Capítulo dois

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Naquela tarde, Carina sorria tirando pela terceira vez a bisnaga de pomada contra assaduras da mão de Liam. Vestir ele após o banho se tornava cada vez mais desafiador porque, além das pernas imparáveis, suas pequenas mãos alcançavam o máximo de coisas possíveis, levando imediatamente para a boca. Ela terminava de ajeitar sua fralda, deixando um beijo na sua coxa gordinha enquanto pensava em Maya. Ela sabia que se fosse há um tempo atrás, a esposa jamais hesitaria em aceitar uma oportunidade de mais uma Olimpíada; a sua versão "olhos para a frente" teria agarrado imediatamente, sem pensar nas consequências.

Mas essa nova Maya tinha medo, um medo que Carina também compartilhava. Ela sentia um arrepio em todo seu corpo só de pensar numa recaída, mas queria confiar na esposa e queria que ela vivesse essa experiência no esporte como deve ser, sem um pai agindo como mentor abusivo por trás.

— Ah, não, eu não acredito que esse body já não te serve mais — ela resmungou quando tentou fechar os botões entre as pernas do bebê. — Eu comprei isso há um mês, Liam, você só tem cinco meses, precisa parar de crescer tão rápido — ela falou tirando o bebê do trocador e indo até a cômoda procurar uma nova peça. 

Ela tirou o body branco com dinossauros em tons de verde, que era um pouco maior que a peça anterior, e sabia que iria servir e combinar com a jardineira e com o tema "Liam-saurus Rex" que Maya tinha escolhido para comemorar o quinto mês do bebê. Carina inicialmente achou uma péssima ideia, além de sem sentido comemorar meses, mas Maya a convenceu que elas esperaram tanto por um bebê que seria um crime não comemorar a vida dele todo mês, além de ser uma grande oportunidade de reunir os amigos em casa.

Assim que chegaram na área externa, ela já ouvia a risada de Maya seguida pela de Andy, que era sempre a primeira a chegar nos eventos.

— Meu Deus, você está enorme — Andy falou pegando ele no colo e levantando ele pro alto, arrancando uma risada babada.

— Você viu ele na semana passada, Herrera — Maya provocou.

— Bebês crescem muito em uma semana, caso você não saiba — ela revirou os olhos, voltando a brincar com o bebê.

Maya puxou Carina pela cintura para perto dela, a abraçando e deixando um beijo no seu ombro.

— Você tá cheirosa — ela falou.

— Tô com cheiro de talco para bebês e pomada de assadura — ela respondeu, fazendo Maya rir.

— Quem vem do hospital? — Maya perguntou.

— A Jo estava de plantão cedo, então disse que conseguiria vir. A Bailey é certeza e talvez a Teddy.

— Você não acha que temos pouca comida? — Maya perguntou preocupada. — Tem algumas crianças, né?

— Crianças que não comem quase nada, bambina — Carina riu, dando um beijo nela, mas logo foi interrompida pela campainha.

— Deixa que eu vou — Maya falou, correndo até a porta de entrada de casa, onde viu Ross e Sullivan parados e Jack saindo do carro.

— A gente combinou, hein, chefe — Jack brincou. — Não estou atrasado sozinho então. Aprendi o ditado do meu amigo Robert Sullivan: "Se você chegou cedo tá na hora e se chegou na hora tá atrasado".— Usar meus argumentos contra mim é golpe baixo — Sullivan riu e Maya observou que ele estava com uma caixa grande de presente nas mãos.

— Eu disse que não precisava de presente — ela falou. — Não é bem uma festa, é mais uma confraternização.

— Eu faço questão — ele disse, entregando para ela a caixa. — Natasha que escolheu, eu queria trazer um grande caminhão de bombeiro com luzes e som, mas ela disse que não é nada educativo e que bebês precisam de brinquedos que estimulem.

Olimpíadas de Paris 2024 - MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora