O Prédio Abandonado

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Isabella, Yan e Yumi eram inseparáveis. Amigos de longa data, compartilhavam uma paixão peculiar: explorar lugares abandonados e assustadores. Com suas câmeras em mãos, eles haviam criado um canal no YouTube onde postavam suas descobertas macabras, mas naquela noite, estavam prestes a entrar em território desconhecido, onde a linha entre a realidade e o pesadelo seria tênue demais para confortá-los.

Era uma sexta-feira à noite, e as ruas da cidade estavam vazias. O céu escuro parecia pesar sobre seus ombros enquanto eles caminhavam em direção ao prédio abandonado que Yan havia descoberto semanas antes. Ele não parava de falar sobre o lugar desde então, convencido de que seria a melhor locação para o próximo vídeo — ou melhor, para a próxima live.

"Esse lugar tem uma história bizarra," disse Yan, enquanto eles seguiam pela rua deserta. "Ouvi dizer que já teve rituais aqui. Ninguém sabe direito o que aconteceu, mas o prédio foi abandonado às pressas."

"O que me preocupa é que ninguém nunca mais voltou lá," comentou Yumi, com uma voz que traía sua inquietação. Isabella, a líder do grupo e a primeira a segurar a câmera naquela noite, respirou fundo antes de abrir a live no celular. "Vamos fazer isso," disse ela, tentando soar confiante. A verdade era que, mesmo acostumada a esses lugares, algo sobre aquele prédio a deixava desconfortável. Talvez fosse o silêncio pesado ao redor, ou as sombras que pareciam se mover por conta própria nas esquinas.

Quando a live começou, o número de espectadores subiu rapidamente. Isabella sorriu ao ver os números disparando. "Estamos ao vivo, pessoal," anunciou, a câmera focada em seu rosto por um momento antes de virar para o prédio à frente. "Hoje, vamos explorar um dos lugares mais sinistros que já visitamos. Dizem que esse prédio foi palco de rituais obscuros e que os antigos moradores desapareceram sem deixar vestígios."

Os comentários começaram a pipocar na tela, com espectadores incentivando o grupo a seguir em frente. O prédio era uma figura imponente na escuridão, com suas janelas quebradas e portas escancaradas, como se esperasse pela chegada deles. Mesmo de longe, era possível sentir a decadência que consumia o lugar, mas a fachada intacta, em contraste com as casas abandonadas ao redor, dava ao edifício uma aura quase surreal.

"Vamos entrar," disse Isabella, e juntos, eles atravessaram a entrada principal. A câmera capturava cada detalhe — desde o chão empoeirado até os móveis deixados para trás pelos antigos moradores. Ao contrário do que esperavam, o interior da casa era surpreendentemente moderno. Sofás de couro, uma TV de tela plana e eletrodomésticos que pareciam relativamente novos preenchiam os espaços.

"Isso é estranho," comentou Yan, correndo os dedos por uma estante de livros. "Tudo aqui parece tão... novo. Como se alguém tivesse saído ontem."

"Mas o cheiro... é como se o tempo tivesse parado," murmurou Yumi, observando as paredes que pareciam sussurrar segredos antigos. "Algo não está certo aqui."

Enquanto exploravam os corredores do prédio, os comentários na live ficavam cada vez mais empolgados, com os espectadores pedindo para verem os quartos e o porão, que, segundo as lendas, era onde os rituais haviam ocorrido. À medida que avançavam, a tensão no ar parecia crescer, assim como a audiência que assistia a cada movimento deles com atenção.

Isabella liderava o grupo, sentindo a ansiedade aumentar a cada passo. O silêncio dentro do prédio era perturbador, como se o próprio edifício os estivesse observando. Ao entrarem em um dos apartamentos, encontraram móveis cobertos por lençóis brancos, como fantasmas adormecidos. Em cima de uma mesa, um caderno estava aberto, suas páginas amarelas pelo tempo.

"Vejam isso," sussurrou Isabella, aproximando-se do caderno. As páginas estavam cheias de anotações incompreensíveis, símbolos estranhos que pareciam dançar na luz fraca da lanterna. Antes que pudessem discutir o significado daquilo, um barulho ecoou pelo corredor. Algo ou alguém estava se movendo lá fora. Isabella apontou a câmera na direção do som, seu coração batendo mais rápido. A live estava a todo vapor, com milhares de pessoas assistindo ao mesmo tempo.

"Tem alguém aqui?" perguntou Yan, sua voz reverberando pelas paredes vazias. De repente, as luzes do prédio piscaram, lançando sombras bizarras nas paredes, e a porta do apartamento se fechou com um estrondo ensurdecedor, deixando-os presos no que parecia ser o início de um pesadelo sem fim.

O Edifício da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora