quem é vivo sempre aparece né
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Voltar para casa nunca foi tão demorado como naquele dia. A cada cinco minutos Enid olhava seu celular apenas para notar que nem mesmo dois minutos haviam se passado.
Com um enorme sacrifício ela conseguiu parar de checar as horas, no fundo ela sabia que isso de nada adiantava.
E depois de tanto sofrimento, ela viu o ônibus em que estava adentrar a rua de sua casa.
Enid saiu do veículo e suspirou de alívio mas dito alívio não durou tanto, ela não precisava checar seu celular novamente para saber que já havia passado das cinco da tarde e a qualquer momento Yoko estaria em sua casa.
Ao chegar na porta de sua casa, Enid parou em frente a mesma e respirou fundo. Pelos próximos trinta minutos ela teria que explicar para Divina tudo que havia ocorrido e torcer para a menina não surtar.
Isso faria com que ela surtasse também, certa parte dela ainda não acreditava no convite que Wednesday havia feito.
Naquele momento ela não queria pensar na mulher mais velha. Pensar em Wednesday acarretaria em nervosismo, nervosismo em inquietação e a inquietação em perguntas. Muitas perguntas.
Onde Wednesday a levaria? Aquilo seria um simples jantar entre duas amigas? Enid estava pensando demais em algo que poderia não significar nada?
Antes de poder pensar em respostas lógicas para suas perguntas ou até mesmo enlouquecer, Enid abriu a porta de sua casa sendo recepcionada por uma coisinha pequena abraçando suas pernas, como já esperado.
- Oi mamãe! - Olivia disse com um enorme sorriso no rosto.
Antes que Enid pudesse se abaixar para pegar a menina no colo, ela pode notar canetinha vermelha em sua bochecha. Confusa, Enid olhou para Divina para tentar entender mas ao bater os olhos na garota sua pergunta silenciosa foi respondida.
Divina estava sentada no chão com vários papéis rabiscados em volta de si e em seu rosto também havia marcas de canetinha, assim como em suas mãos.
Enid inclinou levemente sua cabeça para o lado, olhando para Divina como uma mãe pronta para dar um esporro no filho.
Nem parecia que as duas tinham poucos anos de diferença de idade.
- Daqui a pouco você vai estar me chamando de mamãe também. - Enid brincou enquanto ia na direção do sofá, sentando-se.
Olivia voltou seu foco nos desenhos espalhados no chão apenas alguns segundos após abraçar Enid.
- Em minha defesa, é muito fácil brincar com crianças, ok? - Divina tentou se explicar, levantando do chão enquanto esfregava sua bochecha com uma de suas mãos.
Enid nada respondeu, sua mente já estava em outro lugar.
Enquanto olhava o programa aleatório que passava na televisão a sua frente, a loira pensava em como poderia começar o assunto com Divina.
Soltar a notícia sem mais nem menos não era uma boa ideia, mas enrolar também não funcionaria. Dali a alguns minutos Yoko chegaria e a situação de Enid apenas ficaria mais enrolada.
Enid respirou fundo e começou, - Tenho algo para te contar mas antes eu preciso que você prometa não fazer escândalo.
Divina, que ainda estava abaixada arrumando a bagunça que ela e Olivia haviam feito, respondeu sem ao menos olhar para Enid, - E eu sou mulher de fazer escândalo? Pode falar.
Enid sabia muito bem que a última coisa que ela teria de Divina seria uma reação pacífica mas ela não tinha muita opção a não ser falar.
- Wednesday me convidou para jantar.
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midnight love
RomanceAos 22 anos, Enid luta para conseguir manter a si mesma e sua filha de apenas 2 anos, Olivia, com seu emprego de garçonete. Quando seus pais souberam sobre sua gravidez, a expulsaram de casa sem se importar em como sua filha cuidaria de si própria e...