Ecos do Passado

0 0 0
                                    

A batida na porta do armário parou tão repentinamente quanto começou. Um silêncio mortal caiu sobre o prédio, quebrado apenas pelo som de suas respirações entrecortadas. Nenhum deles ousava se mover, com medo de que o menor ruído pudesse atrair o que quer que estivesse lá fora.

Após o que pareceu uma eternidade, Yan sinalizou silenciosamente para que saíssem do armário. Isabella hesitou, mas sabia que não podiam ficar ali para sempre. Com o coração acelerado, eles abriram a porta lentamente, espiando o corredor deserto.

"Precisamos continuar, descobrir o que está acontecendo aqui," sussurrou Yan, tentando manter a calma. "Talvez haja outra saída em algum lugar."

"Ou, pelo menos, algum lugar seguro para se esconder," acrescentou Yumi, ainda abalada pelo que tinham ouvido.

Eles começaram a explorar o andar, movendo-se com cuidado e mantendo-se juntos. O prédio parecia mais sinistro do que antes, como se estivesse mudando de propósito, tentando desorientá-los. As paredes pareciam mais apertadas, os corredores mais longos, e a escuridão, mais densa.

Chegaram a uma sala ampla que outrora parecia ser um salão de festas. Lustres pendiam do teto, agora cobertos de poeira e teias de aranha. As mesas estavam postas como se aguardassem convidados que nunca chegariam, e um palco ao fundo parecia pronto para uma apresentação de horror.

"Esse lugar está ficando cada vez mais bizarro," murmurou Yumi, enquanto exploravam a sala. "É como se o tempo tivesse parado aqui."

Isabella apontou a câmera para um dos cantos da sala, onde um antigo piano estava coberto por um lençol branco. Ela se aproximou lentamente, sentindo uma estranha atração pelo instrumento. Quando levantou o lençol, viu que as teclas estavam amareladas pelo tempo, mas ainda intactas.

"Será que ainda funciona?" perguntou Yan, tentando aliviar a tensão.

Antes que Isabella pudesse responder, uma das teclas afundou sozinha, emitindo um som dissonante que reverberou por toda a sala. Eles recuaram instantaneamente, sentindo uma onda de medo os envolver.

"Isso não pode estar acontecendo..." sussurrou Yumi, seus olhos fixos no piano.

De repente, uma melodia suave e triste começou a tocar, aparentemente sozinha. As notas ecoavam pelo salão, trazendo com elas uma sensação de melancolia e desespero. Yan tentou se aproximar do piano, mas foi detido por Isabella.

"Não toque nele," ela advertiu, com uma voz trêmula. "Isso é algum tipo de armadilha."

Antes que pudessem decidir o que fazer, as paredes da sala começaram a tremer, como se o prédio estivesse se movendo. O chão sob seus pés vibrava, e eles mal conseguiram se manter em pé.

A melodia do piano se intensificou, tornando-se cada vez mais distorcida, como se o próprio instrumento estivesse gritando em agonia. E então, com um estrondo ensurdecedor, o chão cedeu sob eles, jogando-os em um abismo escuro.

Caíram por um tempo que pareceu interminável, até que, finalmente, aterrissaram com um baque em um chão duro e frio. Isabella sentiu uma dor aguda no braço, mas não havia tempo para pensar nisso. Ao olhar ao redor, viu que estavam em um novo nível do prédio, um que não haviam visto antes.

"Onde estamos agora?" perguntou Yumi, a voz trêmula de medo.

Eles estavam em um porão escuro, iluminado apenas pela luz fraca da câmera de Isabella. As paredes estavam cobertas de umidade, e o cheiro de mofo e algo mais pungente enchia o ar.

Yan se levantou, tentando entender onde estavam. "Devemos estar no porão... mas parece maior do que o prédio em si."

Isabella se aproximou de uma das paredes, onde algo estava gravado. Ela passou a câmera por cima e viu símbolos estranhos e antigos, semelhantes aos que tinham encontrado no caderno do apartamento. Mas esses símbolos pareciam mais intensos, quase pulsantes com uma energia sombria.

"Isso não é normal," disse Isabella, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. "Estamos em um lugar que não deveria existir."

De repente, uma porta pesada no final do corredor começou a ranger, abrindo-se lentamente. Uma luz fraca e doentia escapava de dentro, iluminando o caminho à frente.

"Temos que sair daqui," disse Yan, mas Isabella, contra seu próprio bom senso, se viu atraída pela porta. Algo dentro dela dizia que as respostas estavam ali, que a chave para sair daquele pesadelo estava além daquela porta.

"Vamos," disse ela, com uma determinação que surpreendeu os outros dois. "Precisamos descobrir o que está acontecendo aqui."

Eles seguiram em direção à porta, o medo crescendo a cada passo. O corredor parecia se estender indefinidamente, como se o prédio estivesse brincando com suas mentes. E quando finalmente chegaram à entrada, hesitaram.

Dentro, a sala estava cheia de espelhos, cada um refletindo não só suas imagens, mas algo mais sombrio, algo que parecia observar cada movimento deles. No centro da sala, um círculo de velas queimava, iluminando um livro antigo e encadernado em couro, colocado em um pedestal de pedra.

"Esse é o livro que vimos nas anotações," disse Yumi, com um tom de horror. "Estamos no centro de tudo isso."

Isabella estendeu a mão para o livro, mas antes que pudesse tocá-lo, uma voz profunda e ameaçadora ecoou pela sala, fazendo as velas tremeluzirem.

"Vocês não deviam estar aqui..."

O Edifício da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora