01

9 2 0
                                    

Enviar mensagens para uma pessoa sem a mínima possibilidade de que ela possa responder ou sequer lê, parece loucura, não é? Mas é isso que faço quase todos os dias - ou de fato todos os dias, apenas estou tentando não parecer obcecada enquanto falo sobre isso.

De alguma forma, tento tornar isso reconfortante para mim, afinal, posso digitar o que eu quiser e sei que isso jamais sairá do chat, algumas histórias ou confissões da qual não poderiam ser ditas abertamente.

 No final me sinto bem com isso, é como conversar com aquele amigo que você não tem ideia de quando ele irá aparecer para responder, e voltar a sumir novamente. Ou como estar vivendo algo que não existe.

Seria como.. uma zona de conforto? Um diário? Eu realmente não sei, mas tem sido legal.

E mais uma vez aqui estou eu, exatamente à meia-noite, deitada de bruços em minha cama com o laptop ligado à minha frente e pensando em qual será a próxima mensagem que irei enviar a ele.

Até que minhas mãos instantaneamente movem-se sobre o teclado e começo a escrever minha mensagem. inicialmente algumas palavras que não fazem sentido, mas então apaguei tudo e reescrevi reformulando todo o texto. 

"Ei, mais uma semana que se inicia! Como você está? Sei que em uma das minhas mensagens solitárias em prometi enviar sempre mensagens, mas nem sempre tem o que dizer. Quero dizer, não é como se enviar ou não fizesse diferença. Certo?"

Suspiro profundamente enquanto mantenho meus olhos fixos na mensagem enviada, lendo e relendo algumas vezes e pensando em o que mais posso dizer, hoje não foi um dia animado e então não há nada emocionante a relatar.

"E só. Espero que tenha um ótimo sono, boa noite!"

Mensagem enviada, 00:00.

E com isso, abaixo a tela do aparelho desligando-o e coloco ele sobre o pequeno armário ao lado da cama. Alguns minutos foram o suficiente para que minhas pálpebras pesassem e o sono me atingisse.

Meia-noiteWhere stories live. Discover now