Capítulo 8 - É Ele

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— Vamos vai se anima vai! — Luiza estava fazendo uma dança tosca para Martina a fim de chamar ela para sair um pouco naquela noite.
— Eu não tô com o mínimo ânimo.
— Foda-se seu ânimo, eu só quero explorar mais a cidade com minha melhor amiga, vai bora se anima. Tem um cara gatinho que tô conversando com ele faz uns dias e queria muito que você fosse junto pra tipo mostrar como sou uma grande amiga e uma chefe legal.
— Você quer que eu seja uma empata-foda?
— Não, ele é todo na dele tímido bonitinho e queria sair com você junto pra ele ver como é divertido sair comigo. Vai por favor, eu imploro. — Luiza cai de joelhos segurando a mão de Martina e a câmera em uma outra, aproveita e tira uma foto da amiga rindo.
— Tá bom, eu vou! — Um riso histérico da loira a assusta e Martina é abraçada com força em seguida.
— Você vai amar esse karaokê!

É sério que a Luiza tinha que escolher a mesa lá na frente do palco? Caralho que vergonha, ela não poderia fechar a cara pra ninguém nem se quisesse, e ela quer e muito. Enrico era um português moreno boa pinta, era até legal e tals mas nossa, como Martina detestava esse sotaque. Sempre que a amiga vinha com papo de “não é verdade Martina?” Ela sorria fraco e pensava consigo mesma “não ser empata-foda uma ova, inferno”. O DJ fez um sinal para avisar que a vez de Luiza tinha chegado,  mas ela não reparou por estar perdida demais nos olhos verdes do portuga, então ele teve que anunciar:
— Agora com vocês, cantando Get Back dos Beatles, Luiza!
— AI MEU DEUS MINHA VEZ! — Luiza saiu de seu lugar rápido e subiu ao palco na mesma velocidade.
— Ela gosta dos saudosos Beatles? Ahh como os amo.
— Ama! — Mentira, Luiza só ouviu aquela música dos Beatles porque estava na playlist que o Enrico dividiu com ela.

Todo o resto da noite foi chata, suas bochechas estavam doendo já de ter que fingir felicidade por estar na boca do palco.
— Acho que vou indo já. — Martina falou enfim arrumando o vestido amarelo com bolinhas brancas e puxando de leve o braço da amiga.
— Não, fica!
— Sério, Luiza já deu pra mim por hoje. Minha bateria social acabou na hora que a voz de taquara rachada assassinou Radio Ga Ga.
— Então tá feio o trem hein, já faz horas que essa aí cantou. Espera eu cantar só mais uma vez, é depois dessa de agora.
— Tá ok então, mas só mais essa e a sua e fui embora. — Luiza cruza os dedos e beija as pontas colocando eles na bochecha de Martina que revira os olhos. Em seguida o DJ anuncia:
— E agora meus amigos, se segurem porque vem um velho conhecido das casas de karaokê de São Paulo, muitos aplausos para ele cantando uma música da da adorada Tetê Espíndola, sua versão de Escrito nas Estrelas do Joaquim! — Seu coração parou, teve certeza que errou algumas batidas. Não seria ele, seria? Como Deus a odeia, era ele. Joaquim entrou no palco sendo ovacionado pela plateia e aos risos começou a música. Que ódio, ele é carismático. Isso fez com que o rosto de Martina ficasse de todos os tons do arco-íris. Enquanto cantava, Joaquim ainda dançava, e ela sem tirar os olhos dele, adorava. Na hora do segundo refrão, logo após tirar sua jaqueta vermelha, ele deu um giro e parou frente a ele. Ele a viu, e seu rosto avermelhou de vergonha, mas como o profissional que era, não parou de cantar, a plateia ainda cantava a música junto. Ela tirou os olhos dos dele e passou uma olhada rápida por ele todo, nada mudou além do fato de seus cachos loiros ficarem maiores e mais caramelos. A música acabou e ela caiu em si. Nada mudou uma ova, esse FDP a abandonou.

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