cap 1

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Monique

Acordei com o humor daqueles, tinha dormido mal noite passada pelo fato da Maria Alice ter passado mal a noite, dei o remedinho e fiquei observando, graças a deus pela manhã ela parecia melhorzinha mas minha mãe me aconselhou a levar no postinho que tinha no morro pra agilizar, apesar dela ter um ótimo plano de saúde em um hospital na pista.

Resolvi me dar o dia de folga hoje para cuidar da minha pequena e deixei um aviso no status do WhatsApp de que a Loja estaria fechada hoje, foi o fim pra muitas né, todas querendo ver a coleção nova que eu tinha pego na feira da madrugada de São Paulo, mas minha filha em primeiro lugar.

Mandei mensagem pro traste do pai dela avisando, faltou me matar pelo celular, que eu não avisei, que era pra eu estar em um hospital com a menina, me arrasou aquele grosso.

Russo: Parece que come merda, porra. — Revirei os olhos pra falação dele.

Monique: Olha aqui Russo, não venha você querer me ensinar a cuidar da minha filha, pagar de pai fodão preocupado agora né, me poupe. — Falei em tom de deboche, pronto era só isso pra ele virar bicho.

Russo: Te cresce pra cima de mim não Monique, não vem se achando que sou esses pau no cu aí que você fica se esfregando pra tá com essa moral toda pra cima de mim, Te fuder rapá.

Era sempre assim, eu e russo éramos como cão e gato o tempo todo, me admira termos uma filha juntos, mas é aquilo ele sempre foi acostumado com mulher abaixando a cabeça pra ele, comigo a história sempre foi diferente, nunca abaixei cabeça pra homem nenhum e ele não seria o primeiro, tenho atitude e disposição o suficiente pra bater de frente e aguentar o que vier.

Conheci o Russo, ou melhor, eu conheci o Atila, o verdadeiro Atila antes dele entrar pra Vida errada. Eu tinha 16 Anos quando começamos a ficar, ele era moto táxi, ganhava pouco e ainda ajudava os pais e a vó que moravam com ele, até que em uma invasão que teve no morro a policia invadiu a casa dele, matou o pai dele na frente dele, alegando ter encontrado drogas na casa, mas quem conhecia sabia que o senhor Isaías era honesto, cumpria o que pregava.

O mundo do Atila acabou, ele ficou possesso com tanta injustiça. A família começou a passar por aperto, e eu trabalhando em uma lanchonete no morro comecei a ajudar a mãe e a vó dele sem ele saber, era machista ao ponto de não aceitar o meu dinheiro. E quando descobriu parecia que eu tinha dado uma facada nas costas dele, daí nosso namoro já começou a ir se desgastando, mas piorou o dia em que eu presenciei ele como aviãozinho no morro, lembro como hoje, o quanto eu chorei, o quanto eu implorei pra que ele não acabasse com a vida dele daquele jeito, e que eu não aceitaria aquilo. Ele me prometeu, jurou por nós que tinha sido a primeira e última vez, e não foi.

Quando me separei dele tudo começou a virar uma bola de neve, ele estava cada vez mais envolvido com o crime e o chefe do comando parecia ver ele como filho, andava com atila pra cima e para baixo, meu coração doía ao ver aquela cena quando mais nova. Mas ainda sim, eu amava ele e queria ver ele bem, e acabou que em uma dessas recaídas eu acabei engravidando da Maria, minha bonequinha. Russo ficou louco quando descobriu, sempre falávamos sobre filhos, mas quando aconteceu eu fiquei assustada com medo de como seria, o medo em pensar que com essa vida que ele leva pode ser que minha filha perca o pai em algum momento, e eu nunca vi bichinha mais agarrada, ele com ela e ela com ele, é a coisa mais linda de se ver.

(•••)

A pediatra receitou bastante repouso e um remédio pra febre, graças a deus não constou nada mais grave no exame que ela teve que fazer. Maria estava dormindo em meu colo, ainda enjoadinha. Pedi um Uber de volta pro morro, quando cheguei o outro estava de moto na barricada da entrada do morro nos esperando, pelo menos isso né.

Maria quando viu o pai já foi pulando pra ele manhosa, coloquei ela no nosso meio da moto pra proteger e subi na garupa, ele fez o retorno com a moto e foi subindo o morro, as pessoas olhavam e cochichavam, as línguas de sapo, Deus me livre.

Monique: Valeu. — Falei sem dar muito espaço. Tentei pegar a Maria que não queria desgrudar do pai, tanto que fez ele descer e entrar em casa com a gente.

Maria: Papaiê. — Chamou com a mãozinha.

Russo: Pai tá aqui princesa. — Pegou ela no colo e beijou a bochecha.

Monique: Vou fazer o almoço da maria, vai ficar pra comer? — Tomei sua atenção, ele me olhou de cima a baixo com aquele sorrisinho sínico. —.Não vem me olhar assim não, tua mulher é outra.

Dei logo um corte, depois fica a louca da mulher dele cacarejando no meu portão, achando que eu tenho o dever de saber onde o macho dela anda se enfiando, se ela que deita com ele não sabe, quem dirá eu.

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