Era uma vez uma cama de casal

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A casa do BBB24 estava quieta naquela noite, um silêncio que parecia pesar mais do que em qualquer outra ocasião. Davi, o último a se instalar, já havia apagado as luzes, e a expectativa do fim ia dominar o ambiente. O programa estava prestes a acabar. Amanhã seria o grande dia, e para Isabelle e Matteus, aquela seria sua última noite ali dentro. Mas, apesar da proximidade do final, Isabelle não conseguiu tirar a cabeça que o que mais a angustiava era a incerteza sobre o que aconteceria entre eles lá fora.

Cada canto daquela casa guardava memórias intensas. Desde o início do programa, Isabelle lutava contra seus sentimentos. Inicialmente, seu foco era o jogo, sua determinação inabalável em chegar ao final. O romance era a última coisa que ela queria. Mas Matteus... Matteus tinha algo diferente. Ele a irritou profundamente nos primeiros dias, mas, com o tempo, ela foi percebendo que, por trás daquela fachada simpática e levemente despreocupada, havia alguém que a entendia de uma forma que ninguém mais parecia compreender.

Isabelle andava pelo quarto, quase sem barulho, ainda digerindo a sensação de que aquela rotina estava prestes a acabar. O silêncio ecoava em seus pensamentos, junto com uma melancolia crescente. Parecia irreal que, depois de meses confinados ali, tudo estivesse prestes a mudar. Ela olhou para a cama de casal à sua frente. Gostava dali, pois uma vez, ao dormir, sonhou com seu pai. Mas um vago pensamento ecoou em sua mente, imaginando-se dormindo junto com Matteus. Por mais próximo que eles tenham ficado, a cama permanece uma metáfora da barreira entre eles, que não poderia ser ultrapassada.

Seu coração estava apertado. Cada lembrança, desde as brigas no início até o beijo intenso e cheio de química na última festa, invadia sua mente. Todos aqueles momentos juntos, bons e ruínas, estavam prestes a virar história. Será que, naquela casa, eles seriam capazes de manter o que tinham construído ali dentro? Essa pergunta a assombrava, mas ela ainda não conseguiu encontrar as palavras para externá-la.

Isabelle continuou caminhando pelo quarto, seus passos lentos e quase imperceptíveis, como se o chão pudesse quebrar sob o peso de seus pensamentos. Era uma noite como qualquer outra, mas a atmosfera estava transmitida de sentimentos não ditos, de promessas silenciosas e do desconhecido que viria depois. Cada detalhe da casa parecia amplificado pelo silêncio. O armário que sempre compartilhavam, as roupas espalhadas pelo chão — sinais de uma convivência que, em breve, seria apenas lembrança.

Ela parou novamente ao lado da cama do casal, que muitas vezes houve um ponto de tensão entre eles. Isabelle nunca tinha dormido ao lado de Matteus, pelo menos não ali. Em todas as noites, ela se mantinha firme em sua decisão de preservar aquele limite, de não deixar que a confusão de sentimentos interferisse no jogo. Mas agora, com o fim tão próximo, esse limite parecia uma formalidade. Algo que, talvez, eles devessem ter quebrado muito antes.

Seus dedos tocaram o tecido macio dos lençóis, e, por um momento, ela se viu imaginando o que seria deitar-se ali com ele, sentir a presença dele mais próximo do que já havia permitido. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela fechou os olhos por um instante, tentando afastar os pensamentos. Mas era impossível. O que antes parecia tão simples — a barreira entre o desejo e a realidade — agora se tornará um desafio quase insuportável.

Matteus, do outro lado do quarto, estava deitado de costas, com os braços atrás da cabeça, olhando para o teto. A expressão em seu rosto era serena, mas Isabelle sabia que ele também estava processando tudo o que estava prestes a acontecer. Ele sempre foi do tipo que escondia bem suas emoções, como se a calma exterior fosse uma máscara para tudo o que sentia por dentro. Mas naquela noite, havia algo diferente nele. Uma tensão sutil, quase imperceptível, que Isabelle percebe.

Por semanas, eles dançaram em torno de um do outro, ora se aproximando, ora se afastando, como se tivessem medo de que a conexão entre eles pudesse significar mais do que estavam dispostos a lidar. No começo, ela o encontrou perturbador, até arrogante. Mas, com o tempo, foi impossível ignorar o lado sensível e gentil de Matteus, que se revelava em pequenos gestos, nos momentos em que ele a escutava de verdade, nas conversas durante a madrugada, quando a casa já dormia.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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