Depois daquela noite, nada mais parecia satisfatório. Cada vez que eu pensava no que aconteceu, sentia meu corpo acender, ansiando pelo toque dele, pelo jeito como ele me fazia sentir desejada sem sequer me tocar. A intensidade daquilo tudo me deixou insatisfeita e inquieta.
Eu nunca soube seu nome, nunca ouvi sua voz. Tudo o que tínhamos eram olhares e um jogo silencioso que começou quase que de forma inocente. Ele me provocava e eu respondia, mas sempre havia uma distância segura, algo que nos mantinha separados. Até aquela noite.
A cortina aberta era um convite. O jeito que ele a tocava, como a conduzia pelo espaço, era um espetáculo que eu sabia que não poderia perder. Ele sabia que eu estava ali, que eu estava observando. E, pela forma como ele se movimentava, como a posicionava na cama, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Ele estava me provocando. E então, no auge da minha excitação, aconteceu. Ele estava olhando para mim. Não, ele estava olhando através de mim, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo dentro de mim naquele momento.
Meus dedos se moveram automaticamente, deslizando entre minhas pernas, encontrando a pele úmida e quente. Enquanto ele beijava o corpo da loira, enquanto a penetrava com intensidade e desejo, meus dedos se moviam em sincronia com seus movimentos. Eu estava lá com eles, em cada toque, em cada gemido. O prazer que eu sentia era quase insuportável, uma mistura de desejo e inveja, uma necessidade de ser eu naquela cama, sob seu olhar, sob seu corpo.
Não havia pressa em seus movimentos, apenas a certeza de que ele estava no controle, de que cada gesto, cada estocada, estava me levando mais perto do limite. E quando a loira gritou seu nome, quando ela se arqueou em êxtase, foi como se eu estivesse lá, sentindo tudo com eles.
Gozei com uma intensidade que nunca havia experimentado antes, com os olhos fixos nos dele antes de se fecharem, sabendo que ele estava assistindo, sabendo que ele também gozava para mim. E quando tudo acabou, quando ele se afastou da loira e a deixou sozinha na cama, seus olhos não me deixaram. Eles ficaram cravados em mim, me queimando, me marcando de uma forma que eu sabia que nunca esqueceria.
Desde aquela noite, tudo mudou. Eu não conseguia parar de pensar nele, no que havíamos compartilhado, mesmo que nunca tivéssemos trocado uma palavra. Ele havia se tornado uma obsessão, algo que eu sabia que precisava, mas que ao mesmo tempo me aterrorizava. Eu queria mais, precisava de mais. Mas sabia que estava brincando com fogo, e que, eventualmente, iria me queimar.
Os dias seguintes foram um verdadeiro tormento. Eu não conseguia tirá-lo da cabeça, o jeito como ele me olhava enquanto fodia outra mulher. E, quanto mais eu pensava nisso, mais uma ideia começava a tomar forma na minha mente. Eu precisava revidar. Precisava que ele sentisse a mesma frustração, o mesmo desejo insaciável. Precisava que ele me visse como eu o vi, que soubesse que ele não era o único capaz de jogar aquele jogo.
Foi então que tomei uma decisão que nunca achei que seria capaz de tomar. Saí uma tarde, determinada a encontrar alguém que pudesse desempenhar o papel necessário, alguém que pudesse ser meu parceiro nessa provocação. Não foi difícil, mas a escolha precisava ser cuidadosa. Ele não podia ser qualquer um; precisava ser alguém que pudesse me fazer esquecer, pelo menos por alguns minutos, o quão desesperadamente eu queria aquele homem do outro lado da rua.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vizinhos Indiscretos
Short StoryUM CONTO ERÓTICO Angelica nunca imaginou que sua vida tranquila e solitária mudaria tanto com a chegada de um novo vizinho. Ramon, um homem sedutor que se mudou para o prédio em frente ao seu, desperta nela uma atração intensa e um desejo que ela ma...