposa, olhando-a com um semblante que lhe causa ainda mais temor.

- Por quê... por que ele. - Ela engole a saliva e sente o gosto salgado das lágrimas, caindo de joelhos contra o chão respirando descontroladamente.

- RESPONDA! FALE. - Esbravejou o Rei.

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