Capítulo Vinte E Três

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Yasmin Ayala

O despertador toca e eu me arrasto para fora da cama. A luz do sol invade meu quarto, anunciando o início de mais um dia. A rotina matinal é quase automática: escovo os dentes, tomo um banho rápido e me visto. A faculdade me espera, e o tempo não para.

Desço para a cozinha e preparo um café, um ritual que eu já fiz tantas vezes que quase o faço no piloto automático. Enquanto a cafeteira funciona, dou uma olhada no meu celular. Entre notificações de grupos de estudos e atualizações de redes sociais, vejo uma mensagem de Mika.

— Bom dia! Vamos nos encontrar antes da aula? Preciso te contar uma coisa.

Respondo afirmativamente e rapidamente arrumo a bolsa com os livros e cadernos que vou precisar para o dia. Saio do apartamento e sigo em direção ao café onde sempre nos encontramos antes das aulas. É um lugar pequeno e aconchegante, e adoro o fato de termos um cantinho que é só nosso.

Mika já está lá, sentada com um café e um croissant na mesa. Quando me vê, acena animada. Sento-me à sua mesa, e a primeira coisa que ela pergunta é sobre o encontro com Aleksey Markovic e Madison Carter. Sinto um frio na espinha só de lembrar da situação.

— Eu tenho uma história para te contar — começo, pegando meu café e tomando um gole. — O encontro com Aleksey, e a Madison, foi um pesadelo.

Mika me observa com uma mistura de curiosidade e preocupação.

— O que aconteceu?

— Então, eu estava na biblioteca ontem, estudando para as provas. Já era tarde e o lugar estava praticamente vazio. Estava tão focada que nem percebi quando alguém se aproximou. De repente, sinto o peso de uma cadeira ao meu lado e vejo Aleksey Markovic ali, com aquele sorriso nojento.

— Que horror — Mika interrompe, horrorizada. — O que ele queria?

— Era ainda mais estranho do que eu imaginava. Ele não estava sozinho. Madison Carter estava com ele e eles estavam discutindo algo intensamente. Não consegui ouvir exatamente, mas parecia que estava rolando uma negociação ou algo assim. Eu tentei ignorar, mas foi impossível não ouvir um pouco.

— E o que aconteceu depois?

— Aí é que a situação ficou ainda mais absurda. Aleksey me viu e decidiu se aproximar. Começou a falar sobre como precisava de um favor, como sempre. Mas Madison também se virou para mim e disse que eu deveria ficar longe de Aleksey, como se ela estivesse preocupada com meu bem-estar.

— Isso é tão confuso — Mika diz, mexendo no café. — Você acha que ela realmente estava tentando te proteger, ou era só um jogo dela?

— Não faço ideia. O que eu sei é que a situação foi desconfortável. Aleksey disse que estava tentando mudar, mas eu não acredito nisso. E Madison... ela parecia ter suas próprias intenções. Foi uma conversa estranha e, no final, eu só queria sair de lá.

Mika parece preocupada.

— Você tem que tomar cuidado, Yasmin. Aleksey é imprevisível e Madison... bem, a situação dela não parece ser muito melhor.

— Eu sei — respondo, com um suspiro. — O pior é que, mesmo depois de tudo isso, sinto que estou no centro de alguma trama maior. É como se eu fosse uma peça em um jogo que não entendo completamente.

Mika me dá palavras de apoio e um conselho para ficar sempre atenta. Conversamos mais sobre como lidar com essa situação e tentamos encontrar estratégias para me proteger. Ela me lembra para ter cautela e não se expor a riscos desnecessários.

Ao sair do café, sinto um alívio misturado com apreensão. O dia está apenas começando e o caminho até a faculdade está cheio de incertezas. O encontro com Aleksey e Madison ainda paira sobre mim, como uma nuvem que não quer se dissipar. A única certeza que tenho é que preciso ficar alerta e proteger a mim mesma. Com os pensamentos ainda confusos sobre o encontro no café, sigo para o laboratório. Preciso me concentrar nas aulas e, para isso, tento deixar de lado as tensões do dia. O laboratório é um espaço amplo e bem iluminado, com mesas organizadas e equipamentos de última geração. É o lugar onde passamos a maior parte do tempo durante as aulas práticas.

Chego e vejo Aleksey Markovic já à minha espera. Ele é meu colega de classe e geralmente nossa dupla nos experimentos, uma situação que eu nunca pensei que fosse problemática até agora. Aleksey é um rapaz atraente, com um olhar que muitas vezes parece equilibrar uma mistura de doçura e algo mais predatório. Hoje, o olhar dele é ainda mais intenso do que o habitual.

— Oi, Yasmin — ele diz, com um sorriso que, embora amigável, carrega uma carga sutil de malícia. — Como você está?

— Oi, Aleksey — respondo, tentando manter a calma. — Estou bem. E você?

Ele se aproxima, encurtando a distância entre nós, e a atmosfera no laboratório parece mudar. Enquanto organiza seus materiais na mesa, ele me observa com uma intensidade desconfortável.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, tentando desviar o foco da sua presença inquietante.

Ele hesita por um momento, e então, com um movimento sutil, se inclina mais perto de mim. Sinto um frio na espinha quando ele sussurra no meu ouvido, o tom de sua voz baixo e cheio de um charme calculado.

— Eu sei que a nossa conversa na biblioteca foi um pouco... tumultuada — ele começa, seu tom quase melódico. — Mas eu gostaria de propor algo. Dê-me seis meses. Se, após esse tempo, você ainda não estiver convencida de que posso mudar, então você pode me dar um basta, sem ressentimentos.

Sinto meu coração acelerar. O que ele está propondo é um misto de desafio e promessa, uma oferta que parece esconder intenções mais profundas.

— Seis meses? — repito, tentando entender o que ele realmente quer dizer. — E o que você espera conseguir com isso?

Ele levanta a cabeça, os olhos fixos nos meus com uma intensidade que quase me faz desviar o olhar. O sorriso em seus lábios se torna mais enigmático.

— Apenas um chance para mostrar que posso ser alguém que você não apenas tolera, mas que você realmente gosta. Sei que a impressão que deixei não foi das melhores, mas quero provar que posso ser diferente. Que você pode me ver de uma forma nova.

O calor das suas palavras e o seu olhar fazem com que eu me sinta desconfortável. Sei que há algo mais por trás dessa proposta, mas a curiosidade e a insegurança me impedem de simplesmente rejeitar sem considerar as consequências.

— E o que acontece se eu não aceitar essa proposta? — pergunto, a voz um pouco trêmula.

— Nada — ele responde, com um tom calmo e tranquilo. — Mas eu não quero que você sinta que estou forçando nada. É apenas uma oportunidade que eu estou oferecendo, porque acredito que posso mudar a sua percepção sobre mim.

Sua oferta, embora aparentemente inofensiva, deixa uma sensação inquietante no fundo da minha mente. Olho para ele, tentando ler suas intenções, mas a expressão em seu rosto é uma mistura de sinceridade e algo mais, algo que eu não consigo decifrar completamente.

— Vou pensar sobre isso — digo finalmente, minha voz um pouco mais firme. — Mas por agora, vamos nos concentrar no trabalho.

Aleksey assente, um sorriso satisfeito ainda nos lábios. Ele se volta para os materiais da aula, mas o sentimento perturbador que ele deixou pairando no ar continua comigo enquanto começo a preparar os meus próprios equipamentos.

O tempo no laboratório passa de forma rápida, mas a proposta de Aleksey continua martelando na minha mente. O que ele realmente quer com esses seis meses? E por que eu sinto que essa oferta é apenas o começo de algo mais complicado?

Ao final da aula, deixo o laboratório com uma sensação de alívio misturada com apreensão. O encontro com Aleksey e a proposta dele ainda pairam sobre mim, como uma sombra que não desaparece. Preciso encontrar um equilíbrio entre proteger a mim mesma e explorar a verdade por trás das intenções dele. Enquanto caminho de volta para casa, o peso da decisão que tenho pela frente parece mais real do que nunca.

Explosive Obsession [Vol3: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora