Olimpíadas de Paris 2024 - Marina

Capítulo quatro

Enquanto Maya e Carina dirigiam de volta para casa, o silêncio no carro era preenchido apenas pelo som suave do motor e a respiração ritmada de Liam, que dormia profundamente em sua cadeirinha. Maya mantinha os olhos na estrada mas sua mente estava cheia de pensamentos e preocupações. A reunião com a equipe tinha sido produtiva e ela sentia que estava em boas mãos mas o medo do que poderia acontecer a atormentava.

Carina sentada ao lado dela observava a paisagem passar pela janela, mas também estava imersa em seus pensamentos, ela estava orgulhosa de Maya admirava a força e a determinação da esposa mas não podia deixar de sentir uma ponta de preocupação, a última vez que Maya havia se dedicado a uma competição dessa magnitude as coisas tinham saído do controle e Carina temia que isso pudesse acontecer novamente.

Quando chegaram em casa, Maya desligou o carro e respirou fundo antes de sair.

– Vamos colocar o pequeno no berço – ela falou suavemente tentando afastar as preocupações que pesavam sobre seus ombros.

Carina concordou com um aceno de cabeça e juntas, elas retiraram Liam da cadeirinha com cuidado para não acordar ele que se remexeu um pouco mas permaneceu adormecido enquanto Carina o carregava até o quarto.

Ela colocou ele delicadamente no berço ajeitando o cobertor em volta dele e depois ficou ali por um momento observando o rostinho sereno do filho, Maya se aproximou e colocou uma mão no ombro de Carina.

– Ele está tão tranquilo – ela sussurrou admirando a cena. – Ele tem sorte de ter uma mãe como você.

Carina sorriu mas havia uma sombra de preocupação em seus olhos, ela se virou para Maya e tocou seu rosto com carinho.

– E ele tem sorte de ter uma mãe como você também – Carina respondeu suavemente.

Elas saíram do quarto de Liam em silêncio fechando a porta com cuidado, ao chegarem na sala, Carina se sentou no sofá e fez um gesto para que Maya se juntasse a ela e sem hesitar Maya se aconchegou ao lado da esposa, sentindo o calor familiar do corpo dela. Por um momento elas ficaram em silêncio apenas aproveitando a presença uma da outra, Carina passou a mão pelos cabelos de Maya que fechou os olhos, relaxando contra ela.

– Você está bem? – Carina perguntou finalmente sua voz cheia de preocupação.

Maya abriu os olhos e olhou para Carina seus dedos traçando pequenos círculos no braço da esposa.

– Estou... bem – ela respondeu mas Carina pôde perceber a hesitação na voz dela.

– Mas? – Carina incentivou sabendo que havia mais por trás da resposta e Maya suspirou e olhou para o teto, como se estivesse buscando forças.

– Eu só... não quero voltar para aquele lugar – ela admitiu a voz quase um sussurro. – A pressão, o medo de falhar... eu não quero que isso me consuma novamente.

Carina puxou Maya para mais perto abraçando ela firmemente.

– Você não está sozinha desta vez – ela disse com convicção. – Tem uma equipe inteira ao seu lado, e eu vou estar com você a cada passo e se em algum momento ficar demais nós vamos parar, sua saúde e bem-estar são o mais importante.

Maya assentiu sentindo as lágrimas começarem a se formar nos olhos.

– Obrigada, Carina – ela disse com a voz embargada. – Eu realmente preciso de você ao meu lado.

– Eu sempre estarei bambina – Carina respondeu beijando a testa de Maya. – Nós estamos nessa juntos.

Maya sorriu e descansou a cabeça no ombro de Carina, se sentindo um pouco mais leve, ela deslizou a mão até a barriga de Carina fazendo um carinho suave.