O Edifício da Escuridão

A Queda de Yan

O silêncio opressor do prédio parecia sufocar cada um dos sentidos de Isabella, Yumi e Yan. Os três amigos andavam apressadamente pelos corredores mal iluminados, seus corações batendo em sincronia com o medo crescente. A câmera, ainda transmitindo ao vivo, capturava cada momento tenso, cada respiração ofegante. O número de espectadores continuava a aumentar, mas, dessa vez, os comentários eram misturados entre pedidos desesperados para que saíssem dali e mensagens de puro terror.

"Temos que sair," murmurou Yumi, olhando para trás constantemente, como se temesse que algo os seguisse. "Esse lugar está nos matando."

"Mas como?" perguntou Yan, a voz carregada de desespero. "Cada vez que tentamos sair, parece que voltamos ao mesmo lugar."

Isabella não respondeu. Algo dentro dela sabia que não seria tão simples escapar. O prédio os havia atraído, prendido e agora começava a devorá-los, lentamente, como uma fera faminta. Mas antes que pudesse articular qualquer pensamento, um ruído estranho ecoou pelos corredores.

"Vocês ouviram isso?" Yan sussurrou, parando de repente. Seu olhar se fixou em um canto escuro do corredor à frente, onde as sombras pareciam se agitar, como se algo se movesse ali. Yumi e Isabella pararam ao seu lado, tentando entender o que estavam vendo.

Foi então que as sombras se separaram, revelando uma criatura que não deveria existir fora dos pesadelos mais sombrios. Seu corpo era uma massa disforme de carne e ossos, coberto por uma pele pálida e pulsante. Olhos vazios e sem vida se fixaram no grupo, enquanto garras afiadas arranhavam o chão imundo. A criatura parecia não ter boca, mas emitia um som de arrepiar, como um grito abafado e distante.

Yumi soltou um grito sufocado, agarrando o braço de Isabella com força. "O que... o que é isso?"

Antes que alguém pudesse reagir, a criatura avançou com uma velocidade impossível para seu tamanho, agarrando Yan pela perna. Ele gritou em pânico, tentando se soltar, mas as garras da criatura se cravaram profundamente em sua carne, arrastando-o pelo chão. O terror estampado em seu rosto era insuportável, e Isabella e Yumi congelaram, incapazes de fazer qualquer coisa para ajudá-lo.

"YAN!" gritou Isabella, finalmente saindo do transe. Ela correu em direção a ele, mas a criatura já o puxava para dentro de uma abertura na parede, uma fenda que parecia ter surgido do nada.

"ME AJUDEM!" Yan implorou, seus dedos arranhando o chão enquanto era arrastado para a escuridão. Suas unhas se quebravam sob o esforço desesperado, mas a criatura era implacável. Isabella e Yumi se jogaram em direção a ele, tentando agarrar seus braços, mas a força que puxava Yan era incompreensível, como se o próprio prédio estivesse determinado a levá-lo.

Com um puxão final, Yan foi arrancado de suas mãos, desaparecendo na escuridão da fenda. A abertura se fechou com um som surdo, deixando Isabella e Yumi caídas no chão, sem fôlego e em estado de choque.

A câmera, caída ao lado de Isabella, capturou os gritos e o desespero de Yan até o último momento. Os comentários na live explodiram, alguns espectadores acreditando que tudo fazia parte de uma encenação, enquanto outros estavam aterrorizados com o que haviam acabado de testemunhar.

"Ele... ele se foi," sussurrou Yumi, as lágrimas escorrendo por seu rosto. "Nós não conseguimos... ele se foi."

Mas Yan não estava morto. Não ainda.

A escuridão o envolveu por completo, sua mente inundada por uma dor excruciante enquanto era arrastado pelas profundezas do prédio. Ele tentou gritar, mas a criatura parecia ter roubado sua voz. Tudo ao seu redor era um borrão de sombras e dor. As garras da criatura se cravavam cada vez mais fundo em sua carne, e ele sentia como se sua vida estivesse sendo drenada a cada segundo que passava.

Finalmente, a criatura o largou em um espaço escuro e úmido. Yan estava deitado de costas, incapaz de se mover. Sua visão estava turva, e tudo que conseguia sentir era a dor lancinante que consumia seu corpo.

Mas então, ele percebeu que não estava sozinho. Formas começaram a se materializar ao seu redor, figuras sombrias que pareciam se erguer das paredes e do chão. Eram os espíritos dos antigos moradores, suas formas mutiladas e marcadas pelos rituais que os aprisionaram ali.

Yan tentou se levantar, mas seu corpo não respondia. Ele sentia o frio das mãos espectrais tocarem sua pele, sentindo uma dor inimaginável a cada contato. As figuras começaram a sussurrar em sua mente, palavras de desespero e sofrimento que o fizeram querer gritar.

"Você vai sofrer como nós," uma voz murmurou em sua mente. "Você vai sentir o que sentimos... até o fim."

E então, a tortura começou. A cada toque, Yan sentia sua vida ser drenada, cada instante trazendo mais dor do que o anterior. Era como se estivesse sendo despedaçado de dentro para fora, mas sem a libertação da morte. A escuridão ao seu redor parecia se alimentar de seu sofrimento, e ele soube que não havia escapatória. Ele estava preso naquele pesadelo, condenado a sofrer até a última gota de sua humanidade ser consumida.

No prédio, Isabella e Yumi tentavam desesperadamente encontrar uma saída, mas o pavor de perder Yan e a culpa pelo que havia acontecido tornavam cada movimento um esforço monumental. Isabella segurava a câmera com mãos trêmulas, e o som de sua respiração pesada enchia o ar.

Eles não sabiam que Yan estava vivo. Não sabiam que ele estava sendo torturado pela própria essência do prédio, uma punição terrível por sua curiosidade. E enquanto lutavam para se manter sãos, a criatura nas sombras observava, aguardando o momento certo para reivindicar sua próxima vítima.