Revelações Sombrias

0 0 0
                                    

"Vocês não deviam estar aqui..."

A voz ecoou pelas paredes cobertas de espelhos, reverberando na escuridão da sala. Isabella, Yan e Yumi congelaram, sentindo o frio do terror percorrer suas veias. Isabella olhou para a câmera, vendo a expressão assustada refletida nos espelhos ao redor. Ela sabia que a audiência estava tão presa àquela atmosfera quanto eles.

Yan, tentando controlar o pânico, segurou o braço de Isabella. "Isabela, temos que sair daqui. Agora."

Mas Isabella estava hipnotizada pelo livro antigo no pedestal. Algo sobre aquele objeto a atraía, como se fosse uma chave para desvendar os segredos do prédio. E, contra seu instinto, ela se aproximou, ignorando os protestos de seus amigos.

"Isabella, o que você está fazendo?" sussurrou Yumi, olhando nervosamente para os espelhos, como se esperasse ver algo horrível refletido neles a qualquer momento.

"Precisamos entender o que está acontecendo aqui," respondeu Isabella, sua voz tremendo de emoção. Ela estendeu a mão para o livro, sentindo uma energia pulsante em suas páginas, quase como se ele estivesse vivo.

Quando tocou o couro envelhecido, a sala pareceu estremecer, e as chamas das velas se elevaram por um momento antes de se aquietarem. Isabella abriu o livro lentamente, revelando páginas amareladas e cobertas de símbolos estranhos e indecifráveis. No entanto, conforme seus olhos percorriam o texto, as palavras começaram a se formar em sua mente, como se uma força invisível estivesse traduzindo o conteúdo para ela.

"O que está escrito aí?" perguntou Yan, tentando ver por cima do ombro de Isabella.

Isabella começou a ler em voz alta, sua voz baixa e carregada de tensão. "Este prédio... foi construído sobre terreno amaldiçoado. Os rituais... foram feitos para aprisionar algo... algo terrível."

A cada palavra que pronunciava, a sala parecia ficar mais fria, e os espelhos ao redor começaram a vibrar, emitindo um som baixo e agudo. Yumi olhou para a câmera, vendo os comentários explodirem de curiosidade e medo. A audiência estava fascinada e horrorizada ao mesmo tempo.

"O que você quer dizer com aprisionar algo?" perguntou Yumi, a voz trêmula.

Isabella folheou as páginas rapidamente, seus olhos arregalados enquanto absorvia a informação. "Os moradores do prédio... eles não desapareceram. Eles foram... sacrificados." Sua voz falhou, e ela engoliu em seco antes de continuar. "Eles se tornaram parte de um ritual... para conter uma entidade antiga, algo que nunca deveria ter sido despertado."

Yan deu um passo para trás, o horror crescendo em seu rosto. "Você está dizendo que eles sacrificaram pessoas... para conter uma criatura? Isso é loucura!"

"Mais do que loucura," sussurrou Isabella. "É real. E nós... nós liberamos essa entidade ao entrar aqui."

Antes que pudessem processar o que Isabella havia dito, os espelhos ao redor deles começaram a se distorcer, as imagens refletidas se deformando em figuras grotescas. As luzes das velas piscaram violentamente, lançando sombras assustadoras que pareciam dançar na escuridão.

Yumi gritou quando viu algo emergir do reflexo em um dos espelhos. Era uma figura esquelética, seus olhos vazios e sua boca aberta em um grito silencioso. Ela estendeu a mão ossuda para o grupo, como se quisesse arrastá-los para dentro do espelho.

"Precisamos sair daqui!" gritou Yan, puxando Isabella para longe do pedestal. Mas o livro parecia colado às mãos dela, como se não quisesse ser abandonado.

"Eu... eu não consigo soltar!" gritou Isabella, sua voz cheia de pânico. Ela puxava o livro com todas as forças, mas ele parecia preso a ela, como se uma força invisível estivesse tentando puxá-la para dentro do próprio objeto.

Os comentários na live estavam em frenesi, com os espectadores mandando mensagens de alerta e pedidos para que eles corressem. Mas não havia para onde correr. A sala estava viva, pulsando com uma energia malévola que parecia se alimentar de seu medo.

De repente, as velas se apagaram todas de uma vez, mergulhando a sala em uma escuridão absoluta. Os únicos sons eram os suspiros apavorados do grupo e o som sinistro do livro se abrindo sozinho nas mãos de Isabella. Quando as luzes retornaram, fracas e vacilantes, eles perceberam que não estavam mais sozinhos.

Figuras espectrais começaram a emergir dos espelhos, cada uma delas carregando as marcas dos horrores que haviam sofrido. Seus corpos estavam cobertos de cicatrizes, cortes profundos e símbolos gravados em sua pele. Eles se aproximavam lentamente, como se fossem atraídos pelo livro que Isabella segurava.

"São eles," sussurrou Yumi, os olhos cheios de lágrimas. "Os antigos moradores do prédio... eles estão presos aqui."

Uma das figuras, uma mulher de longos cabelos desgrenhados, se aproximou de Isabella, estendendo uma mão para ela. Seus olhos estavam vazios, mas transmitiam uma dor imensa e interminável.

"Ajudem-nos..." murmurou a mulher, sua voz ecoando no fundo da mente de Isabella. "Por favor... não podemos descansar..."

Isabella sentiu uma onda de empatia e medo ao mesmo tempo. Ela sabia que aqueles espíritos estavam presos em um ciclo interminável de sofrimento, forçados a vagar por aquele lugar amaldiçoado. E agora, ela e seus amigos estavam no meio disso tudo.

Mas antes que ela pudesse responder, uma força invisível puxou o livro de suas mãos, lançando-o ao chão. As velas se acenderam novamente com um brilho intenso, e as figuras espectrais desapareceram como se nunca tivessem estado ali. A sala ficou em silêncio, exceto pelo som de suas respirações aceleradas.

"Isso... isso foi real?" perguntou Yan, com a voz tremendo.

"Foi real," respondeu Isabella, olhando para o livro caído no chão. "E não estamos mais seguros aqui."

Enquanto eles se afastavam da sala, deixando para trás o livro amaldiçoado, sabiam que o prédio guardava ainda mais segredos sombrios. Segredos que, em breve, seriam revelados, quer estivessem prontos ou não.

Mas uma coisa era certa: o pesadelo estava longe de terminar.

O Edifício da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora